Profissionais da educação questionam aulas presenciais em Resende

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RESENDE

O sistema de ensino adotado pelo município durante a pandemia tem gerado insatisfação de profissionais e suas entidades representativas. Desde fevereiro, conforme o estabelecido por uma comissão multidisciplinar composta pela Secretaria de Estado de Saúde, pelas Secretarias Municipais de Educação, Saúde e Assistência Social e Direitos Humanos, pelo Educar e pelo Conselho Municipal de Educação. Com isso, a Rede Municipal de Educação promoveu o retorno das aulas presencias com 30% do efetivo, adotando um sistema híbrido, que mistura as aulas presenciais com o complemento de atividades on-line.

Com a situação da pandemia em classificação de alto risco de contágio em praticamente todo o estado, professores e entidades criticam a manutenção das aulas presenciais na cidade. O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) que apoiou a Associação dos Profissionais de Educação do Município de Resende (APMR) a deflagrar greve contra as aulas presenciais em fevereiro, destacou nesta semana que recebe denúncias da categoria sobre o descumprimento do protocolo de segurança nas escolas e creches.
A entidade ressalta que Resende e região consta em situação de maior gravidade pandêmica. “Solicitamos a realização de audiência urgente com a Secretaria Municipal de Educação para tratar sobre essa situação, uma vez que o próprio governo admitiu a possibilidade de suspensão das aulas presenciais no caso de agravamento da pandemia, o que está definitivamente comprovado”, frisa.

O Sepe denunciou o caso para a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) contando com o respaldo do deputado estadual Flavio Serafini (PSOL), que protocolou uma Ação Popular com pedido de tutela de urgência junto da 1ª Vara Cível da Comarca de Resende. O parlamentar pede a suspensão das aulas em Resende enquanto a cidade permanecer em bandeira roxa ou vermelha em decorrência da pandemia. “O município de Resende registrou ontem 9.836 casos confirmados da Covid-19 e um total de 298 óbitos causados pela doença (desde o início da pandemia). O número de casos ativos vem crescendo indicando que, caso haja flexibilização de medidas restritivas, há forte tendência para aumento do contágio”, informa o parlamentar que é professor e presidente da Comissão de Educação da Alerj.

Ao A VOZ DA CIDADE, a Prefeitura de Resende confirmou na tarde de quarta-feira, dia 7, que as aulas presenciais estão mantidas no município, tanto na rede pública quanto na rede privada. “A decisão está baseada em dados epidemiológicos da cidade, que apresentam indicadores em patamares diferentes de outros municípios da região. É importante ressaltar que esses dados são analisados diariamente. Com isso, as decisões também podem ser revistas a qualquer momento. A prefeitura informa ainda que todos os protocolos de segurança estão sendo seguidos nas unidades educacionais”, informa.

PROFISSIONAIS TEMEM O CONTÁGIO

Um grupo de professores e funcionários do setor pedagógico de unidades de ensino buscaram ajuda através do A VOZ DA CIDADE reivindicando a paralisação das aulas presenciais. Eles alegam avanço da pandemia e a indicação de casos de infectados na rede pública. “Sou hipertensa e começamos a mobilização da greve no início do ano contra as aulas presenciais. A adesão foi muito baixa e alguns profissionais acabaram seduzidos pela ‘dobra’ no valor do piso oferecido pela prefeitura. Não temos sequer uma plataforma municipal onde o aluno possa acessar a internet sem pagar nada, que não seja através do seu celular, por exemplo. Na aula presencial, não existe distanciamento nas escolas e nem todos tem como cumprir o protocolo de higiene. São vários casos de profissionais contaminados”, critica uma professora da rede.

Outra profissional reclama que os professores deveriam ter prioridade na vacinação para garantir aulas presenciais. “O ensino remoto precisa ter suporte para nós, como equipamentos e uma rede ativa de internet. Nas escolas, o risco de contaminação é alto e somente com a vacina poderemos ter a segurança”, opina.

APMR DEFENDE A VACINAÇÃO

A Associação dos Profissionais da Educação do Município de Resende (APMR) também é contra a manutenção das aulas presenciais. A APMR questiona a prefeitura sobre o cumprimento do protocolo de atividades presenciais nas escolas durante a pandemia. A associação indica que há casos de profissionais e estudantes infectados na rede municipal e que espera o bom senso de diretores dessas unidades para comunicar oficialmente os dados para a Secretaria Municipal de Educação.

De acordo com a professora Cláudia Luísa de Oliveira Andrade, presidente da APMR, a entidade defende a sequência do ensino remoto até que os profissionais da rede sejam imunizados. “O ensino remoto foi realizado no ano passado e até muito elogiado a forma como foi conduzido. A questão é que estamos na bandeira vermelha, aumentou muito os casos de infectados e questionamos desde o início o cumprimento do protocolo. Foi criado um protocolo de orientações pedagógicas e sanitárias para o retorno das atividades presenciais. Ele pede a análise epidemiológica que indique a redução contínua de novos casos para justificar o retorno das aulas presenciais, e não há redução contínua”, argumenta Cláudia Luísa.

A presidente da APMR destaca que o protocolo sanitário cita que uma escola deve ser fechada se ocorrer casos de infectados, o que não estaria acontecendo, citando A Escola Municipal Jardim das Acácias, no bairro Fazenda da Barra III, tem cinco professores com Covid-19.

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