A internet está aí, com centenas de canais no YouTube e mais uns milhares de blogs, te dizendo aonde investir. Títulos públicos, privados, ações, derivativos, dólar, bitcoins, ufa! São tantas opções que a cabeça dá um nó e fica difícil decidir por onde ir. Nessa hora aparecem os gurus, aquelas pessoas que têm certeza que entende melhor que você mesmo, para onde deve ir o seu dinheiro. Seja o amigo descolado, o influencer, ou o gerente do banco, ninguém tem mais responsabilidade sobre a sua reserva do que você. Ouvir opinião é sempre bom, mas a decisão tem que ser sua. Por isso hoje vamos aprender a identificar um ou vários investimentos para chamar de seu.
Antes de encarar qualquer investimento, é preciso identificar o seu perfil de investidor, e essa não é a tarefa mais simples do mundo. Muita gente pensa que tem um perfil mais arrojado até se deparar com a primeira perda, se desesperar e realizar o prejuízo. Vários fatores constroem seu perfil, não só sua tolerância ao risco, mas também a sua idade, seus projetos traçados, conhecimento sobre o mercado, as reservas que já foram construídas e quando elas precisam estar disponibilizadas. Do mesmo jeito que estes fatores se alteram na medida em que o tempo passa seu perfil de investidor também pode mudar, por isso é sempre bom buscar conhecer mais sobre todas as oportunidades do mercado, até as que não se enquadram no seu perfil, se um dia se tornarem interessante pra você, vai poder tomar decisões mais seguras por estar mais familiarizado com o assunto.
Desde novembro de 2013, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) obriga todos os bancos a realizarem uma série de perguntas simples para identificar o perfil da pessoa que pretende aplicar. Estes questionários, geralmente estão disponíveis em seus sites e Apps, o que pode te ajudar com um primeiro passo para identificar que investidor é você no mundo das finanças. Feito isso, o próximo passo é avaliar pra onde o dinheiro vai, e para sua decisão ser bem-sucedida, algumas regras devem estar claras na sua cabeça: 1 – Não adianta fazer o investimento que todo mundo diz que é bom, mas não te deixa dormir, se a sua tolerância a risco não admite oscilação, não faça! 2 – Não aplique seu dinheiro confiando na intuição ou na sorte, investir não é jogar. 3 – Procure opiniões fundamentadas de quem entende do assunto, mas não deixe de fazer sua própria pesquisa, a decisão tem que partir de você. 4 – Os investimentos com maior risco tendem a render mais no longo prazo, mas é como uma piscina de água bem gelada, não dá para se jogar, tem que ir aos poucos. Quanto mais conhece, maior será sua tolerância ao risco e mais oportunidades vão encontrar.
Agora vamos nos inteirar mais sobre o assunto, colocar a vida financeira para andar e partiu piscina! Boas rentabilidades nos aguardam.
Antigamente as pessoas recebiam sua remuneração com sal, daí a palavra salário, era um artigo de luxo, já que não existia energia elétrica e ele servia justamente para conservar os alimentos. Depois a humanidade evoluiu e começou a trocar os metais entre si, e pra tornar a transação mais fácil, estes eram padronizados em tamanho e peso, dando origem às moedas, mais tempo se passou e as pessoas começaram a guardar suas moedas em lugares seguros, que emitiam notas garantindo a quantidade de ouro guardada, na hora de comprar alguma coisa, em vez de levar a nota a casa de depósito, pegar o ouro, entregar ao vendedor, e este depositar em seu nome, todo mundo começou a trocar as notas que recebiam como garantia e assim o dinheiro existe como o conhecemos. No ano de 1983 o Banco Itaú lançou o primeiro caixa eletrônico no país, a partir daí, além de notas e moedas, nosso dinheiro também se transformou em dígitos de uma tela eletrônica, e era possível consultar e movimentar o dinheiro sozinho, sem nenhum funcionário. O tempo evoluiu e em 2000 o Banco do Brasil lança o primeiro serviço de autoatendimento personalizado, o internet banking, não era mais necessário ir ao banco para a manutenção do dinheiro, quase todas as coisas podiam ser feitas de casa. As coisas foram mudando, novos Apps sendo criados e hoje o Brasil tem mais de 150 bancos com funcionamento autorizado pelo Banco Central, a maioria deles com atendimento totalmente digital. E você, ainda tem medo de instalar o App do seu banco no celular?
