Esforços globais para o controle do tabaco enfrentam desafios diante da indústria e do fumo passivo

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NOVA IORQUE

No cenário internacional, países como Brasil, Türkiye, Maurício e Holanda são aplaudidos pela implementação bem-sucedida das medidas de controle do tabaco MPOWER, desenvolvidas pela agência de saúde da ONU. No entanto, apesar desses avanços, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta para a existência de 2,3 bilhões de pessoas em 44 países que ainda permanecem desprotegidas pelas políticas de combate ao tabagismo, deixando-os expostos aos riscos das doenças relacionadas ao vício e sobrecarregando os sistemas de saúde.

O último relatório divulgado pela OMS chama atenção para a situação em 53 países, onde a proibição total do fumo em estabelecimentos de saúde ainda não está em vigor, apesar do reconhecimento de que o uso do tabaco continua sendo uma das maiores ameaças à saúde pública. Estima-se que anualmente 1,3 milhão de mortes ocorram devido ao fumo passivo, ressaltando a urgência de ampliar as medidas de controle.

Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, lidera os apelos por maiores esforços no combate ao tabagismo. Ele denuncia a promoção agressiva de cigarros eletrônicos como uma alternativa supostamente mais segura, especialmente para os jovens. O alerta é claro: cigarros eletrônicos não são isentos de riscos, prejudicando tanto os usuários quanto as pessoas ao seu redor, especialmente em ambientes fechados.

Embora os dados da OMS mostrem uma redução na porcentagem de fumantes, novos desafios surgem com a regulamentação de cigarros eletrônicos e outros produtos de tabaco aquecido. A indústria tem lançado produtos com concentrações de nicotina difíceis de regular, o que compromete os esforços de controle. Além disso, alguns produtos são comercializados como “sem nicotina”, mas escondem esse ingrediente viciante, tornando a distinção entre produtos ainda mais difícil.

Para proteger mais pessoas dos malefícios do tabaco, as medidas MPOWER da ONU oferecem conselhos sobre como lidar com o tabagismo passivo, informações para auxiliar no abandono do vício, advertências sobre os perigos do tabaco, e restrições na publicidade e promoção desses produtos. A promoção de espaços públicos livres de fumo é uma das estratégias eficazes para desestimular o hábito e proteger a saúde pública.

Tedros enfatiza que o tabaco é uma das principais causas evitáveis de mortes prematuras, matando metade de seus usuários quando usado exatamente como pretendido. Nos últimos 15 anos, as medidas MPOWER da OMS resultaram em 300 milhões de fumantes a menos no mundo, mostrando a importância dessas políticas para a saúde global.

Ainda é urgente que todos os governos, independentemente do nível de renda do país, priorizem o controle do tabaco. A implementação efetiva dessas medidas pode salvar vidas e reduzir significativamente os custos de saúde e produtividade associados ao tabagismo. Com o futuro das próximas gerações em jogo, é fundamental agir agora para combater essa ameaça global à saúde e evitar a propagação desse assassino evitável.

*Luciano R. Pançardes – Editor chefe

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