VOLTA REDONDA
Há anos, a população do município tenta escapar da poluição provocada pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). O pó preto que sai da empresa é espalhado por toda a cidade. O assunto já foi tema de várias audiências, reuniões e atos por movimentos sociais, políticos e outros. Além disso, a empresa por várias vezes foi notificada, mas até o momento o problema não foi solucionado. E pelo jeito, devido ao acúmulo de escória, principalmente no bairro Brasilândia, a situação caminha para uma catástrofe. Isso é o que temem os ambientalistas que há décadas acompanham o caso. O vereador Jari é um deles. Ele lembra que mesmo antes de chegar ao Legislativo, já falava sobre o assunto.
Jari declarou que visando discutir o assunto e tentar uma solução para o caso, pretende marcar uma Audiência Pública, mas para isso aguarda uma confirmação de presença de representantes do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Segundo o parlamentar, de nada adianta marcar o encontro se não tiver a conformação da presença de quem é o responsável pela fiscalização. “Somente o órgão poderá tirar as nossas dúvidas em relação à permanência desse lixo industrial em uma área com residências e muito próximo ao Rio Paraíba do Sul”, declarou Jari, ressaltando que sabe da importância da CSN para a cidade em relação à empregabilidade, mas não justifica colocar uma cidade em risco.
Ainda de acordo com o parlamentar, o Inea permite o acúmulo de apenas quatro metros de altura de escoria. Só que, de acordo com ele, hoje a pilha já está com 20 metros de altura, ou seja, 16 a mais do permitido. E para não falar que o lixo industrial está muito próximo ao Rio Paraíba do Sul. “Sendo assim, um desastre ambiental pode ocorrer a qualquer momento. E para evitar essa tragédia anunciada, providências devem ser tomadas. Em 2017 mandei um ofício para o Inea, mas ainda não obtive resposta. Usei a tribuna da Câmara para falar sobre a questão e lembrar que quando foi levantada a hipótese de fechar a CSN fui contra por reconhecer a importância dela para a cidade, mas isso não quer dizer que sou a favor do descumprimento das ações ambientais”, relatou.
SEM COMPROMISSO
Jari lembrou ainda que, na verdade, a empresa não mostra nenhum compromisso ambiental com a cidade. Ele relatou também que, no caso da escória, não só os moradores do Brasilândia sofrem com a situação, mas também os do Santo Agostinho, Caieiras, Volta Grande e outros adjacentes. “Queremos apenas solução para o caso”, disse. Outro que falou o problema foi o engenheiro João Thomaz, que durante anos acompanhou o caso. Segundo ele, a questão é que com o depósito da escória, uma grande quantidade de células perigosas é espalhada pelo bairro e adjacências. De acordo com ele, o material está bem próximo e pode contaminar o Rio Paraíba do Sul, além de afetar o abastecimento de água de milhares de pessoas, caso aconteça um desastre ambiental.
Ao A VOZ DA CIDADE, a CSN, por meio da Assessoria de Imprensa, garantiu que o material armazenado na área de beneficiamento operada pela empresa Harsco Metals não é perigoso. E que conforme classificação da ABNT, não representando qualquer risco ao meio ambiente ou a saúde. Informou ainda que, a empresa Harsco Metals, que é especializada no processamento deste tipo de material, o faz seguindo todas as normas ambientais pertinentes e possui licença ambiental válida para operar no local. No processo de beneficiamento, a parte metálica do material é separada e volta a ser usada no processo siderúrgico. “O que sobra é estéril, incapaz de contaminar o meio ambiente, tanto é que é mundialmente destinado para o uso na fabricação de cimento, em pavimentação, em lastro de ferrovias e como base para asfaltamento de vias de tráfego, dentre outras formas de utilização”.
EM TRATATIVA
A CSN informou que está em tratativas com órgãos públicos para a doação de parte desse material para recuperação de estradas vicinais no Rio de Janeiro. “Estranha-se, contudo, que a ONG Associação Homens do Mar da Baía de Guanabara (Ahomar), sediada em Magé, até então com histórico de atuação na Baia de Guanabara, tenha passado a se preocupar com supostas situações ambientais em Volta Redonda, sempre em desfavor da atividade industrial da cidade, parecendo a todos estar sendo indevidamente utilizada para esse fim”. É que, por solicitação da ONG Ahomar, o Ministério Público Federal (MPF) abriu inquérito para apurar o caso. Na denúncia, o órgão alerta para um risco de deslizamento da escória.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Volta Redonda (SMMA) também foi procurada pela reportagem do A VOZ DA CIDADE. Lembrou que, de acordo com a resolução complementar 140, artigo 17, os caso é de responsabilidade do Inea.
Integrantes das comissões de Meio Ambiente e de Saúde da Assembleia Legislativo do Rio de Janeiro (Alerj) informaram que irão pedir a interdição do depósito de escória ao Inea. O superintendente regional do Inea, Sérgio Gouveia, foi procurado pela reportagem para falar sobre o caso, mas não foi encontrado.
2 Comentários
Sou alagoano, com residência fixa em Maceió, mas vivi, por cerca de trinta anos em Nova Iguaçu. Tenho uma gratidão imensa pelo Estado que me acolheu, onde cresci profissionalmente e constitui minha família.
Por acreditar na iminência de um desastre ambiental que esse acúmulo de escória pode causar a população do Rio de Janeiro e já vem prejudicando parte da população de Volta Redonda, no entorno da montanha que se forma no bairro Brasilândia.
Diante do perigo e iniciativa de todos juntos, poderemos sim, dá um basta no absurdo do “limbo legal” e responsabilizar a CSN e a Harsco Metals a retirada, imediata, do material poluente. Não sou nenhum especialista, mas um cidadão solidário com o povo sofrido do Rio de Janeiro com tanta violência e falência, agora corre o risco de ficar sem o item básico para sobrevivência: a água. Que Deus abençoe a todos.
ESSE É UM ASSUNTO MUITO SERIO! E CRESCENTE!! POIS ATRAVÉS DE SUA PRÓPRIA FERROVIAS, A CSN TRANSPORTA DIARIAMENTE DEZENAS DE VAGÕES DE TREM PATA O LOCAL ALIMENTANDO UMA TRAGEDIA ANUNCIADA PELA OMISSÃO. ESTAMOS FALANDO DA QUALIDADE DA AGUA DO. RIO PARAÍBA QUE ABASTECE MILHÕES DE RESIDÊNCIAS . UM CRIME AMBIENTAL!!