Mães de usuários do Capsi em Barra Mansa reclamam da falta de psiquiatra na unidade

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BARRA MANSA

Mães de usuários do Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (Capsi) estão reclamando da falta de funcionários na unidade, que fica na Estamparia, no Centro. Segundo elas, desde fevereiro os pacientes estão sem atendimento de um médico psiquiatra, após a profissional que trabalhava naquele local se aposentar. A ausência do especialista afeta a emissão de laudos médicos, usados para garantir o direito deles a benefícios, como gratuidade no transporte público, e principalmente ao acesso à medicação.

A dona de casa Elaine Paulino é mãe do João Pedro, de 10 anos. Ele é portador da Síndrome de Asperger, condição psiquiátrica do transtorno do espectro autista, e de acordo com Elaine, desde fevereiro ele não realiza uma consulta com especialista e teve até que suspender o remédio de uso contínuo do estava sendo submetido. “A última consulta foi em fevereiro. Antes da médica se aposentar, nós estávamos em teste com a Ritalina, mas até por isso precisamos parar com o uso do remédio, que precisa de receita médica. Hoje o João Pedro só faz uso do Resperidona que conseguimos pegar no postinho de saúde”, contou Elaine que revelou também que precisa de um laudo de um psiquiatra atualizado para que o filho faça um acompanhamento escolar adequado.

Segundo elas, desde fevereiro pacientes estão sem atendimento médico; ausência do profissional afeta acesso à medicação

A longa espera por atendimento especializado na rede pública afeta a rotina das famílias. As mães dizem que os casos são variáveis, desde portadores de esquizofrênica, autismo a até transtornos obsessivos compulsivos e devido à falta de um psiquiatra na unidade algumas chegam a recorrer ao atendimento particular, onde uma consulta gira em torno de R$ 250, valor inviável para a maioria.

A balconista Lidaine Ramos de Oliveira é mãe de João Vinícius Ramos Mendes, também de 10 anos e que é portador da Síndrome de Asperger. Ela disse que o filho já sofre com a falta de Ritalina. “Meu filho não tem conseguido estudar. E eu não tenho nem o que dizer, não posso nem cobrá-lo”, lamentou Lidaine, que afirmou também precisar de um laudo para ser entregue na escola do menino.

As mães explicaram que o laudo médico é uma exigência das escolas e que este documento deve ser atualizado periodicamente. Nele constam informações sobre o paciente, como quantidade e que tipos de remédios ele toma e até mesmo o tipo de transtorno do qual ele é portador.

Apoiada por outras mães, a dona de casa Rosana Coutinho dos Santos disse que o atendimento na rede pública de saúde mental é péssimo e reclamou da morosidade e burocracia das ações. “Estou há quatro anos aguardando uma carteirinha de passe. A do meu filho extraviou, foi parar em Cachoeiras de Macacu. Assim como eu tem várias famílias na mesma situação”, afirmou a jovem, que é mãe de Gohan, de seis anos e portador de autismo.

EM BUSCA DE SOLUÇÃO

A estimativa do grupo de mães, formado por aproximadamente 39 mulheres, é de que o Capsi atenda cerca de 700 pacientes. À procura de solução para o problema, elas buscaram ajuda do vereador Gilmar Lelis (PRTB). Ele se mostrou preocupado com a situação e frisou que procuraria o secretário de Saúde, Sérgio Gomes, e o prefeito Rodrigo Drable para expor o problema.

“A gente vem recebendo diversas reclamações com relação a esse problema, muitas pessoas nos procurando quase todos os dias. Por isso fiz um pedido de informações à Icap, empresa responsável pela contratação de alguns funcionários, sobre o que está acontecendo. Hoje estivemos conversando com esse grupo de mães e vamos encaminhar este problema ao Dr. Sérgio Gomes e ao prefeito, que acredito que não tenha conhecimento dessa situação que tem influenciado na qualidade de vida dessas famílias. Vamos solicitar uma providência e uma solução o mais rápido possível. É preciso uma resposta, dessa forma não dá para continuar”, disparou Gilmar.

CONTRATAÇÃO PREVISTA PARA AGOSTO

Em nota, a Secretaria de Saúde de Barra Mansa, através do programa de Saúde Mental/Serviço Capsi, informou que a partir de agosto já estará oferecendo o serviço de psiquiatria aos pacientes. A pasta confirmou que a lacuna no setor foi causada pela saída de uma psiquiatra que se aposentou, aliado a dificuldade em encontrar profissionais da área especializados no núcleo infantojuvenil.

 

 

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