Sassaricando – Oscar Nora – 1º de julho de 2023

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Foto: Internet

“Se concentração ganhasse jogo, o time da penitenciária não perdia uma”. “Pênalti é tão importante que quem devia bater é o presidente do clube”. “Se macumba ganhasse jogo, o campeonato baiano terminava sempre empatado”. Todas as frases foram criadas por Neném Prancha.
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Nascido em nossa região sul fluminense, batizado em 1920 na cidade de Resende com o nome de Antônio Franco de Oliveira,
mudou-se jovem para o Rio de Janeiro. Do carioca-gozador logo ganhou o apelido de Neném Prancha porque tinha mãos e pés alongados como uma prancha.
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Neném conseguiu seu primeiro emprego como roupeiro do Botafogo, clube pelo qual se apaixonou. De roupeiro passou a ser o massagista do time e seu treinador nas divisões de base. No fim se tornou olheiro de General Severiano, quando descobriu Heleno de Freitas, um dos jogadores mais famosos dos anos 40.
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Em rápida passagem pelo Flamengo, Neném Prancha descobriu Júnior abrindo caminho para que o paraibano Leovegildo Lins Gama Júnior, que quinta-feira/29/junho fez 69 anos, se tornasse o craque que foi no Flamengo e na seleção brasileira.
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Ao longo do tempo, Neném Prancha foi criando e aprimorando suas frases de efeito, muitas delas cômicas, como “Bola tem que ser rasteira, porque o couro vem da vaca e a vaca gosta de grama”. Por isso recebeu de outro botafoguense, o saudoso Armando Nogueira, o apelido de “Filósofo do Futebol”.
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“Jogador de futebol, tem que ir na bola com a mesma disposição com que vai num prato de comida. Com fome, para estraçalhar” e “A cabeça é o terceiro pé”, são frases dele. O ditado “Em time que está ganhando não se mexe” não é de Neném Prancha que faleceu em 17 de janeiro de 1976, aos 70 anos, no Rio de Janeiro.
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No andar de cima do reino do céu Neném Prancha deve estar triste com a decisão do treinador Luiz Castro de deixar o Botafogo. Mas, caso comente o assunto com outro filósofo, o
Heráclito de Éfeso, que viveu por volta de 540 a.C., vai ouvir uma opinião curiosa.
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Para o discípulo de Tales de Mileto, a expressão “Em time que está ganhando não se mexe”, só seria verídica em uma única circunstância: em condições completamente constantes. E a única constante que existe é a mudança”.
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Sendo assim, fico me perguntando: isso explica o nocivo critério capitalista do futebol atual?

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