Catástrofe no Rio Grande do Sul provoca correria em supermercados

0

BARRA MANSA

A tragédia climática no Rio Grande Sul, tem causado comoção, solidariedade e tristeza a quem assiste aos noticiários nos últimos dias. O fato não abala somente o povo gaúcho, mas também a todos os brasileiros, inclusive, de forma econômica.  Os temporais já causaram aproximadamente R$ 500 milhões em prejuízos na agricultura e na pecuária, como informa a Confederação Nacional de Municípios (CNM). O valor ainda é parcial. Levando em conta o total da economia afetada no estado, os valores já somam R$ 967,2 milhões. E ao falar de agricultura está um dos principais pratos diários da mesa dos brasileiros: o arroz.

O Brasil consome internamente quase todo arroz que produz e 70% dele vem do Rio Grande do Sul. O preço e a falta do arroz já começam a assustar. Antes da tragédia, 80% do arroz do Estado já tinha sido colhido. Mas alguns silos onde a produção está armazenada também foram atingidos pelas enchentes. Ainda não se tem um levantamento oficial da quantidade de arroz que foi perdida nas enchentes, até porque muitos locais estão inundados. O que se tem são estimativas com base na área plantada das áreas atingidas. As perdas no campo foram generalizadas, lavouras de arroz, soja e hortaliças, a força da água também arrastou maquinários e o gado.

O arroz seria o impacto mais direto e o preço deve subir 4% neste ano. Com isso, o subgrupo cereais, leguminosas e oleaginosas terá alta de 1% em 2024, ante o esperado de 1,6%. A catástrofe ambiental também trará efeitos em outros produtos, como farinhas, féculas e massas e panificados, leite e derivados, carnes, óleos, gorduras e frutas.

MOVIMENTO INTENSO NOS MERCADOS

O gerente de um supermercado de Barra Mansa, Iago Marques, destaca que em apenas um dia, vendeu uma tonelada de arroz tipo 1. “Colocamos um carregamento de arroz na loja, e em 25 minutos já havia se esgotado. Todo o tipo 1, de qualquer marca, já acabou. O que temos é o tipo 2 e já limitamos a quantia de cinco pacotes para um cliente. Hoje é ‘a quinta da carne’ e os clientes estão mais voltados para esta compra, mas muitos ainda estão comprando arroz para manter seus estoques com preço mais baixo. No fim de semana a venda de grãos aumenta”, citou, informando que a venda de feijão também está limitada.

Gerente de um outro supermercado da cidade, Jeferson Jesus, comenta que as marcas mais consumidas na região vêm do Rio Grande do Sul, e por isso a região será prejudicada. “Já limitados a quantidade de compra, todos têm direito, nosso estoque está baixo, já fizemos um novo pedido de compra, mas o prazo para entrega ainda é incerto. Aliás, todo o cenário é incerto, não sabemos quando será a próxima safra nacional. E os grãos importados não há previsão de preços. Vivemos grandes incertezas”, cita.

A dona de casa, Elizabeth Furtado, já garantiu alguns pacotes de arroz a mais na dispensa. “Já havia feito compra na semana passada, mas assistindo aos noticiários, voltei ao mercado e comprei mais alguns pacotes. Não sabemos o preço dos próximos produtos, por isso já garanti os meus com preços normais”, avalia.

PREÇOS SUBIRÃO

O economista e professor da Estácio, Eduardo Amendola destaca que mesmo antes dessa catástrofe ambiental que atingiu o Rio Grande do Sul já havia uma expectativa de redução na produção agrícola devido a fenômenos climáticos. “Porém, nenhum modelo foi capaz de prever esse fenômeno tão grave e concentrado no Estado. Como o Estado gaúcho é o principal produtor de arroz, trigo e o segundo maior produtor de proteína bovina há uma tendência de elevação no preço desses itens nas próximas semanas. Adicionalmente, há uma recuperação do poder de compra das famílias de baixa renda, principalmente por conta do Bolsa Família e da política de valorização do salário, assim, pelo lado da demanda, também há uma tendência de alta nos preços”, cita.

Ainda de acordo com o especialista, os aumentos não serão restritos à região Sul. A elevação do preço desses itens será percebida em todo território nacional. “Ainda é cedo falar em porcentagem de aumento, pois ainda não é possível quantificar os estragos nas lavouras do RS, e também o tempo para reestabelecer a infraestrutura de escoamento desses itens”, disse.

A  consultoria Datagro prevê que as perdas apenas na produção de arroz sejam de R$ 68 milhões, totalizando 10% a 11% do total cultivado.  A soja pode sofrer perdas de 3% a 6%, com prejuízo entre R$ 125 milhões e R$ 155 milhões a produtores. Segundo a consultoria, essa redução terá algum impacto de alta sobre as cotações internacionais e domésticas. A previsão para percas com o milho é de 2% a 4%, com prejuízo de R$ 7 milhões a R$ 12 milhões.

Rio Grande do Sul é responsável por 6% do PIB do país, o 5° maior

O Estado do Rio Grande do Sul tem uma contribuição significativa no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Em 2023, o estado gaúcho representou 5,9% do PIB nacional, somando R$ 640,23 bilhões. Enquanto isso, o PIB per capita da região ficou em R$ 55.454, 10,5% maior que a média do país. O RS é o quinto maior PIB estadual do Brasil atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. O sexto lugar também pertence a região Sul, com Santa Catarina.

Deixe um Comentário