Mãe de uma das mulheres suspeitas de espancar criança de seis anos fala sobre as agressões

0

PORTO REAL

O A VOZ DA CIDADE conversou, na tarde de quarta-feira, dia 21, com a dona de casa, Rosângela Nunes, 50 anos, mãe de Brena Luane Barbosa Nunes, 25 anos e sogra de Gilmara Oliveira de Farias, 28 anos, suspeitas de espancarem durante três dias uma criança, de seis anos, no bairro Jardim das Acácias, em Porto Real. Brena e a companheira, mãe da criança, foram presas em flagrante, por policias militares na segunda-feira, dia 19, algumas horas após a menina ser internada em estado grave, no Hospital Municipal São Francisco de Assis. A criança foi transferida para a UTI Infantil de um hospital particular de Resende, onde seu estado ainda continua grave, porém estável.

Criança, de seis anos, está internada na UTI Infantil Neovida, anexa do Samer Hospital, em Resende-Fábio Guimas

Rosângela – que mora na casa de três quartos, cozinha, banheiro e uma pequena varanda na lateral, no bairro Jardim das Acácias, com a mãe, de 86 anos que tem dificuldades para andar -, relatou os ataques sofrido pela criança, no último final de semana. “As agressões começaram na noite de sexta-feira, dia 16, quando a menina abriu, sem pedir, duas caixas de leite da minha mãe. A Gilmara corrigiu a criança, mas minha filha não gostou e começou agredi-la”, disse Rosângela, mostrando o fio de TV a cabo que a filha pegou para bater na criança. “Ela veio para a varanda, pegou o fio, enrolou nas mãos e disse que ia bater nos gatos. Eu até acreditei, mas depois ela virou para a mulher dela e disse que também servia para ela. A partir daí, começou a bater na criança que gritava e chorava. Até na mulher ela bateu”, contou.

A mãe de Brena disse que não pode fazer nada. Contou que foi ameaçada de morte, assim como sua mãe, que é acamada. “Não tive como impedir ou pedir socorro”, contou, completando que neste dia, a menina ficou com hematomas no corpo. Já no sábado, as agressões recomeçaram à noite. “A Brena, após ter bebido, arrastou a criança para fora e com a ajuda da mulher, começou a bater a cabeça da criança na parede”, narrou Rosângela, dizendo que as mulheres batiam na criança porque ela tinha dificuldade para dormir. Segundo ela, o som alto era ligado e a criança começava a apanhar. A filha jogou a mãe na cozinha e fechou a porta pegando seu celular para não ligar para a polícia. Rosângela destacou que na vizinhança todos tinham medo de sua filha.

No domingo, as agressões retomaram a noite. “A minha filha começou a bater na criança. Ela arrastou para fora da casa, bateu com o fio de TV a cabo e, até chegou a jogar a menina em um barranco de cerca de sete metros localizado nos fundos do quintal. A criança só não caiu lá embaixo, porque a Gilmara segurou no matagal e conseguiu pegá-la”, explicou Rosângela que na madrugada de segunda-feira, dia 19, verificou que a criança tinha dificuldade para respirar. “Levantei por volta das 4 horas pra fazer café pra minha mãe e vi que a menina estava com respiração ruim, com sororoca. Quando elas acordaram, por volta das 10 horas, eu falei que a menina estava passando mal. Foi aí, que ela me deu o celular e chamei o Samu”, afirmou a mulher que acompanhou Gilmara e a criança no Hospital São Lucas. “No hospital, a Gilmara disse que um caibro caiu na menina. Eu ainda disse para ela não mentir. Foi quando a polícia desconfiou e apertou a Gilmara que contou que minha filha agrediu a criança”, disse.

Menina ficava deitada em um colchão no chão, no canto do quarto-Fábio Guimas

MENINA VIVIA ISOLADA EM QUARTO

Rosângela ainda contou que desde que chegou em sua casa com Gilmara, em outubro do ano passado, a criança vivia isolada no quarto. “A menina dormia em uma cama de solteiro no quarto que minha mãe ficava. Ela só saia para ir ao banheiro, tomar banho e ir na cozinha beber água. A minha filha não gosta de criança e não suportava ver a cara dela. Não podia sair do quarto, até almoçava aqui”, contou a dona de casa que deixou a equipe de reportagem entrar na casa, acrescentando que a menina só ficava na cama com a cabeça virada para a parede. “Elas colocavam a menina aqui no quarto como se fosse um cativeiro. A criança não podia ir no quintal ou falar. Só ficava deitada”, ressaltou, acrescentando que nos últimos meses a menina passou a dormir em um colchão no chão, já que durante uma dessas agressões, Brena chegou a quebrar a cama. “Uma vez, de tanto socar a menina na cama, acabou quebrando. Então, tive que arrastar a cama para o lado, colocar o colchão no chão e deixa-la dormindo aí. A menina não reclamava de nada, ficava deitada”, relatou.

AGRESSORAS SERÃO ENCAMINHADAS PARA PRESÍDIO NO RIO

Em depoimento ao delegado titular da 100ª Delegacia de Polícia (DP), Marcelo Nunes Ribeiro, as mulheres confessaram a agressão. No final da tarde desta quarta-feira, dia 22, o juiz de custódia, Marco Aurélio da Silva Adonia, converteu a prisão em flagrante de Brena e Gilmara, em preventiva. Elas serão transferidas, nos próximos dias, da Cadeia Pública de Volta Redonda para uma unidade do sistema prisional feminino do Rio de Janeiro, enquanto seguir o trâmite do processo. Já Rosângela vai responder, em liberdade, por crime de omissão de socorro.

Deixe um Comentário