Para manter uma agência, com toda sua estrutura e funcionários, o banco precisa gastar uma certa quantia, que é repassada no custo do serviço cobrado na tarifa mensal da sua conta-corrente. Nem todo mundo tem uma movimentação financeira tão alta e necessidades de outros serviços que o façam precisar de ajuda pra administrar o seu controle financeiro, mas o que o banco oferece na agência é igual para todos, e você paga só por ter à sua disponibilidade um monte de serviços que não usa. É igual àquela assinatura da Netflix que não serve para nada, ou aquele monte de canal no seu pacote de TV que você não assiste. Uma tarifa mensal parece pouco, são só R$ 20 por mês em média, mas esse valor em cinco anos te faz perder R$ 1.500. E a anuidade do cartão de crédito? Mais R$ 20 por mês se for um cartão simples, ou seja, soma mais R$ 1.500 na sua conta de dinheiro gasto à toa.
Uma conta digital custa menos para qualquer instituição financeira, e por isso pode ser mais barata, tem um monte de banco totalmente digital oferecendo conta de graça, é só procurar o que melhor te atende e perder o medo. Na hora da pesquisa, se atente pra saber se ele atua com autorização do Banco Central, é só pesquisar no www.bcb.gov.br, se você vai conseguir fazer saques e depósitos se precisar, e os valores e quantidade dos serviços adicionais como TEDs e saques por exemplo, o melhor é que seja de graça. Normalmente esses bancos não são as melhores opções para investir dinheiro, mas cuidam muito bem da movimentação que você precisa. Aproveita que está na pechincha, e vai atrás de um cartão de crédito de graça também. Os bancos digitais costumam a oferecer de graça, mas sem o programa de milhas, daí você faz as contas, o que é mais barato, a anuidade ou o benefício que as milhas vão te dar.
Darwin já nos ensinou que sobrevive quem melhor se adapta as mudanças. Não vamos deixar o medo da tecnologia nos fazer perder dinheiro, ela precisa ser uma aliada.
Já houve época que, para ganhar um bom rendimento, sem oscilações, bastava aplicar o valor em uma renda fixa e esperar. Títulos públicos e privados, fundos de investimentos referenciados ao DI e até a poupança deixavam o investidor conservador bem satisfeito. Porém as coisas mudaram, e o que mais escuto hoje é: “Itaíse, meu dinheiro não rende nada”. Se você também anda pensando que seu dinheiro está tirando férias, e de vez em quando o pega em uma bela soneca, coloca ele para trabalhar e mostra que quem vai tirar férias aqui é você!
Para quem se mantém em uma estratégia conservadora, estava rindo à toa em 2016, quando olhava a rentabilidade acumulada e via mais do que o sonhado 1% ao mês, a taxa básica de juros estava em 14,25% ao ano. De lá para cá muita gente reparou que os rendimentos reduziram bastante, é porque a taxa de juros (Selic) desceu o tobogã e chegou a 6,5%, com chances de cair mais. Mas calma! Antes de você ficar com raiva da Selic, deixa eu explicar como o Brasil ficar muito melhor com as taxas de juros cada vez mais baixa. A inflação em 2015 chegou a 10,67%, ou seja, você perdeu quase 11% do dinheiro que já tem e do salário que iria receber sem fazer nada. Para economia entrar no lugar e a inflação cair, a taxa de juros sobe. Então por que não se mantém a taxa alta com a inflação controlada? Porque junto com a taxa sobe também o desemprego, taxa de empréstimos e financiamentos, o que leva a população se endividar mais. Se você estava triste porque a Selic baixa te fez ganhar menos, se alegre, o Brasil inteiro está ganhando mais, e até você mesmo sem perceber, quando tem menos inflação consumindo seu rico dinheirinho. Parece meio contraditório querer ao mesmo tempo mais rentabilidade e que a taxa de juros se mantenha pequenininha junto com a inflação, mas estou aqui para provar que é possível.
