IPCA: alta dos medicamentos impacta a inflação registrada em abril

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SUL FLUMINENSE

A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) gera impacto em toda a cadeia econômica e faz subir os preços de diversos produtos. Em meio à crise de saúde, o valor dos medicamentos não foi diferente. Pressionada pela alta nos preços dos produtos farmacêuticos, a inflação de abril ficou em 0,31% e acumula saldo de 2,37% em 2021 e de 6,76% nos últimos 12 meses. Para efeito de comparação, a inflação de março foi de 0,93%, mas apesar da queda quem mais sofre com as variações é a população de baixa renda.

Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados nesta terça-feira, dia 11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o grupo saúde e cuidados pessoais teve a alta de 1,19%. E a principal influência desse resultado foi o aumento dos preços dos produtos farmacêuticos (2,69%), que foram também o principal impacto no índice geral (0,09 pontos percentuais).

A maior variação nos produtos farmacêuticos veio dos remédios anti-infecciosos e antibióticos (5,20%). Além disso, houve alta também nos produtos de higiene pessoal (0,99%), como perfumes (3,67%), artigos de maquiagem (3,07%), papel higiênico (2,90%) e produtos para cabelo (1,21%). Uma das justificativas é a concessão do reajuste dos medicamentos, ocorrido em abril. “No dia 1º de abril, foi concedido o reajuste de até 10,08% no preço dos medicamentos, dependendo da classe terapêutica. Normalmente esse reajuste é dado no mês de abril, então já era esperado”, diz o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

CONSUMIDORES RECLAMAM

A alta indicada pelo IPCA de abril é uma realidade na rotina dos consumidores, principalmente os que utilizam medicação contínua. “É uma questão de ir nas farmácias e comprovar o valor que foi a compra de março e a compra realizada na semana passada, já após esse aumento. Utilizo medicamentos para controlar a pressão arterial, diabetes e colesterol. São produtos genéricos e o custo de um mês para o outro subiu quase R$ 30. Parece pouco, mas somando isso ao preço que subiu dos alimentos, da luz, botijão de gás, a aposentadoria não dá pra muita coisa. É tentar se manter vivo apenas”, opina a dona de casa Maria de Lourdes Pedroso, 69.

Os medicamentos tiveram o reajuste autorizado pelo governo em abril – Fábio Guimas

Com uso contínuo de remédios para coibir a ação da labirintite, o aposentado Pedro dos Santos, 74, constatou o reajuste de seus remédios. “Na crise tudo está subindo e a caixa de remédio que eu compro mesmo com cadastro subiu de R$ 49 para R$ 63. Há os remédios da esposa e filhos, como medicação contra inflamação de garganta e outros, tem mês que deixo mais de R$ 300 na farmácia”, comenta.

QUEDA NA GASOLINA E ALTA NOS SUPERMERCADOS

O IPCA de abril indicou variação de 0,08% no grupo dos transportes influenciado pela queda nos preços dos combustíveis, com 0,44% no valor da gasolina e 4,93% no etanol. “Houve uma sequência de reajustes entre fevereiro e março na gasolina. Mas no fim de março houve duas reduções no preço desse produto nas refinarias. Isso acaba chegando ao consumidor final. O etanol acaba seguindo a gasolina porque atua como um substituto. Quando sobe o preço da gasolina, as pessoas migram para o etanol e o preço dele sobe também”, afirma.

A gasolina sofreu leve queda em abril após variações desde o mês de março, indica o IPCA- Fábio Guimas

Muito citado pelas famílias, o valor dos alimentos também aparece como vilão na inflação. O aumento no preço das carnes (1,01%), o leite longa vida (2,40%), o frango em pedaços (1,95%) e o tomate (5,46%) tornou a alimentação no domicílio (0,47%) mais cara do que no mês anterior. Isso explica a alta de 0,40% no grupo alimentação e bebidas. Segundo Kislanov, as carnes, que acumularam uma alta de 35,05%, nos últimos 12 meses, tiveram seus preços aumentados em abril devido, principalmente, à inflação de custos por causa da ração animal. “Estamos em um momento em que há uma grande alta no preço das commodities. Nesse caso, principalmente a soja e o milho estão impactando os custos do produtor e isso acaba influenciando o preço final do produto no mercado”, pontua o gerente da pesquisa.

Entre os alimentos que tiveram queda no preço, as frutas (-5,21%) foram o principal destaque. A alimentação fora do domicílio desacelerou (0,23%), após subir 0,89% no mês anterior. O índice menor é explicado especialmente pela variação de -0,04% do lanche, item que havia subido 1,88% em março.

O aumento no preço das carnes foi de 1,01% no período, segundo dados do IPCA – Fábio Guimas

Já o aumento menos intenso do grupo habitação (0,22%), em relação ao mês anterior (0,81%), foi impactado pela desaceleração nos preços do gás de botijão (1,15%), que haviam aumentado 4,98% em março, e pelo recuo de 0,04% da energia elétrica. A bandeira tarifária amarela, que acrescenta R$ 1,343 na conta de luz a cada 100 quilowatts-hora consumidos, foi mantida em abril.

INPC VARIA 0,38% EM ABRIL

Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de abril teve alta de 0,38%, abaixo da taxa de março, quando havia registrado 0,86%. O indicador acumula, no ano, alta de 2,35% e de 7,59% em 12 meses. Em abril de 2020, a taxa foi de -0,23%.

Os produtos alimentícios subiram 0,49% em abril enquanto, no mês anterior, haviam registrado 0,07%. Os não alimentícios variaram 0,35%, após subirem 1,11% em março.

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