Vítima de atropelamento de lancha estava com o filho de dois anos no colo

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ANGRA DOS REIS

O A VOZ DA CIDADE entrevistou com exclusividade na tarde de hoje Camila Martinez Précoma, de 30 anos, uma das quatro vítimas de um acidente com uma embarcação na Lagoa Azul, Ilha Grande, ocorrida na sexta-feira, dia 30. Duas pessoas morreram e outra jovem teve perfurações no corpo. Ela contou que estava com seu filho de dois anos e cinco meses no colo e que lembra de tudo e da reação que teve para que a criança não se machucasse.

Segundo Camila, seu marido realiza o passeio até a Ilha Grande todo o feriado da Semana Santa. Foi a oitava vez que eles faziam o turismo, formado por 53 amigos de São José dos Campos (São Paulo), entre eles seis crianças. “Deste número, 17 estava no mar, todos bem próximos”, contou.

Camila explicou que o seu filho não queria entrar na água e que ela achou estranho, mas insistiu. Eles se reuniram para uma foto e ela, ainda na água, levava a criança para entregar ao marido. “Eu vi a lancha vindo na nossa direção e muita gritaria, palavrões. Eu consegui esquivar meu filho que estava no meu colo, e com a outra mão fiz força para não atingir ele. Era possível sentir o barco se mexendo. Deus me deu muita força para ter uma reação rápida”, contou.

A jovem relata que viu o sangue e esticou com o braço o filho, entregando para o marido. “Eu tive que ter forças para sair do mar, para que o motor não pegasse mais a minha perna”, lembrou. “Foi horrível. O Alexandre pedia para não morrer e a Walquíria dizia que não conseguia respirar”, completou.

Alexandre da Silva Leite, de 43 anos, morreu no local do acidente, e Walquíria de Almeida Barros, de 29, faleceu a caminho do Hospital Geral da Japuiba. Camila e Natacha de Oliveira Soares, de 27 anos, foram encaminhadas para a mesma unidade. Elas foram transferidas para São Paulo e receberam alta na última terça-feira, dia 3.

Camila comentou que não conhecia o condutor da lancha, mas que ele estava próximo as outras famílias, que diziam que ele tinha tirado permissão para pilotar embarcação há cerca de 15 dias. “Era prematuro ele já está guiando e o acidente é prova que ele não estava preparado. Não podemos julgá-lo antes de saber o que aconteceu, mas os erros que provocaram o acidente precisam ser investigados para não ocorrer mais vezes”, apontou.

Natacha sofreu uma amputação do quinto dedo (mindinho) do pé direito; graves lesões com laceração; fratura exposta de ossos do pé e lesões vasculares. Camila também teve o quinto dedo (mindinho) do pé direito amputado, também teve fraturas e lesões vasculares. O pé esquerdo também sofreu laceração, com fraturas expostas e ruptura do tendão de Aquiles.

Camila conta que ao voltar para casa, o filho chorou muito e não quis ficar ao seu lado. “Ele está traumatizado. Todos nós estamos e vamos precisar de acompanhamento psicológico”, mencionou. “Meu filho gritou muito quando me viu. Se lembrou do acidente. Ele está achando que as pessoas gritavam no dia do acidente para ele. É muito pequeno ainda para entender, mas estamos conversando muito para ele se acalmar”, confessou.

Questionada se a família, que tem como tradição todo ano ir ao local, pretende voltar, Camila, que está ainda em uma cadeira de rodas fazendo tratamento, disse que sim. “Não é o lugar que tem culpa. Vamos voltar quando estivermos recuperados e levaremos nossos amigos. Pretendemos soltar balões e fazer uma homenagem aos que se foram”, antecipou Camila, que ainda se emociona ao lembrar do que aconteceu.

A Marinha do Brasil instaurou inquérito para apurar as causas do acidente, que segue acompanhado pela Capitânia dos Portos e pela 166ª Delegacia de Polícia. Durante a semana, o delegado titular da 166ª DP, informou ao A VOZ DA CIDADE que a lancha passou por uma vistoria na segunda-feira, dia 2, e que informações preliminares dão conta de que o veículo não apresentava defeitos técnicos, conforme dito pelo condutor. “Foi realizada a perícia e o laudo ainda será confeccionado, mas os peritos já disseram, informalmente, que não havia qualquer defeito na lancha. As manetes estavam em perfeito estado”, contou Bruno, dizendo que a partir daí, tendo que aguardar a confecção do documento que ainda não tem prazo para ficar pronto, os envolvidos serão chamados novamente e prestarão novos depoimentos.

 

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