Para quem tem um rendimento reduzido quando no resgate de uma renda fixa paga o IR, a solução mais simples é parar de pagar o tal do imposto. Hoje no Brasil existem alguns investimentos com esse benefício. Separei alguns para você pesquisar e dar uma sacudida nesse seu dinheiro e ver se ele acorda. Vale lembrar que todos são títulos de crédito, e o risco que corremos é de tomar ou não um calote, então para começar, escolha os títulos com classificação AAA. Os mais populares deles são as Letra de Crédito do Agronegócio (LCAs) e as Letra de Credito Imobiliária (LCIs), que são títulos emitidos por bancos com um destino específico, no caso das LCAs, o financiamento de negócios agropecuários, e as LCIs, financiamentos imobiliários, o que ajuda o comprador final de ambos os mercados pagar um juros menor, por isso o governo incentiva liberando do imposto. Outro investimento menos comum, mas funciona de forma bem parecida são os CRAs e os CRIs, a diferença é que são emitidas não por um banco e sim por uma securitizadora, que são empresas que compram o crédito de outras e os revendem e por isso não são protegidos pelo FGC, mas isso não significa que você está correndo alto risco e vai perder o dinheiro aplicado, é só ficar de olho na classificação de crédito (ou rating) como falei acima. E por último, as empresas de infraestrutura, aquelas que constroem rodovias, aeroportos, e outras coisas que favorecem a infraestrutura do país e geram bastante empregos. Quando fazem um novo investimento e precisam se capitalizar, emitem um pedido de empréstimo chamado debênture, e para ajudar e torná-la atrativa para quem vai financiar o projeto, o governo isenta o imposto sobre a rentabilidade. Se você achou muito difícil, pode recorrera a um fundo de investimento, já existem opções que misturam isso tudo que eu citei e não tem incidência nem IR, nem de come-cotas. Os fundos também te dão a oportunidade de acessar estes investimentos com valores bem menores.
Agora, é só ligar o despertador e encerrar as férias da sua reserva. Quanto mais o dinheiro trabalha, mais você se sente seguro.
De repente você arrumou um emprego e precisa impressionar, aliás a primeira impressão é a que fica, passa o tempo e vê que para que as coisas deem certo, precisa de credibilidade, e a única maneira que acredita alcançar é através do status. Você compra roupas novas e caras com frequência, até porque não pode ser o antiquado, feio ou fora de moda, o seu celular é sempre o mais moderno e o carro o mais caro, dessa maneira as pessoas vão ver que é bem sucedido e vão te abrir portas, você diz a si mesmo que é um investimento. Suas contas estão sempre no limite do seu salário, se recebe um aumento, hora de se recompensar com uma nova elevação do padrão de vida. Almoços, jantares e baladas em lugares caros, sempre rendem uma boa foto para todo mundo curtir a sua vida no Instagram, já que você mesmo não está curtindo.
Essa rotina vai se tornando um vício, enquanto as dívidas vão aumentando, e você vai deixando de lado a independência financeira, mais presa fica a empregos que não gosta e até aos relacionamentos abusivos. Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção de Crédito (SPC) mostrou que 56% dos brasileiros reconhecem não conseguir aproveitar a vida da maneira ideal por causa da forma que administra seu dinheiro, e 28% afirmam apenas ‘sobreviver’ com o salário. Outro dado assustador é um levantamento feito pelo Ministério Público de São Paulo, em parceria com o Tribunal de Justiça, que mostra que, uma em cada quatro mulheres que sofre violência doméstica, não denuncia o agressor porque depende financeiramente dele. Viver sempre no limite do orçamento, não deixa espaço para o imprevisto. Qualquer coisa que aconteça fora do esperado, te obriga a acionar algum mecanismo de crédito e assim nasce uma dívida nova. Se não fizer um planejamento e reorganizar as prioridades, muito dificilmente essa dívida vai te deixar.
