Polícia Federal deflagra Operação Vírus para combater corrupção na saúde pública de Volta Redonda

0

VOLTA REDONDA

Corrupção, desvios e uma licitação suspeita. Essas são as palavras usadas pela Polícia Federal ao informar nesta terça-feira, 26, a realização da Operação Vírus, em Volta Redonda, para investigar desvios a um contrato de R$ 1,6 milhão destinado para serviços no Hospital de Campanha durante a pandemia de Covid-19, montado em 2020 pela prefeitura, que tinha na época Samuca Silva como prefeito e Alfredo Peixoto como secretário de Saúde.

A operação teve apoio da Controladoria Geral da União (CGU), e o objetivo é apurar irregularidades cometidas na contratação de um serviço de caráter emergencial pela Prefeitura de Volta Redonda, durante a pandemia de Covid-19.

Cerca de 40 policiais federais cumpriram dez mandados de busca e apreensão em residências, empresas e escritórios ligados a envolvidos no suposto esquema criminoso nos municípios de Volta Redonda, Rio de Janeiro, Rio Claro, Pinheiral, Barra do Piraí e Paraíba do Sul. Os mandados judiciais foram expedidos pela 2ª Vara Federal de Volta Redonda.

Segundo o chefe da Delegacia da Polícia Federal em Volta Redonda, Pedro Paulo Simão da Rocha, o inquérito foi instalado em 2020 após uma comunicação anônima de crime dando conta de possíveis irregularidades na contratação de empresa responsável pela montagem do Hospital de Campanha em Volta Redonda. “Com auxílio da CGU, as investigações foram tendo desenvolvimento e descobertas diversas irregularidades, como o fato da empresa contratada ser de fachada porque existia juridicamente, mas de fato não funcionava no local informado, não tinha empregados e o sócio majoritário não tinha condições financeiras para integralizar o capital social informado. A segunda empresa a apresentar proposta também era empresa de fachada, tinha os mesmos problemas da primeira empresa”, disse.

O delegado ainda enumerou outras irregularidades, como o fato do termo de referência, que é o documento que a administração dá publicidade as necessidades, foi publicado após as apresentações das propostas das empresas, o que demonstra que as mesmas já tinham conhecimento do teor do termo de referência, o que é irregular. “A terceira irregularidade é que a assinatura da dispensa da licitação ocorreu posterior a assinatura dos contratos, invertendo totalmente a ordem. Outra irregularidade é que a própria Procuradoria Geral do Município na época recomendou que se fizessem consultas a sites eletrônicos oficiais para comparar preços e isso não foi feito ocasionando a contratação dessa empresa de fachada de R$ 1,6 milhão, dentre os quais estamos verificando a quantidade de valores desviados desse montante”, completou.

O delegado afirmou que foram feitas apreensões nesta terça-feira e também oitivas, para impedir combinação de versões. “Em breve teremos mais informações acerca dos responsáveis de fato pela contratação irregular”, adiantou.

Nas informações enviadas pela Polícia Federal à imprensa a respeito da operação há a seguinte frase: “Dentre as fraudes investigadas, é possível destacar o superfaturamento na contratação dos referidos serviços; irregularidades na apresentação de documentos; direcionamento do objeto a ser contratado; conluio entre empresas, agentes políticos e servidores do município; empresas de fachada, entre outras”, completando que com a operação os policiais buscam desarticular “o grupo criminoso investigado e encontrar novos elementos de prova indispensáveis ao completo esclarecimento dos fatos”.

Além dos crimes licitatórios, os investigados poderão responder por associação criminosa, peculato e lavagem de dinheiro, cujas penas variam de dois a 12 anos de reclusão.

A Prefeitura de Volta Redonda esclarece que a operação deflagrada pela Polícia Federal é referente às ações da gestão anterior, com fatos ocorridos em 2020, tendo como alvo o Hospital de Campanha, montado no Estádio Raulino de Oliveira e desmontado no mesmo ano. “A atual gestão assumiu em 2021 e não tem qualquer relação com os fatos investigados, colaborando em todos os sentidos para elucidação do caso”, diz.

HOSPITAL DE CAMPANHA  

o Hospital de Campanha foi montado no Estádio Raulino de Oliveira. Ele começou a receber pacientes diagnosticados com Covid-19 no dia 3 de abril. Tinha disponível 114 leitos disponíveis para casos de média complexidade. A estrutura tinha mil metros quadrados. Foi montado para aliviar a situação dos hospitais caso houvesse lotação.

Prefeito na época, Samuca Silva argumentou dizendo que esperava não ter que usar esse espaço, mas se fosse preciso a cidade estaria pronta. Na época quem era o secretário de Saúde era Alfredo Peixoto.

Em nota, o ex-prefeito Samuca Silva disse que não é alvo da operação. “Que não tem qualquer relação com os fatos investigados, colaborando em todos os sentidos para elucidação do caso e que sejam punidos os responsáveis. Ressalto que sempre denunciou e combateu a corrupção durante seu governo”, diz a nota enviada ao A VOZ DA CIDADE.

O jornal também tentou contato por celular com o ex-secretário Alfredo Peixoto, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

Deixe um Comentário