Médicos da região comentam sobre novo protocolo para uso da cloroquina

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VOLTA REDONDA/ BARRA MANSA

O Ministério da Saúde divulgou ontem, dia 20, o protocolo que libera no SUS o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina até para casos leves de Covid-19, onde o paciente tem que assinar um termo de consentimento, que ressalta a “não garantia de resultados positivos” e que “não há estudos que comprovem benefícios clínicos”. Segundo especialistas da região, a decisão de medicar ou não o paciente com o remédio segue sendo do médico.

O cardiologista e clínico, Felippo Coutinho, que também é coordenador da clínica médica do hospital Unimed Volta Redonda, enfatizou que a cloroquina pode causar o aumento do intervalo do QT. “Que é o período em que o coração contraí e relaxa, o que aumenta o risco de arritmias malignas. Esse efeito é perigoso e tem que ser levado em consideração, mas não é algo tão comum”, destacou.

Felippo ainda lembrou que todo protocolo é um norte, mas a decisão de medicar ou não o paciente é do médico. “Isso foi uma orientação, onde se existe a conscientização do paciente dos riscos e que ele esteja ciente que não tem comprovação científica. Com isso o médico pode prescrever ou não”, afirmou.

Em Barra Mansa, o pneumologista e especialista em medicina de tráfego, Francis Bullos, destacou que dois médicos se recusaram a assinar o protocolo no Ministério da Saúde, porque o profissional segue o Conselho de Medicina. “Em um hospital, se o médico receita dessa forma o medicamento, as complicações são de responsabilidade dele”, destacou, citando ainda o termo de conscientização do paciente. “Transformaram a cloroquina em uma luta política e aprovaram por pura teimosia. Imagina você doente e tendo que assinar um termo onde diz que o medicamento pode causar disfunção grave de órgãos, prolongamento da internação, entre outras coisas e até mesmo o óbito. Eu não assinaria isso”, afirmou.

Sobre os efeitos colaterais, Bullos explicou que o medicamento é usado por pacientes com doenças específicas, mas que essas pessoas passam por análises e são acompanhadas. “Diferente de uma doença nova que nós não sabemos exatamente como age, nem sabemos quando e como exatamente ela começa. Além disso, nem todo mundo responde da mesma forma”, disse, finalizando que a listagem de advertências do protocolo deveriam ser motivos suficientes para alguém não querer tomar o remédio.

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