VRSH realiza mapeamento da violência contra a população LGBTI+ no Sul Fluminense

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SUL FLUMINENSE

A instituição Volta Redonda Sem Homofobia (VRSH) realizou um mapeamento da violência contra a população LGBTI+ nos municípios do Sul Fluminense, realizado no período de 1º de janeiro de 2018 a 31 de dezembro de 2020, no qual apontou 18 ocorrências de violências. O estudo foi embasado em depoimentos sigilosos passados à instituição e através de notícias divulgadas pela imprensa local. De acordo com o coordenador do VRSH e responsável pelo relatório, Natã Teixeira Amorim, o mapeamento pode não refletir exatamente a realidade da violência homotransfobia da região, uma vez que a metodologia de trabalho possui limitações para capturar os dados, podendo os números reais serem maiores que o apontado.

De acordo com Natã, um dos objetivos do mapeamento é mostrar o desdobramento dos movimentos sociais, para garantir que esses casos não caiam no esquecimento.

O mapeamento especifica que foram sete vítimas em 2018, três em 2019 e oito em 2020, totalizando 18 pessoas LGBTI+ que sofreram os ataques, sendo que dez foram registros de assassinato e oito de agressões. Um total de 41.7% dos casos assassinatos foi por espancamento, seguindo por arma de fogo (33.3%) e facadas 8.3%. Já para os casos de agressões predomina o verbal (60%), seguido de física (30%) e psicológica (10%).

Ainda segundo a pesquisa, o ano de 2020 foi o mais violento, isso porque dos oito registros, cinco foram assassinatos e três foram agressões. O município de Volta Redonda foi o que registrou o maior número de ocorrências (8), seguido de Resende (4), Barra Mansa (3), Angra dos Reis (2) e Valença (1). O levantamento apontou ainda o perfil das vítimas, sendo a maior porcentagem de agressões cometidas com pessoas de 15 a 29 anos (50%). Além disso, 55,6% se declararam e/ou foram identificadas como brancas e pardas. As vítimas declaradas gays têm o maior número de ocorrências na região com 66,7%, seguido das pessoas trans com 22,2%, e lésbicas com 11.1%.

‘Falta de dados’

Natã Teixeira Amorim ressaltou que o acesso a dados de violência contra a população LGBTI+ é escassa. De acordo com ele, essa pesquisa é realizada apenas a nível nacional pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e o Grupo Gay Bahia, sendo os únicos dados apresentados pelo Governo Federal em 2017, sobre denúncias na Central de Atendimento do Disque 100.  “O Mapeamento da Violência Contra População LGBTI+ nos Municípios do Sul Fluminense é uma forma de oficializar os dados de forma mais completa, além dos que divulgamos anualmente na imprensa da região, para chamar atenção das autoridades e população para o crescimento dos casos de violência e a necessidade urgente de políticas públicas e serviços que absorvam essa população conforme já recomendado pelo Ministério Público Federal em Volta Redonda”, destacou o coordenador.

‘Pouca investigação’

Questionado sobre a coleta dos dados, Natã explicou que por falta de conclusões definitivas da polícia, os casos de agressão contra LGBTI+ não são colocados como decorrência de homofobia. O coordenador destacou que, por isso, o levantamento dos números foi feito com dados sigilosos de pessoas próximas às vítimas, além dos casos divulgados em jornais. “Todo crime contra a vida de um LGBTI+, até que prove ao contrário, não descartamos a possibilidade de um crime de homotransfobia e é papel do Estado concluir as investigações. Porém nem sempre essas investigações têm andamentos e os casos acabam sendo arquivados ou encerrados”, finalizou.

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