Após prejuízos de R$ 5 milhões, produtores rurais buscam reconstrução das plantações

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BARRA MANSA

Cinco milhões de reais. Esse é o prejuízo calculado pela Associação dos Produtores Familiares de Santa Rita e Região (Apfam) e da  Secretaria de Desenvolvimento Rural após uma grande chuva de granizo ter atingido o distrito no dia 16 de agosto. Diariamente, em período de safra, Santa Rita produz cerca de 20 toneladas de folhosas que foram perdidas em poucos minutos. Agora, os cerca de 70 produtores do distrito estão tentando refazer plantações. Sem dinheiro para novo plantio, a solução pode estar no Crédito Rural, uma parceria entre a Secretaria de Desenvolvimento Rural de Barra Mansa, a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural RJ (Emater).

É uma linha de crédito para novos plantios e com juros mais baixos e maior prazo para pagar. Para muitas famílias pode ser um ‘fôlego’. Acontece hoje um mutirão na Apfam para cadastramento desses produtores.

Um dos agricultores que perdeu toda a plantação é Aloísio Otávio de Almeida, em sua lavoura eram plantadas alface, cebolinha, alho poró, serralha, manjericão, almeirão, dentre outros. Tudo destruído. “Após a chuva, as folhas queimam, vem o sol forte e queima mais ainda. A hortaliça não se desenvolve e tudo o que está plantado vai virar matéria orgânica para novos canteiros, na área de replantio. Já começamos a plantar couve”, diz o produtor.

Ao ser questionado sobre a sensação de ver todo o prejuízo estimado em R$ 100 mil, a voz embarga e demora a sair. “É Deus que dá o sustento, e nos dá forças para continuar. Trabalho no campo desde a infância e não desanimo, é hora de trabalhar mais para conseguir plantar de novo”, disse o agricultor que tem cinco funcionários.

 

NUNCA SE VIU TANTA DESTRUIÇÃO

Em entrevista ao A VOZ DA CIDADE, o secretário de Desenvolvimento Rural, Carlos Roberto de Carvalho, o Beleza, disse que em 46 anos nunca se viu tanta destruição pelo local, alguns produtores perderam tudo e estão tentando refazer as suas plantações. “Não estamos em época de chuvas fortes, não havia essa previsão de granizo, e não deu tempo de tentar fazer nada para salvar as lavouras. Em reunião, ainda na semana passada, contabilizamos os prejuízos que chegaram a R$ 5 milhões. Já estávamos em tempo de colheita, o que ainda sobrou, não tem valor comercial, já que as folhosas não irão se desenvolver. Ao chegar à plantação, parece que tudo está bem, as folhas estão verdinhas, mas elas não irão se desenvolver. Tudo está perdido”, analisou o secretário, explicando que o distrito possui aproximadamente 70 associados.

De acordo com Beleza, o ciclo da verdura é rápido, em torno de 45 dias os campos se recompõem. O problema é que os produtores ficaram sem o giro comercial, uma vez que não haverá vendas, o que gera aumento das folhosas para o consumidor final. “A verdura já tem um preço muito acessível, como diminuiu a oferta, o preço também reage, subindo”, destacou o secretário.

VENDA CONSIGNADA

Outro fator que atrapalha os produtores rurais do local é a venda consignada para os mercados. De acordo com Beleza, desta forma, o produtor sofre ainda mais prejuízos. “Com esta forma de venda, o mercado paga aquilo que ele vende e devolve o resto, gerando ainda mais prejuízos ao produtor. Exemplo: O produtor se programa para vender 20 bandejas de alface, faz toda uma programação financeira em cima disso e na hora de receber, são pagas apenas cinco bandejas. Estamos tentando sensibilizar os donos de mercados para que mudem esta forma de venda que só desestimula o produtor. Por trás de uma cabeça de alface existe todo um conceito social, todo um trabalho pesado para o sustento familiar. São 700 empregos gerados por detrás de toda a plantação”, aponta Beleza

 

 

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