Mãe é condenada a mais de 12 anos pela morte e ocultação do corpo da filha

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BARRA DO PIRAÍ
Christiane Laport foi condenada a mais de 12 anos pela morte e ocultação do corpo da filha Julia Laport, de 10 anos, que foi encontrada enterrada dentro de uma mala no distrito de Ipiabas, em Barra do Piraí, no dia 21 de janeiro de 2019. O A VOZ DA CIDADE teve acesso ao processo do caso da criança, cuja condenação da mãe cabe recurso. No documento consta ainda que o padrasto da criança, Carlos Rhamon Manoel Ferreira, responderá pelo crime de ocultação de cadáver em liberdade.
Na quarta-feira, dia 10, o pai de Julia, Anderson Quintanilha, participou de uma audiência no Cartório da Família, Infância, Juventude e do Idoso da Comarca de Barra do Piraí, onde Christiane perdeu todos os direitos de mãe sobre os outros três filhos que tem com ele, estando os mesmos hoje todos sob guarda do pai.
O julgamento de Christiane e Rhamon aconteceu no dia 22 de setembro na Comarca da Capital da 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, acompanhado pela juíza Viviane Ramos de Faria. Na sentença do Ministério Público, a mãe é culpada pela morte da filha e pela ocultação do corpo da mesma. Já Rhamon foi apontado como culpado pelo segundo crime.
No documento do MP, ele justifica que Christiane é considerada culpada pela morte de Julia, que possuía Sindrome de West, doença gravíssima que ocasiona epilepsia de difícil controle e deficiência mental grave, cujo nível cognitivo correspondia a de uma criança de seis a oito meses. “Neste sentido, ciente de que sua filha necessitava de cuidados diários e contínuos para evitar intercorrências, tais como sufocamentos após crises convulsivas e aspiração de vômito, largou a criança a sua própria sorte, deixando que morresse, demonstrando extrema frieza e indiferença com a vida de sua própria filha”, argumentou o MP, completando que mesmo após a morte da criança, ela continuou a vida normalmente, como se nada tivesse ocorrido.
DEIXADA SOZINHA EM CASA
O Ministério Público também justificou o fato da criança ter sofrido ainda em vida, já que era deixada sozinha em casa, mesmo necessitando de cuidados tais como um bebê, devido a síndrome que possuía. “Ela foi passando por intenso sofrimento ainda viva”, completou o MP. “Além disto, familiares passaram a perceber que a criança estava muito magrinha e que só mexia os olhos, não parecendo bem cuidada, relatando inclusive que o local em que Julia ficava cheirava mal, com fezes, vômitos e urina”, frisou no documento.
O MP também menciona que a menina morava com os outros três irmãos, hoje com 15, 10 e oito anos, causando uma interrupção no convívio de todos e um grande trauma para toda a família; assim como para o pai, que tomou conhecimento da morte da filha quando o corpo já se encontrava em avançado estado de decomposição (ele tinha uma medida protetiva para não se aproximar dos filhos).
OCULTAÇÃO
Ainda segundo o MP, após ter causado a morte de sua própria filha, a deixando sozinha e privando de socorro, a mãe ocultou o corpo por seis meses. Ela enrolou o cadáver de Júlia em uma manta e colocou dentro de um armário na própria casa. “Em seguida, a ré achou por bem esconder melhor o corpo, escolhendo, para tanto, em uma mata em um terreno. Ela colocou o corpo da menina dentro de uma mala e levou com Carlos Rhamon, de motocicleta de Barra do Piraí a Ipiabas, em um trajeto que durou aproximadamente 30 minutos”, narrou o Ministério Público.
Conforme já divulgado anteriormente pelo A VOZ DA CIDADE, o corpo da criança foi encontrado meses depois pela equipe da 88ª Delegacia de Polícia (DP). Na ocasião, o pai desconfiou após familiares questionarem não ver mais a menina. Ele, que estava proibido de se aproximar dos filhos, achou estranho e procurou a polícia, que acabou descobrindo o crime.
Christiane Laport foi condenada a 12 anos e sete meses de prisão em regime fechado cabendo recurso; e Carlos Rhamon a um ano e sete meses inicialmente em regime aberto, ou seja, em liberdade.
‘NÃO EXISTE JUSTIÇA’
Em entrevista ao jornal na tarde de quinta-feira, 11, Anderson Quintanilha expressou o sentimento após o resultado do julgamento. “Eu estou indignado, a Justiça no Brasil não existe, a verdade é esta. Não existe Justiça no Brasil. A pessoa pode cometer o crime que for que não paga, não paga. Inclusive matar uma criança de dez anos e isso?”, disse revoltado o pai da pequena Julia.

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