Se você está perdido e não sabe por onde começar, vamos seguir alguns passos. Primeiro é preciso descer um nível, adotar um estilo de vida mais simples, trocando o carro por um mais popular, deixando algumas marcas, acabando urgentemente com a ostentação, etc. Se você já está imaginando que isso vai ser um castigo, calma! A recompensa é acabar com essa frustração de nunca realizar o que sonhou. Com os gastos ajustados, é hora de organizar a forma como gasta seu dinheiro. Seu orçamento mensal deve estar organizado mais ou menos assim: 50% para as contas fixas, 30% para investir e 20% para o lazer. Se não conseguiu em um mês, não desista! No mês seguinte tenta de novo, até se tornar um hábito.
Agora vamos fazer com que as coisas que mais deseja saiam do plano da utopia e comecem a se realizar. Não espere o mês que vem para dar início a sua liberdade. Deixar de ser apenas um sonhador e se transformar em um realizador é seguir um caminho de felicidade.
Você é uma daquelas pessoas com um sonho, que necessita de dinheiro para realizar, e nunca consegue? Anos se passam, mais compromissos financeiros aparecem, e o que você desejava fica cada vez mais no plano da utopia. Ou também faz parte do grupo de indivíduos permanentemente endividados, sufocado por parcelas e refinanciamentos há muito tempo, sempre com um imprevisto que te joga pra baixo e não deixa você sair dessa ciranda? Se você responde “sim” a qualquer uma destas perguntas, acredite, a culpa não é do universo, é sua. Então vamos acabar com as lamentações e fazer um ‘detox financeiro’.
Durante a vida vamos acumulando uma série de maus hábitos, sejam relacionados a nossa alimentação, à saúde física ou mental, e do mesmo jeito que esse estilo de vida deteriorável pode trazer sérios problemas para o nosso corpo, os maus hábitos financeiros também podem deixar o bolso doente, e se a sua vida financeira não vai bem, outros problemas vão se somar a isso. Estes comportamentos tóxicos são silenciosos, passam despercebidos, geralmente fruto de preguiça, acomodação e falta de planejamento. Para fazer seus planos saírem do papel, é preciso uma grande mudança, que no início vai incomodar, mas depois vira rotina, reestabelecendo um metabolismo saudável para as suas reservas.
Começando as dicas que vão revolucionar sua conta bancária, vou chamar o filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau para me ajudar. No século XVIII ele já dizia que “o homem é produto do meio”, ou seja, aprendemos ou replicamos o comportamento das pessoas que nos cercam, a partir desta ideia fica fácil tomar o primeiro passo, que é se libertar das pessoas tóxicas. Se todos os seus amigos são endividados, compradores compulsivos, adoram, ostentar e buscam status antes de outras conquistas, você vai ser mais um. Está na hora de ampliar seu network, conhecer pessoas novas que possuem os mesmos valores que você, e vão acrescentar boas ideias na sua busca pela vida financeira saudável.
Outra dica superimportante é ajudar o seu cérebro a poupar esforço para resistir as tentações de consumo. Para que sofrer resistindo às promoções anunciadas nas páginas de lojas nas redes sociais, ou às novas sugestões de compras diferentes que aquela blogueira faz todo dia? É só deixar de seguir! Aproveita e sai daqueles grupos de compra, bloqueia aquela loja que te manda novidades toda semana e vai ao site do Procon bloquear as ligações de telemarketing também. Quanto menos contato com ofertas, menos vontade de comprar você vai ter.
A última dica, e a mais difícil delas, é saber exatamente com o que você gasta seu dinheiro. Uma vez eu e um conhecido fomos juntos fazer um detox da sua conta e entre assinaturas de jornais e revistas que ele não lia, seguros desnecessários, títulos de capitalização, e até uma conta de telefone cadastrada em débito automático que ele não sabia de quem era se somavam R$ 2 mil por mês. Se você tiver o hábito de olhar sua conta toda semana, vai repensar se o que anda gastando realmente é necessário. Então quando acabar de ler esta coluna já pega um papel e separa tudo que pode ser cortado: redução dos pacotes de TV e academia, economia na conta de luz, assinaturas que não usa, etc.
Você pode escolher entre administrar pobreza e correr atrás dos seus sonhos estabelecendo metas e criando compromissos de investimento todos os meses. Construir uma vida financeira saudável só depende de você. Agora pra te ajudar a dar o primeiro passo em direção à riqueza, vou deixar uma dica bônus: Vai no meu instagram (@itaisecabral) e se inscreve!
