Carteiros dos Correios de Resende permanecem em greve

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RESENDE

Em assembleia realizada na manhã desta terça-feira, dia 26, os carteiros da Agência dos Correios de Resende, deliberaram pela manutenção da greve, deflagrada desde o dia 5 de junho, com a exigência de melhores condições de trabalho na unidade, principalmente com a contratação de mais funcionários. O Centro de Distribuição Domiciliar dos Correios de Resende conta com 22 profissionais para atender a demanda de entrega de correspondências e encomendas de sedex nos municípios de Resende, Itatiaia e Porto Real, abrangendo unidades industriais e zona rural.

Os carteiros reclamam de estrutura precária, como repartições de trabalho reduzida diante da demanda de postagens recebidas; veículos precários, inclusive as bicicletas, além da escassa mão de obra. Segundo a categoria, fatos que tem reflexo direto na qualidade do serviço prestado ao cidadão: correspondências acumuladas e lentidão nas entregas. “Lutamos por nossa dignidade. É desumano o volume de correspondências para poucos carteiros, quem sofre é a população que tem correspondências atrasadas e ainda nos culpam, nos hostilizam nas ruas. Os Correios devem ampliar a unidade de Resende e contratar mais profissionais. A unidade precisaria ao menos de 49 carteiros, ao todo, pois hoje são apenas 22. Essa é a nossa luta, nossa causa e pauta principal de reivindicação. Estamos em greve e queremos retornar ao trabalho, mas a empresa nega o abono total dos dias parados e não cumpre a promessa de enviar novos profissionais para nos auxiliar nas entregas”, afirmou um dos carteiros em greve, ao A VOZ DA CIDADE, optando em não se identificar temendo perseguição pela direção da empresa.

A decisão de prorrogar a greve na assembleia desta terça-feira, 26, ocorreu principalmente após o descumprimento da direção dos Correios, que pela segunda vez não enviou trabalhadores temporários para a agência de Resende. A situação é acompanhada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares do Rio de Janeiro (Sintect-RJ), lembrando que no dia 13 a categoria realizou assembleia deliberando pela greve, projetando retorno no dia 18, prazo que esperavam o abono total dos dias paralisados e a chegada de ao menos nove profissionais contratados.  No dia 18, a situação não foi alterada e em nova assembleia os carteiros prorrogaram a greve até esta terça-feira, dia 26, quando novamente constaram a inércia nas ações da direção dos Correios. Agora, a greve foi prorrogada até o dia 3 de julho quando nova assembleia será realizada e neste prazo um ato público deve ser organizado em Resende. “Infelizmente não exite avanço algum entre as promessas realizadas pela direção dos Correios para a unidade de Resende. O Sintect está acompanhando a situação, a categoria pretende retornar ao trabalho, pede o abono integral dos dias parados e a chegada dos MOTs – Mão de Obra Temporária. A empresa ofereceu 50% do abatimento dos dias parados e não enviou os trabalhadores. Portanto, em nova assembleia os carteiros decidiram manter a greve até o dia 3 quando nova assembleia acontecerá. Não está descartada a realização de ato público”, informa o diretor do Sintect-RJ na região Sul Fluminense, Esmeralci Silva.

CORRESPONDÊNCIAS PARALISADAS

Enquanto a greve dos carteiros persiste só faz crescer o volume de correspondências na unidade, aguardando o retorno dos profissionais para remessa aos destinatários. O Centro de Distribuição Domiciliar de Resende segue ativo somente para a entrega de sedex estadual, ou seja, postado no Estado do Rio de Janeiro. Com a greve, o atendimento é restrito para postagens no setor de atendimento da unidade situada na Praça da Concórdia, no Centro, mas não ocorre entrega de cartas, somente o sedex estadual. Empresas e pessoas que trabalham com produtos que dependem dos Correios reclamam. “Eu penso que isso tudo é uma grande bagunça. Vamos chegar a um mês de greve dos Correios e não recebo cartas, encomendas de outros estados. A direção da empresa não toma uma providência. Não sou contra a greve, mas acho que algo deve ocorrer, uma decisão final. Se os profissionais afirmam que querem voltar e precisam de ajuda, qual a dificuldade? Por que não contratam logo mais carteiros e a situação volta ao normal? O povo sempre paga a conta no Brasil”, dispara a microempresária Sueli Dias, que trabalha no ramo de estética e manicure e utiliza produtos adquiridos pela internet para suas clientes. “Os Correios precisam voltar ao normal, meus prejuízos chegam a quase R$ 500,00. As clientes esperam produtos e atendimento eficiente, que não realizo porque não recebo os cosméticos que necessito”, reclama.

