Taxa Selic aumenta pela 10º seguida e chega ao maior patamar desde 2017

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BARRA MANSA

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic de 11,75% ao ano para 12,75% ao ano. A decisão foi unânime. O aumento de um ponto percentual representa o décimo avanço seguido da taxa básica de juros da economia. Com isso, a Selic atinge o maior patamar em mais de cinco anos. Em janeiro de 2017, a taxa estava em 13% ao ano.

O comitê afirmou que a alta da inflação é impulsionada principalmente por dois fatores: a elevação de preços difundida no mundo todo, como consequência da pandemia da Covid e da guerra na Ucrânia; e a ‘incerteza’ dos investidores em relação ao cumprimento, por parte do governo, das regras fiscais do país.

Entre as principais normas em vigor para controlar os gastos públicos estão a Lei de Responsabilidade Fiscal e o teto de gastos, elevado pelo governo em 2022 para encaixar o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 400.

Inflação em alta

O objetivo da alta nos juros é tentar conter a escalada da inflação. Pressionado principalmente pelo aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis, o IPCA-15 — considerado a prévia da inflação oficial do país — ficou em 1,73% em abril. Em 12 meses, atingiu a marca dos 12%.

Com alta de 7,51%, a gasolina foi a principal responsável pela alta da inflação na prévia de abril. Houve altas acentuadas também do diesel, do etanol e do gás veicular, levando a alta dos transportes a 3,43% na prévia do mês.

Os números da inflação mostram que encher o carrinho do mercado também está mais difícil. Os preços dos alimentos e bebidas aumentaram 2,25% na prévia de abril, puxados por produtos consumidos dentro de casa.

Consequências da alta da Selic

De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) acumula alta de 12,03% nos últimos 12 meses. Além disso, o índice de difusão da inflação, que mede a quantidade de produtos e serviços que subiram no mês em relação ao total de itens pesquisados pelo IBGE, saltou para 78,7% em abril — um recorde.

A inflação brasileira sofreu com repetidos choques desde o primeiro impacto da pandemia do coronavírus no país. Entre os mais sentidos pelos brasileiros, estão os combustíveis, energia e alimentos.

A economista Rafaela Assis resume o momento. “Não é hora de comprar nada. O Banco Central pesquisa com as instituições financeiras em geral o que eles acham que vai ser da inflação e como eles estão projetando e divulga. O mercado se baseia nessa projeção para direcionar investimentos e estratégias, se todos acreditam na alta dos preços, o pessimismo é unanime. Dessa forma, economia e inflação ficam travadas. Pois não há dinheiro circulando, já que os consumidores estão poupando”, explica.

Em geral, juros mais altos desestimulam a economia pelo lado da demanda e suavizam a inflação. Como o crédito fica mais caro, a pessoa física tende a reduzir gastos. Já as empresas contraem os investimentos e geram menos empregos, o que também tira dinheiro de circulação.

 

 

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