Hoje é 94º dia de 2019, mas é tanta tragédia acontecendo, que parece que estamos vivendo este ano há pelo menos uns cinco. É barragem se rompendo em Brumadinho (MG), ex-presidente preso, Presidente da República brigando com Presidente da Câmara em rede nacional, andamento da reforma da previdência enguiçado e, enquanto isso a economia do país dá um nó.
No dia 18 de março a Bolsa de Valores de São Paulo chegou a sua marca histórica de 100.000 pontos, e nos dez dias seguintes, devido a esses inúmeros contratempos, parecia que estava em um tobogã, nos fazendo a assistir uma queda de quase nove pontos percentuais, chegando a 91.900 pontos. Não foi tão ruim quanto à turbulência que vivemos em 2016 com um impeachment e uma inflação de 10,9%, mas deixou muita gente de cabelo em pé.
Nesse momento, muitas pessoas se assustam, acham que a economia vai entrar em colapso e começam a vender suas posições de investimentos pra deixar o dinheiro quietinho em algo bem conservador, esperando a tempestade passar, com esse movimento o preço das ações, dos contratos de juros e outros ativos cai, e é nessa hora que encontramos um verdadeiro ‘saldão’ na bolsa.
Quando eu comecei a estudar o mercado financeiro, e dava início a minha primeira oportunidade de cuidar de dinheiro, o mundo vivia um momento que deixou muita gente assustada, a crise do ‘subprime’, foi uma época que grandes empresas fecharam as portas e bancos entraram em falência.
A Bolsa de Valores iniciou o ano de 2008 com mais de 63.000 pontos e terminou com 37.000. Estava todo mundo com medo de tirar o dinheiro do colchão (inclusive eu), e com isso o preço das ações só caia. Nessa época eu escutei um mestre da educação financeira, Gustavo Cerbasi, dizendo que “em momentos de crise surgem grandes oportunidades”, fiquei com uma grande interrogação na cabeça e fui me inteirar do assunto, e não é que é verdade?! Empresas sólidas, com horizonte de crescimento, um bom mercado ainda a ser explorado também sofrem reflexos desse momento de cautela, onde todo mundo resgata desesperadamente o dinheiro. Suas ações ficam mais baratas, abaixo do preço justo, ou seja, do que realmente valem. Nessa hora um monte de gente inteligente aproveita e compra os ativos a preço de banana, esperando o momento que tudo vai voltar ao normal.
Comprar uma ação fora do preço é como aproveitar um ‘saldão’ das Casas Bahia e levar um ar condicionado no inverno bem mais barato com a certeza que o verão vai chegar, ou aproveitar a liquidação de uma loja de agasalhos na troca da coleção que coincide com a época que realmente faz frio. É voltar à atenção para oportunidades enquanto está todo mundo focado em outra coisa.
Quando as más notícias começarem a estampar os noticiários, não tenha medo! Procure uma empresa que você goste, joga no Google, pesquise sobre ela e procure saber a opinião dos economistas, veja se o preço das ações está mais barato que o normal e COMPRE! Dinheiro no colchão ou em investimentos superconservadores pode atrasar o seu enriquecimento. Não se assuste com a crise, receba com disposição para aproveitar todas as oportunidades que ela pode te trazer.
Oi, meu nome é Itaíse, tenho 32 anos e um patrimônio acumulado de uma vida financeira saudável, ausência de necessidade, realização pessoal e profissional, autoconfiança, e o mais importante, uma vida boa de ser vivida! Desculpa minha indiscrição, é que eu precisava chamar sua atenção para o que realmente importa.
Semana passada a internet parou pra ver uma propaganda que trazia uma linda menina, de 22 anos, que investia há três anos e começando com R$ 1.520, acumulou um patrimônio milionário. A partir daí convidava o espectador a clicar em um botão onde ela ensinaria sua estratégia vencedora para que fosse replicada e assim formar novos milionários.
Nem preciso dizer a quantidade de gente que tem o forte desejo de enriquecer da noite para o dia que foi atrás dessa empreitada. Se você, como eu, desde muito novo já tinha sonho de acordar rico sem esforço, trago novas verdades e vou responder algumas perguntas.
