VALENÇA
Polêmica à vista em Valença. A Câmara de Vereadores fará nesta terça-feira, 23, uma sessão extraordinária para definir se será aberta uma Comissão de Investigação Processante contra o presidente da Casa, vereador José Reinaldo Alves Bastos, o Naldo (PRTB). Nove dos 12 vereadores assinaram um requerimento. A sessão está marcada para às 15h30min.
O documento é assinado pelos vereadores David Nogueira, Eduardo Ávila, Ailton Batista, Saulo Corrêa, Fabio Antônio, Amaury Lanterneiro, Bernardo Machado, Eduardo Hank e Pedro Graça. Eles dizem que na sessão serão analisadas graves denúncias contra o vereador para que seja iniciado o cumprimento das normas inscritas no artigo 42 da Lei Orgânica de Valença.
Segundo a justificativa, por cerca de oito sessões legislativa consecutivas, tanto a Casa e parte da população estão acompanhando “as arbitrariedades e desprezo que o presidente da Câmara de Valença apresenta em face do Regimento Interno, Lei Orgânica e Constituição da República do Brasil”.
Eles citam que tudo começou na intenção de Naldo proteger interesses pessoais, em detrimento de todo o Poder Legislativo, acarretando em arquivamentos de denúncias, requerimentos, indeferimento de falas, denúncias infundadas e sem provas, indeferimento de pedidos de questão de ordem, desligamento de microfones e até com encerramento de sessão sem que os vereadores pudessem fazer preposições ou apresentar ideias.
“As ações coordenadas são sempre no sentido de evitar que as proposições sejam encaminhadas ao Plenário e, ao verificar que se trata de denúncia ou requerimento feito contra o presidente, ao invés deste se colocar na condição de denunciado e aguardar seu momento de defesa, opta por recorrer ao Procurador da Câmara (nomeado pelo Presidente por Cargo em Comissão) para atendimento de seus pedidos de arquivamento e construção das justificativas mais convenientes, tudo feito ao arrepio da legalidade e moralidade administrativa”, diz o requerimento assinado pelos vereadores, frisando que por isso optaram por recorrer ao artigo 19, parágrafo terceiro, III da Lei Orgânica, para convocação de extraordinária que pode ser feito pelo presidente ou a requerimento da maioria dos membros da Casa.
FALAS MACHISTAS
Uma das denúncias ganhou repercussão nacional. No mês de março o vereador Naldo, no exercício da presidência, fez comentários machistas e misóginos ao deixar ligado o microfone ao final da sessão e vazou nas transmissões. Primeiro fala da vereadora Fabiani, insinuando que ela estava com sono por causa do marido. “A vereadora (Fabiani) está morrendo de sono. Está morrendo de sono por quê? É casada com Fabrício. É, ela tem que morrer de sono, casada com o Fabrício, é outra”, afirmou Naldo.
Depois, relembrou uma conversa com o vereador Bernardo sobre o outro parlamentar, Eduardo Hanke. “Hanke ficou olhando a mulher de cabelo ruivinho. Aí o Bernardo falou: Se o Hanke pega aquela mulher, estraçalha ela”, contou.
O vereador Bernardo faz parte do grupo de parlamentares que pede a comissão contra o presidente e destacou que em nenhum momento disse algo parecido a Naldo. “Não faço e não compactuo com qualquer tipo de fala desrespeitosa com mulheres e nem com qualquer ser humano. Tenho minha vida pautada no respeito, empatia, solidariedade e na minha caminhada de fé na qual me espelho em mulheres que sempre foram exemplos de inspiração para minha formação”, disse.
Dias depois, o presidente da câmara, Naldo, emitiu uma nota reconhecendo que usou palavras ofensivas e inapropriadas e disse sentir muito pelo desconforto ou dor causado às mulheres. Procurado pelo A VOZ DA CIDADE, não foi possível contato com o presidente da câmara.
Em sessão recente, o vereador disse na tribuna que não deixaria que essa sessão extraordinária desta terça-feira acontecesse, a não ser que tivessem uma ordem judicial. Disse poderia até trancar o plenário.
Há ainda denúncia de grave irregularidade em contrato de aluguel de equipamentos eletrônicos que podem estar em um valor alto.