Segundo Halisson Nunes, representante dos carteiros junto ao Sintect-RJ, existem aproximadamente 300 CDLs  (Contêiner Desmontável Leve) retidos nas unidades dos Correios de Benfica, no Rio, e em Nova Iguaçu. “Cada CDL comporta média de 70 objetos, ou seja, total de quase 21.000 objetos aguardando remessa para Resende, sem falar no alto volume de cartas parados na agência local. A população precisa saber o que está ocorrendo. A greve é para a melhoria do serviço, eficiência das entregas que atualmente ocorrem somente com o sedex postado no Estado do Rio de Janeiro”, explica.

ATO PÚBLICO

Em virtude das dificuldades nas negociações com a direção dos Correios, os grevistas projetam para o dia 29, às 10h30min, um ato público em Resende. Os carteiros grevistas estarão reunidos no Calçadão da Avenida Albino de Almeida, em Campos Elíseos, na altura do cruzamento com a Rua Alfredo Whately. De acordo com Halisson Nunes, a meta é distribuir uma carta aberta à população. “Não vamos organizar nenhum manifesto de opressão, usando violência. Vamos distribuir uma carta para a população expondo toda a situação. A direção dos Correios alega que existe dificuldade em assinar o contrato para novos trabalhadores temporários, o que segundo eles não teria previsão, pode acontecer a qualquer momento. Portanto, com apoio do Sintect a greve segue até o dia 3 quando pretendemos organizar nova assembleia. Porém, se algo positivo ocorrer até o dia 3, a chegada dos trabalhadores, podemos antecipar a assembleia e deliberar pelo possível fim desta greve”, argumenta.

ABERTO AO DIÁLOGO 

A reportagem do A VOZ DA CIDADE entrou em contato com a direção dos Correios, questionando a situação na Agência de Resende. Em nota, enviada nesta quarta-feira, 27, informaram o seguinte: “Os Correios permanecem abertos ao diálogo e privilegiam o processo de negociação na solução dos conflitos. A área operacional já colocou em andamento o plano de contingência para minimizar a queda da qualidade das operações. No CDD Resende estão lotados 30 carteiros, sendo que 11 estão trabalhando e 19 estão em greve”.

E mais, diz que “com três dias de paralisação, os Correios apresentaram proposta de desconto de um dia (Lei de Greve) e compensação de dois dias parados. A proposta foi recusada pelo sindicato da categoria. Nova proposta foi apresentada dia 20/06/2018: desconto de 50% dos dias e compensação dos outros 50%. Também foi rejeitada. Ontem, 26, o sindicato solicitou a manutenção da proposta apresentada dia 20/06/2018. A proposta foi mantida, mas foi novamente rejeitada pelo sindicato”, diz a nota.

Sobre as reivindicações, a empresa declarou que “a principal reivindicação é a alocação de mão-de-obra terceirizada (MOT). O processo de contratação está em fase final de análise pela vice-presidência de Finanças e Controladoria (VIFIC) dos Correios. Ele deve cumprir todas a exigências legais que regem a contratação de serviços nas empresas públicas” e que “todas as demais demandas estão sendo analisadas e encaminhadas de acordo com a atual realidade financeira da empresa e em consonância com as normativas internas e determinações legais”, finaliza o comunicado enviado ao A Voz da Cidade.

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