Entenda a investigação que levou Crivella à prisão

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RIO DE JANEIRO/ANGRA

Marcelo Crivella, suspeito de comandar uma organização criminosa, tinha mais que conhecimento sobre o esquema de desvios de recursos e lavagem de dinheiro em curso na Prefeitura do Rio de Janeiro, segundo a investigação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ).  Na denúncia, os promotores relacionaram 24 pontos que ligam o prefeito ao crime. Com o afastamento de Crivella, o presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Jorge Felippe (DEM), assumiu a prefeitura, uma vez que o vice de Crivella, Fernando Mac Dowell, morreu em 2018.

Crivella foi preso na manhã de hoje, dia 22, durante a ‘Operação Hades’, que visou cumprir também mandados de prisão preventiva contra seis pessoas, por integrarem organização criminosa voltada para as práticas dos crimes de corrupção, peculato, fraudes a licitações e lavagem de dinheiro.  Também houve o cumprimento de dois mandados de busca e apreensão, em razão de determinação judicial de sequestro de bens e valores na ordem de R$ 53 bilhões. Marcelo Crivella foi preso ontem, dia 22, em sua casa, na Barra da Tijuca.

Os outros presos foram: o empresário Rafael Alves; o ex-tesoureiro da primeira campanha de Crivella, Mauro Macedo; os empresários Christiano Campos e Adenor Gonçalves, e o delegado aposentado Fernando Moraes. O ex-senador Eduardo Lopes não foi encontrado no endereço no Rio de Janeiro. Além da Região Metropolitana do Rio, uma das buscas aconteceu no Porto do Frade, em Angra dos Reis, para apreender uma lancha de Rafael Alves.

Segundo aponta o MP, foram denunciadas 26 pessoas, sendo que de acordo com a denúncia, ajuizada pela Subprocuradoria-Geral de Justiça de Assuntos Criminais e de Direitos Humanos (SUBCDH/MPRJ), foram encontradas diversas práticas criminosas identificadas a partir da análise do material apreendido, quebra de dados telemáticos, relatórios de inteligência financeira, depoimento de colaboradores e de testemunhas, que revelaram a existência de uma bem estruturada e complexa organização criminosa liderada por Crivella e que atuava na Prefeitura desde 2017.

De acordo com os promotores, mesmo não tendo qualquer cargo oficial junto ao empresário Rafael Alves, o ex-tesoureiro de campanha, Mauro Macedo de Crivella e o ex-presidente do partido do prefeito, Eduardo Lopes, atuavam na administração municipal para defender os interesses da organização criminosa. Esses personagens são pontos fundamentais nos pontos apresentados pelo Ministério Público.

Pontos apresentados

Os pontos apresentados pelo MP, que ligam Marcelo Crivella foram: Depoimento do colaborador Paulo Roberto de Souza Cruz, que revelou o pagamento de antecipação de propina a Mauro Macedo; a nomeação de Marcelo Alves como presidente da Riotur, que seria o cumprimento de um acordo feito, ainda durante a campanha eleitoral, com o empresário Rafael Alves, irmão de Marcelo; permissão da utilização da sede da Riotur como ‘quartel general da propina’; livre atuação de Rafael Alves dentro da Riotur, que permitiu direcionar licitações e fraudar contratos;

O MP apontou ainda a existência de um esquema de corrupção para burlar os pagamentos do Tesouro Municipal; pagamentos milionários para empresas com a interferência de Rafael Alves; localização de documentos assinados pelo prefeito que autoriza a antecipação de pagamentos para empresas comprovadamente pagadoras de propina para a organização criminosa; indicação feita por Rafael Alves para o cargo de subprefeito da Barra da Tijuca, acatada por Crivella; indicação para o cargo da Previ-Rio pelo empresário, também acatada pelo prefeito; permissão do prefeito para que Rafael Alves participasse de reuniões estratégicas com a alta cúpula da administração municipal; decisão do prefeito de impedir a demolição da casa do senador Romário, construída em área irregular, a pedido de Rafael Alves, etc.

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