Por onde anda a empatia?

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Se a ferida do teu próximo não te causa dor, reflita, o seu problema pode ser muito mais grave do que o dele. A empatia é colocada em prática quando desenvolvemos a capacidade de transpor as demarcações da nossa personalidade, da forma como julgamos e analisamos o perfil do outro com base nos conceitos que construímos. Todas as experiências que vivemos ao decorrer da vida são somente nossas e expressam uma ótica singular, particular, que nada diz acerca das demais pessoas, sobre suas escolhas e comportamentos.

Mas e quando buscamos reorganizar as peças e nos enxergar na realidade vivida pelo outro, percebendo todos os cenários por diferentes ângulos. Vamos observar, por exemplo, a população afetada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. Qual o sentimento daquelas pessoas? É realmente possível saber qual a sensação, qual é o semblante de alguém que convive com o medo? A empatia é justamente isso, um convite a ocupar o lugar alheio, sem juízos de valor, preenchendo um espaço de compreensão genuína. É oferecer o apoio que o outro precisa, é ser solidário. Assim como em uma guerra, muitas vezes é impossível fazer algo para aliviar as inseguranças. No entanto, se manter indiferente ou tentar tirar algum proveito da dor que alguém sente, não somente é um sinal de desumanidade, como um sintoma de quem deixou de se compadecer.

Certamente, você ouviu notícias esta semana sobre o vazamento de áudios que revelam comentários sexistas por parte de um político brasileiro, após uma visita ao leste europeu. O teor das declarações abarca, sobretudo, o julgamento do perfil das refugiadas ucranianas, consideradas fáceis pelo fato de não terem condições financeiras favoráveis. O sofrimento impresso nesses rostos foi interpretado como uma oportunidade de obter vantagem, de transformar dor em chacota. Faltou empatia, onde o preconceito se fez presente.

Isso diz muito sobre as manifestações sexistas que as mulheres precisam lutar bravamente todos os dias, seja socialmente, profissionalmente, ou em meio à guerra. Empatia não é sentir pelo outro, é sentir com o outro, exercendo um comportamento de entendimento. E justamente por ser um comportamento, pode ser desenvolvido e efetivado nas nossas relações.

Embora exista uma única data para comemorarmos o “Dia Internacional da Mulher”, há outros 365 dias durante o ano para lutarmos, junto com todas elas, por respeito, igualdade, garantia de direitos e empatia.

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