Votos válidos, brancos, nulos e abstenções – a participação dos eleitores na democracia

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MÉDIO PARAÍBA

Neste domingo, 30 de outubro, 156.454.011 eleitores de todo o Brasil vão às urnas para escolherem o novo presidente da República e em alguns estados governadores. No Rio de Janeiro são mais de 12,8 milhões de eleitores que vão optar entre Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. Cláudio Castro já foi reeleito governador no primeiro turno. É o terceiro maior colégio eleitoral do país. Na região Médio Paraíba são pouco mais de um milhão de pessoas aptas a votar. O primeiro turno foi marcado com o percentual de votos brancos e nulos da eleição menor desde 1994 e com o recorde de votos válidos da história do país desde a redemocratização. No segundo turno fica a expectativa de igual ou maior participação da sociedade.

O cientista político pela PUC São Paulo e professor da ESAMC, Fernando Salgado, em entrevista ao A VOZ DA CIDADE, apontou que não tem como precisar a participação da sociedade numa votação, mas uma coisa é certa: esse é o pleito desde a redemocratização em 1988 em que as pessoas estão com maior definição em como votar. “Pesquisas apontam que 93% das pessoas não mudaria o voto de jeito nenhum, ou de um lado ou de outro”, diz.

Mais você sabe diferenciar o que são votos válidos, abstenções, brancos e nulos? Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), votos válidos são os efetivados pelos eleitores, descontados os votos em branco e os votos nulos. São eles que valem no resultado final.

O voto em branco acontece quando o eleitor aperta a tecla “branco” na urna eletrônica e depois confirma. Já o voto nulo ocorre quando o eleitor digita um número inexistente entre os candidatos ou partidos (no caso do voto em legenda) disponíveis para serem votados, confirmando em seguida. Na prática, não há diferença entre eles, sendo ambos desconsiderados para fins de se obter o vencedor.

E as abstenções? Essas representam o número de eleitores que não compareceram para votar. É relevante salientar que o eleitor que não puder comparecer à votação deve justificar a sua ausência. Do contrário, sua situação perante a Justiça Eleitoral ficará irregular, o que poderá acarretar uma série de problemas.

VOTAÇÃO NA REGIÃO

Em levantamento feito pelo A VOZ A CIDADE, relativo ao primeiro turno, o atual presidente Bolsonaro venceu Lula nas maiores cidades da região. Em Barra Mansa, recebeu 49.812 votos, sendo que Lula teve 44.825. Votos brancos foram 1.803, nulos 3.178 e 27.910 abstenções. Os demais votos dos 133.383 eleitores da cidade foram distribuídos para os demais candidatos que participaram.

Volta Redonda deu 81.346 votos para Bolsonaro contra 76.843 para Lula. Votos brancos foram 2.677 e nulos 4.465. Deixaram de comparecer no dia da votação 46.133 pessoas. A cidade tem 222.426 eleitores.

Resende tem 94.468 eleitores. Desses, 39.464 escolheram Bolsonaro e 25.588 Lula. Foram 1.281 votos brancos, 1.862 nulos e 21.778 abstenções. Em Angra dos Reis são 130.085 eleitores, sendo que 60.443 escolheram Bolsonaro e 31.926 Lula. Foram 1.558 votos em branco, 2.419 nulos e 31.316 abstenções.

Nacionalmente, o percentual de brancos e nulos da eleição do 1º turno para presidente foi apontado como o menor desde 1994. Dados do TSE informam que foram 5,4 milhões, equivalente a 4,41% do total. Em 2018, brancos e nulos foram 8,8%. Essa flutuação de 8% a 10% tem acontecido nas últimas quatro eleições, mas neste ano caiu quase 50% no primeiro turno. Já abstenção atingiu 20,3% do total, o maior percentual desde 1998. A título de informação, na eleição de 94 foram 4,06% no total.

Já sobre os votos válidos em todo o Brasil foram 95.59%.

Ao contrário do resultado visto na região do Médio Paraíba, a disputa do primeiro turno acabou com o ex-presidente Lula (PT) com 48,3%, e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) com 43,2% dos votos.

O primeiro turno foi marcado com o percentual de votos brancos e nulos da eleição menor desde 1994 – Foto: Gabriel Borges

PADRÕES MANTIDOS?

O cientista político Fernando Salgado destacou que o padrão de 20% de abstenções tem sido mantido e ele acredita que se manterá em torno desse percentual. “Considerando muitos fatores, chuva ou sol, transporte gratuito ou não, filas grandes, a desilusão com a política, tudo isso contribui com a abstenção. Provavelmente se o voto não fosse obrigatório o percentual seria maior. Nas últimas duas décadas o percentual tem aumentado devido a desilusão”, apontou, completando que os votos brancos e nulos também não têm variado muito, ficando na casa dos 5%.

Ele não acredita que haverá pacificação no país se um ou outro candidato a presidente ganhar, mas ressalta que essa insatisfação com a democracia tem sido percebida mundialmente. “O que penso como caminho é que cada vez mais as instituições sejam fortalecidas, criar mais vacinas contra as fakes news, modernizando a tecnologia e, quem entrar, tem que fazer um governo muito bom entregando melhor qualidade de vida da população”, concluiu, frisando a lisura do processo eleitoral de um país que tem o sistema consagrado mundialmente.

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