Primeira delas: É possível virar um milionário instantaneamente? Todo mundo sabe que SIM! Basta ganhar na loteria, receber uma boa herança/doação ou cavar um buraco no quintal de casa (desde que seja própria) e encontrar um diamante de 5 kg.
Segunda pergunta: O caso da Betina é real? Não a conheço, mas acredito que possa ser SIM! Eu também cliquei no botão, e, além disso, vi duas entrevistas onde ela contou como chegou lá. Esse pequeno valor foi o investimento inicial, mas não o único. Ela continuou fazendo aportes de toda a renda que ganhava nesse período, e investiu uma doação de R$ 35 mil, que ganhou do seu pai.
Talvez nem todo mundo consiga investir 100% da sua renda em três anos, não só por resistir ou não as tentações de consumo, mas por não ter a mesma estrutura que ela e precisar dedicar parte da sua renda para alimentação, moradia, etc.
Porém, isso não tira o mérito que obteve com sua disciplina e escolhas realizada. Outro fato que também chama atenção são as condições particulares da economia nesse período. Enfrentamos uma grande crise econômica recheada com uma inflação de quase 11%, uma taxa de juros de mais de 14%, o maior escândalo de corrupção do nosso país sendo deflagrado pela lava-jato e um impeachment, com isso, ações de empresas sólidas, com horizonte de mercado ainda a ser explorado, chegaram a suas menores cotações históricas gerando enormes oportunidades, a Petrobrás, por exemplo, chegou a custar R$ 4,80 em janeiro de 2016, e quem aplicou R$ 1.520, em Magazine Luíza no mês anterior, hoje teria R$ 274.391,66.
Com todos esses fatos expostos, fica a pergunta: É possível replicar o que aconteceu com a Betina? NÃO É! Não estou afirmando que é impossível ficar milionário em três anos, mas as condições que o mercado teve nos últimos anos, ele não terá novamente (espero que nem tão cedo veja algo parecido), porque o mercado muda todo dia e rentabilidade passada não garante rentabilidade futura. Pode ser que novas crises aconteçam, e que tenhamos novas oportunidades, mas as que passaram, passaram! Uma pesquisa Datafolha de 2017 mostrou que o Brasil é o país mais imediatista da América Latina, onde 65% da sua população não poupa dinheiro nenhum, isso atrapalha não só a construção do futuro com investimentos particulares, mas decisões importantes como insistir em defender políticas públicas que você se identifica almejando um crescimento do país. Quero convidar você a não ser a pessoa inocente que vive esperando o milagre do enriquecimento acontecer sem fazer esforço. Corra atrás, avalie as suas condições e identifique suas oportunidades. Não vai ser fácil, mas acredite, vai ter um gostinho de vitória bom demais.
No início da faculdade arranjei meu primeiro emprego, na verdade era um estágio, com uma incrível bolsa de meio salário mínimo. Foi o suficiente pra me sentir independente e começar a organizar um padrão de vida dentro do que eu recebia. Tudo certo, eu tinha dinheiro para as minhas necessidades e guardava o equivalente a um salário escondido no guarda-roupas pra alguma emergência, foi quando pela primeira vez aconteceu! Uma pessoa que trabalhava comigo me chamou no canto e me pediu um dinheiro emprestado com o argumento de que seus filhos não tinham o que comer, mas ela sempre saía do trabalho e parava pra beber uma cerveja com os outros funcionários, pensei que o dinheiro do bar poderia ser dedicado a alimentação, e eu teria que fazer uma escolha, se eu emprestasse dinheiro eu ficaria sem realizar o que eu tinha planejado ou sem minha reserva de emergência… Pensei bem, avaliei que ela poderia ficar sem a cerveja e respondi: Não posso te emprestar! Ela me devolveu a argumentação jurando que iria pagar e mais uma vez respondi: Não posso te emprestar! A resposta dela foi: Pensei que você era uma pessoa de coração bom.
