NOVA IORQUE
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, fez um apelo para o fim da violência no Sudão em honra aos valores sagrados do Ramadã, mês significativo para os muçulmanos. Ele expressou sua esperança de que este período de pausa conduza a um cessar definitivo das hostilidades no país, abrindo caminho para uma era de paz. O Ramadã se inicia em 10 de março deste ano.
Durante uma sessão do Conselho de Segurança sobre a situação no Sudão, Guterres destacou que a violência persistente no país, que completará em breve um ano, não só acarreta graves consequências humanitárias, mas também contribui para a instabilidade regional.
Impacto Humanitário e Apelo por Assistência
O recrudescimento da violência no Sudão resultou na interrupção de operações humanitárias vitais. Guterres alertou que cerca de metade da população sudanesa, ou seja, 25 milhões de pessoas, necessita urgentemente de assistência.
Os números são alarmantes: mais de 14 mil vidas perdidas, e a crise de deslocamento interno atingiu proporções catastróficas, tornando-se a maior do mundo, com 6,3 milhões de pessoas buscando refúgio seguro desde o início do conflito. Além disso, aproximadamente 1,7 milhão de pessoas fugiram para países vizinhos em busca de segurança.
Durante seu discurso no Conselho de Segurança, António também ressaltou que o conflito destruiu a infraestrutura civil do país, resultando no fechamento de mais de 70% das instalações de saúde nas áreas mais afetadas. Ele destacou ainda os danos causados aos serviços de água e saneamento, que contribuíram para a propagação de doenças, e alertou para a crescente ameaça de fome, afetando aproximadamente 18 milhões de pessoas que enfrentam insegurança alimentar aguda.
Ação da ONU e negociações
Guterres elogiou a decisão das autoridades sudanesas de facilitar a entrada de ajuda humanitária pela fronteira leste do país, incluindo o Chade. No entanto, ele enfatizou que regiões como Darfur e outras onde a fome é uma ameaça crônica também necessitam de assistência urgente.
Segundo a Declaração de Jeddah, o secretário-geral instou as autoridades a permitirem a entrada imediata de ajuda humanitária, garantindo rotas abertas para o fluxo contínuo de comboios.
Além disso, Guterres fez um apelo renovado à comunidade internacional para fornecer financiamento ao plano de assistência para o Sudão, que ainda não recebeu os fundos necessários.
Ele também solicitou às partes envolvidas no conflito que respeitassem o direito internacional, protegessem civis e facilitassem o trabalho humanitário. Ele expressou sua gratidão ao chefe da Comissão da União Africana, Moussa Faki, pela mediação do conflito.
Em relação às Nações Unidas, Guterres afirmou que estão prontas para intensificar seu envolvimento com parceiros multilaterais para adotar medidas que conduzam a um cessar duradouro das hostilidades e a uma mediação internacional inclusiva, coerente, complementar e eficaz.
O enviado de Guterres, Ramtane Lamamra, realizou reuniões com as partes envolvidas no conflito, viajou pelo Chifre da África e pelo Golfo e visitou várias capitais para discutir os próximos passos.
Encerramento da Unitams
Segundo a resolução 2715 do Conselho de Segurança, a Missão Integrada de Assistência à Transição das Nações Unidas no Sudão (Unitams) foi encerrada em 29 de fevereiro de 2024.
Guterres expressou sua gratidão pelo trabalho da operação política e pelo apoio de diversas partes na implementação de seu mandato. Ele enfatizou que, mesmo com o fim da Unitams, o esforço coletivo pela paz deve ser intensificado.
O secretário-geral concluiu enfatizando a importância de não poupar esforços para apoiar o povo do Sudão em suas legítimas aspirações por um futuro pacífico e seguro.
*-Luciano R. Pançardes – Editor-chefe
