Idosos do Vila Vicentina esperam receber muito mais do que presentes materiais neste Natal
BARRA MANSA
Nos últimos anos o Asilo Vila Vicentina, no bairro Ano Bom, ficou conhecido pelas campanhas de Natal, onde os residentes eram fotografados segurando um quadro negro ou cartazes com pedidos de presente. No entanto, por conta do grande volume de doações ocorridas no ano passado, principalmente, a direção da instituição resolveu incentivar a solidariedade de uma forma diferente: as visitas natalinas.
Segundo o presidente do asilo, João Batista de Paiva, muitas pessoas costumam realizar doações nesta época do ano, só que às vezes o que os idosos mais precisam vai além do material. “Hoje temos 49 residentes e muitos precisam de um carinho, de uma atenção, às vezes só querem ser ouvidos. É claro que o presente é importante, mas é daquela ocasião somente. Alguns às vezes passam o ano todo sem receber alguém. Então este ano nós estamos tentando incentivar isso nas pessoas”, afirmou João Batista frisando que cerca de 60% dos residentes não possuem vínculo familiar e muitos têm pouco contato, apesar da cobrança do Ministério Público com relação à presença de familiares nos asilos.
Um dos residentes na instituição de longa permanência é o aposentado Ede da Silva, de 84 anos. Amputado das duas pernas após sofrer com problemas de circulação, ele passava à tarde numa cadeira de rodas realizando um trabalho artesanal com folhas de jornais. Questionado sobre o que queria de Natal, o idoso sorriu e disse: “Um sabonete, um perfume, qualquer coisa está boa. Só de vir aqui e dar o presente está bom demais”.
Ede da Silva produz artesanato nas horas vagas no asilo Vila Vicentina – Foto: Fábio Guimas
Aparentemente chateado, o professor e biomédico Edivaldo Silva, hoje residente no Vila Vicentina, disse à reportagem do A VOZ DA CIDADE que gostaria de receber um abraço no Natal. Perguntado sobre o porquê do abraço, ele sintetizou: “Porque coisas materiais acabam”.
Há um ano e meio no asilo, Edivaldo revelou que costuma conversar com as filhas usando o computador e que espera sair em breve do asilo. “Eu morava em Resende e sofri um acidente doméstico e acabei parando num asilo. Hoje eu só queria ter a minha vida de volta, andar na rua …”
Campanha de Natal
O presidente explicou que na campanha promovida e divulgada nas redes sociais no ano passado, inclusive na página do próprio asilo, o alcance foi tão grande que muitos presentes acabaram não sendo utilizados da forma como deveriam. “Quem pediu um relógio, ganhou seis; quem pediu uma camisa do Flamengo ganhou dez, então as doações foram muitas e nós acabamos ficando sem controle.
Agradecemos, foi muito bom, mas este ano ainda estamos decidindo como faremos, mas o mais importante para nós é que as pessoas nos ajudem com os materiais básicos, como fraldas geriátricas, materiais de limpeza, arroz, feijão, porque nós contamos somente com a ajuda das pessoas”, garantiu João Batista.
O presidente da instituição de longa permanência esclareceu ainda que o asilo possui um custo mensal de aproximadamente R$ 60 mil, contando com o pagamento de funcionários, que atualmente são 26, e gastos com manutenção do prédio, além dos cuidados necessários aos idosos. João Batista informou que hoje grande parte dos residentes é de outras cidades do Sul Fluminense, como Resende, Volta Redonda, Barra do Piraí e Valença.
João Batista explicou ainda que por não se adequar às normas estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o Vila Vicentina sobrevive apenas de doações e ações internas para arrecadação de recursos, como bingos e rifas por exemplo. “Uma Lei de 2003 diz que para termos acesso aos recursos dos governos municipais, estadual ou federal devemos atender algumas exigências. São elas: acessibilidade em todo o prédio, portas anti-chamas, no mínimo 12 banheiros, hoje temos seis na instituição, então é uma série de exigência que nós não temos condições de arcar. O nosso orçamento hoje é muito enxuto”, frisou.
Materiais para doação
Na lista de materiais necessários estão alimentos como: complementos alimentares (Nutrem, Sustagen); adoçante, pó de café, extrato de tomate, sucos de garrafa (consumo diário de aproximadamente quatro litros), biscoitos (tipo maisena e água e sal), chás diversos e carne. Materiais para higiene pessoal e limpeza, além de insumos de enfermagem como, por exemplo, fita para aferição de diabetes, ataduras, luvas, fita crepe, lenços umedecidos e aparelhos de barbear descartáveis.
Idosos do Vila Vicentina esperam receber muito mais do que presentes materiais neste Natal – Foto: Fábio Guimas
Visitas
As visitas aos idosos podem ser feitas de segunda a sábado, a partir das 15 horas, e aos domingos durante todo o dia. O Vila Vicentina fica na Avenida Presidente Kennedy, Nº 1000.