Se você ainda não viveu, acredite, vai viver! Todo mundo um dia passa pela situação de ouvir alguém pedindo um dinheiro emprestado. As vezes é algum amigo, muitas outras é família e tem até gente sem muito contato que vai na cara de pau mesmo apelando por um lado mais sentimental. Em quase todas as vezes esses pedidos vêm acompanhados de um bom projeto, esse empréstimo pode estar sendo solicitado pra salvar um negócio, pra pagar os reparos de um acidente de carro, pra viabilizar a festa do sobrinho e não deixar a criança frustrada, ou muitos outros bons e relevantes motivos, mas hoje eu vou te mostrar porque você se ajuda e ajuda o próximo dizendo NÃO.
Quando você pede dinheiro emprestado ao banco, primeiro ele avalia se você realmente pode pagar, depois formaliza tudo em um contrato sujeito a multas, juros e correções, podendo, em caso de calote, restringir seu crédito em qualquer estabelecimento do mercado. Já quando o empréstimo é feito entre pessoas próximas, para combinar o que está sendo feito é sempre delicado, quem empresta fica constrangido de estabelecer regras, quem toma emprestado não espera um negócio, e sim uma ajuda. Coisas como prazo, carência e amortização passam longe da conversa e cada um interpreta da sua maneira, o que vai tornando o empréstimo tão flexível ao ponto de não ser pago. Uma relação que antes era de pessoas queridas entre si começa a ficar estremecida. Não é proibido ajudar, mas se quiser fazer isso, considere doar o dinheiro, sem esperar nada em troca. Se você estiver disposto a isso, ótimo! O que vier de volta é lucro.
Outra coisa que também deve ser considerada é porque a pessoa está recorrendo a você e não a um banco. Será que o nome já está sujo? Faltou organização como o dinheiro da cerveja? Se ela não cuidou de zelar pelo próprio nome, vai deixar de te dar um calote? Se todas as oportunidades de crédito dela se esgotaram é porque ela não pode pagar pela próxima, emprestar dinheiro não é ajudar, é aumentar o problema, ajudar é você compartilhar com essas pessoas suas técnicas pra manter as contas em dia.
Lembre-se sempre, emprestar dinheiro é igual emprestar o cartão, o cheque e o nome. Se hoje você tem uma reserva é porque um dia abriu mão de alguma coisa, é fruto do seu esforço e transferi-la pra alguém é fazer uma escolha entre seus objetivos e os da outra pessoa.
Nos últimos meses a gente liga a televisão e só ouve falar da tal da reforma da previdência. O governo tenta desesperadamente a aprovação, a oposição faz jogo duro ameaçando não aprovar, enquanto isso o INSS morde um pedacinho do seu salário todo mês e você ainda não sabe quando vai se aposentar. Por isso hoje vamos entender um pouco mais da proposta de reforma da previdência.
O sistema previdenciário surgiu em 1964, depois se fundiu com outros institutos de seguridade social, dando origem ao INSS em 1977. Nesta época, além da expectativa de vida do brasileiro ser menor, os casais tinham mais filhos, a consequência era que existiam mais jovens ativos no mercado do que senhores aposentados, assim ficava mais fácil manter esse regime que funciona como um seguro, onde os trabalhadores ativos sustentam os que estão afastados, sejam por aposentadoria ou licenciados, mas agora os benefícios pagos não andam equilibrados com a quantidade de dinheiro que se recebe, e quando isso acontece, o governo tem que cobrir essas despesas gerando o que chamamos de deficit da previdência. E este problema tende a aumentar. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), hoje o Brasil tem 11 idosos para cada 100 adultos aptos a trabalhar, e até 2050 esse número subirá para 36. Uma das propostas em discussão é a adoção do modelo de capitalização, onde cada trabalhador vai financiar a sua própria aposentadoria através de depósitos em uma conta individual, como uma espécie de poupança.
