Primeiro caso de coronavírus é confirmado no Brasil

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SUL FLUMINENSE/ITÁLIA

Foi confirmado ontem pelo Ministério da Saúde, o primeiro caso de um brasileiro infectado pelo novo coronavírus. Há, até o momento 20 casos suspeitos da doença no país. Cinquenta e nove casos suspeitos foram descartados. O caso confirmado é de um homem de 61 anos, morador da cidade de São Paulo, que esteve na região da Lombardia, no norte da Itália, entre os dias 9 e 21 de fevereiro. Ao retornar da viagem, na última sexta-feira, o paciente apresentou os sinais e sintomas compatíveis com a doença (febre, tosse seca, dor de garganta e coriza).

Brasileiros da região, que inclusive passaram pela Itália, contaram que falta orientação nos aeroportos e que se uma barreira fosse feita, o número de infectados poderia ser menor.

Um jovem de 31 anos, morador do Sul Fluminense, veio visitar os familiares. Ele chegou ao aeroporto de São Paulo, na quinta-feira, dia 20, um dia antes do brasileiro infectado. O jovem, que preferiu não se identificar, contou que fez conexão de 14 horas no aeroporto de Roma, na Itália, e não teve qualquer orientação no local ao chegar da Irlanda, país de origem. “Vi muitos asiáticos com máscaras no aeroporto e muitas pessoas vieram em meu voo para o Brasil com as máscaras. Não tinha orientação até porque acredito que os casos começaram a crescer e as mortes aconteceram na Itália depois da minha chegada no Brasil. Na volta para Irlanda também farei conexão em Roma, dessa vez de três horas, e pretendo usar a máscara e outras orientações para prevenção”, contou.

Para o jovem, muitas pessoas estavam imaginando que a doença estava ainda longe da Europa, mas de uns dias para cá isso está mudando. Já existe morte pelo vírus na França e casos confirmados na Grécia, Áustria, Croácia, Espanha, Suíça.

Outra jovem, de Barra Mansa, de 21 anos, voltou no início do mês de uma viagem internacional. Ela fez conexão de oito horas em Roma, na Itália. Ela contou que também não recebeu nenhuma orientação nos aeroportos em que passou. “Na verdade, a primeira vez que ouvimos falar do coronavírus na Europa, foi um dia antes de embarcamos para a França, porque foi o primeiro caso da Europa. E essa notícia foi me dada através dos meus pais, no Brasil, pelo WhatsApp. Quando chegamos na França, máscaras e álcool em gel não encontramos mais pra comprar. Tivemos muita dificuldade de achar, nós achamos só o álcool, já no terceiro dia que estávamos lá. Depois da França eu fui pra Lisboa. De Lisboa eu peguei o avião de volta para Roma, pra fazer conexão para retornar ao Brasil. Porém, nós também não fomos orientadas de nada”, contou.

Ela reparou que pessoas usavam máscaras nos aeroportos, mas em Roma, muitos chineses e japoneses não estavam com a proteção, inclusive alguns embarcaram para o Brasil. “Mais em uma análise geral, tinham poucos passageiros usando máscaras”, lembrou a jovem.

CASO CONFIRMADO

O homem de 61 anos foi atendido no Hospital Israelita Albert Einstein na segunda-feira, dia 24, e submetido a exames clínicos que apontaram a suspeita de infecção pelo vírus. Com resultados preliminares dos exames realizados pela unidade de saúde e de acordo com o Plano de Contingência Nacional, o hospital enviou a amostra para o laboratório de referência nacional, o Instituto Adolfo Lutz, para contraprova. “Agora é que vamos ver como este vírus vai se comportar em um país tropical, durante o verão”, disse ontem em coletiva de imprensa o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. “Como vai ser o padrão de comportamento deste vírus, que é novo e tanto pode manter o mesmo padrão de comportamento de transmissão que apresentou no hemisfério Norte, onde, nesta época, está fazendo frio”, completou o ministro.

Em nota, o hospital afirma que o paciente encontra-se em bom estado clínico e sem necessidade de internação, permanecendo em isolamento respiratório domiciliar pelos próximos 14 dias. “A equipe médica segue o monitorando ativamente, assim como as pessoas que tiveram contato próximo com ele”, informou a direção do Albert Einstein.

Apenas na última sexta-feira, as autoridades italianas notificaram nove óbitos, o que levou o governo brasileiro a incluir a Itália entre os países onde a doença está se espalhando e há risco de infecção. Atualmente já são 12 mortes e 374 casos confirmados.

De acordo com o Ministério da Saúde, no mundo, já foram registrados mais de 80,9 mil casos do coronavírus em 34 países. Foram registradas 2,7 mil mortes causadas pela doença, sendo que os casos mais graves são aqueles que afetam pessoas com mais de 60 anos. A Itália já é o terceiro país do mundo com maior número de casos confirmados de coronavírus, atrás da China, com mais de 77 mil casos, e da Coreia do Sul, com 833 casos.

MAPA

Foi criado um mapa no dia 22 de janeiro pelo mexicano Fernando Caballero, onde é possível monitorar os avanços do coronavírus pelo mundo. O mapa, monitora mortes, casos suspeitos, sob análise e confirmados, é atualizado a cada confirmação emitida por fontes oficiais. Pode ser acessado pelo link https://bit.ly/2v7zyOJ.

SINTOMAS E PREVENÇÃO

Os sintomas do coronavírus são principalmente respiratórios, semelhantes a um resfriado: febre, tosse e dificuldade para respirar. Mesmo que tenha no Brasil o primeiro caso confirmado, a orientação é que nenhuma estratégia mais extrema para prevenção seja tomada, como o uso de máscaras na rua. Basta seguir as recomendações básicas de prevenção de doenças respiratórias. São elas: Lavar as mãos frequentemente, usar lenço descartável para higiene nasal, cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir, evitar tocar os próprios olhos, nariz e boca, manter os ambientes bem ventilados, não manter contato próximo com pessoas que apresentem sinais do covid-19 ou tenham infecções respiratórias agudas, não compartilhar objetos como talheres, pratos, copos ou garrafas.

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