Já escutei gente dizendo que espera ansiosamente a aposentadoria do INSS para “curtir a vida”, e por isso não pode ser tão tarde, porque se não, não vai ter disposição pra aproveitar. Pois é, mas a previdência social não existe para este fim, e sim para custear os anos de vida que a pessoa estiver incapaz de trabalhar. Para curtir a vida é preciso construir reservas com recursos próprios, que vão gerar juros e te deixar em casa mais cedo. Hoje não existe uma idade mínima para se aposentar, qualquer trabalhador que cumprir o tempo mínimo de serviço (35 para homens, 30 para mulheres) pode se aposentar; se uma mulher começar a trabalhar aos 18 anos, aos 48 ela já conta com a previdência social, e nesta idade, a maioria das pessoas estão totalmente aptas ao trabalho. Será que realmente faz sentido parar de trabalhar tão cedo se a expectativa de vida do brasileiro vai até os 76 anos? Outra reforma proposta é estabelecer a idade mínima de aposentadoria de 65 anos para homens e 62 para mulheres. Mas tudo isso não é de uma hora para outra, será proposto também uma regra de transição pra que essas mudanças sejam graduais durante 12 anos e com isso estima-se a economia de R$ 1 tri.
Sei que perder direitos adquiridos não é agradável pra ninguém, mas pensando no futuro do sistema previdenciário, vale a reflexão. Independente de estar contra ou a favor da reforma, uma coisa é certa, NÃO ESPERE O INSS PARA SE APOSENTAR! Construa suas reservas através de uma vida financeira saudável, para que você seja cada dia mais livre.
Quando se escuta a palavra “juros” tem muita gente que já sente um arrepio e se enche de medo. Dá pra entender, eles podem ser grandes ofensores nas finanças pessoais. Mas como todo vilão tem seu lado bonzinho, pra quem entende, eles se tornam grandes aliados, te ajudam a enriquecer e, no final da história, trabalham pra você. Pra não ser alvo da ira dos juros compostos, hoje vou te ensinar a transformá-los em heróis.
Pra começar os juros são uma espécie de aluguel pelo dinheiro, quem precisa ou simplesmente quer usar e não tem, paga para usar de quem tem. Os primeiros registros da sua existência vêm da idade da pedra. Documentos redigidos por volta de 3000 a.c. pela civilização Suméria (atual sul do Iraque e Kwait), já mostravam modalidades de crédito baseados no peso de metais e de grãos. Ou seja, desde muito antigamente a humanidade já sabe que dinheiro, ou recursos no caso dos pré-históricos, tem seu valor de acordo com o tempo. Tudo que consumimos vai ser pago um dia, a gente escolhe se quer pagar antes ou depois do consumo. Pra quem escolhe pagar depois, além do bem, é preciso remunerar o dono do dinheiro que financiou o seu desejo, por isso que é mais barato guardar dinheiro antes de comprar, e se é mais barato, mais objetivos você pode realizar.
Se você se descontrolar e precisar usar R$ 1 mil do cheque especial, que custa cerca de 15% ao mês, sabe que no mês seguinte vai ter que devolver R$ 1.150 mil ao banco. Mas se mesmo depois dessa facada, não organizou suas finanças e permaneceu no cheque especial por mais um mês, em vez de devolver R$ 1.300 mil, sua dívida será de R$ 1.322,50, porque sobre os R$ 150 que também não era seu e você não teve como pagar, incide mais 15%. E assim a dívida vai crescendo até se tornar uma verdadeira bola de neve. Se você usar o cheque especial por um ano, vai pagar mais de 5 vezes o valor emprestado.
Mas calma! Nem tudo é um pesadelo. Do mesmo jeito que você precisa pagar juros compostos pra quem te empresta dinheiro, quem pega o seu também vai te pagar. Quando se faz uma aplicação que rende 0,5% a.m. (Sim, no Brasil a proporção que se paga e se recebe é bem diferente), no final de um ano, você não vai ter 6% de rendimento, e sim 6,16% porque o raciocínio é o mesmo, a cada mês você tem o rendimento em cima do que já rendeu. Quanto maior é o prazo que seu dinheiro fica guardado, maior será sua bola de neve do bem acumulada. Se você não vai usar seu dinheiro agora, deixa o banco usar, ele vai te pagar por isso, e quanto mais longo for o contrato, maiores são os juros que vai receber. Se o seu medo é que aconteça a mesma coisa que houve na era Collor, pode se tranquilizar, a emenda constitucional número 32 de 2001, nos protege desse fantasma.
Agora que você conhece os dois lados da moeda, é fácil promover os juros de vilão a super-herói do seu bolso. Ficou com dúvida? Escreve pra mim.