Produzido em Barra Mansa há quatro anos, Amázzoni Gin se destaca pelo mundo

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BARRA MANSA/INTERNACIONAL

Luana Januário

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Para quem gosta de sabor, variedade e originalidade, o Amázzoni Gin é a opção certa. Uma bebida artesanal, que começou a ser produzida por um grupo de amigos para o consumo próprio e em apenas quatro anos se tornou um sucesso, não só no país, mas também no mundo.  O mais peculiar é a grande história por trás da bebida que, em 2018, ganhou não apenas o prêmio mundial de melhor produtor artesanal, em Londres, como também o prêmio de mais recomendada destilaria para visitação. E para orgulho dos munícipes, a produção é feita em Barra Mansa, em Floriano, numa antiga fazenda.

Alguns dos outros prêmios que enfeitam a parede da empresa é o Double Gold Medal, de São Francisco, de 2019, de maior conhecimento de destilados; além de ter ganhado um prêmio logo quando a marca foi lançada, em 2017, de melhor embalagem. O último veio em 2021, de ‘destilaria do ano’, no World Gin Awards.

A destilaria se gaba de usar ingredientes que nunca antes foram explorados, além dos tradicionais do Gin (zimbro, pimenta rosa, limão siciliano, tangerina e semente de coentro). São eles: maxixe, castanha do Pará, cacau, cipó cravo e louro, todos representando os botânicos brasileiros. E para fechar com chave de outro, existe um ingrediente especial, que é a semente da vitória-régia, típica da Amazônia.

Além da peculiaridade dos ingredientes, os sócios, o arquiteto Arturo Isola, italiano radicado no Brasil, e o artista plástico Alexandre Mazza, com um toque de cultura, se atentaram também para o nome da marca. Segundo explica Arturo, a nomenclatura vem das guerreiras amazonas e, o emponderamento não está só no nome. Com 18 funcionários, o empresário destacou que participam da produção apenas mulheres, sendo um total de 15.

Um dos sócios, Arturo Isola, conta que começou a produzir para consumo próprio – Foto Fábio Guimas

“O nome vem da lenda grega que simboliza a força feminina e quisemos trazer isso para a realidade, empregando apenas mão de obra feminina. Somente elas mexem com o produto”, afirmou Isola, dando ênfase também para o desenho exclusivo da garrafa, que remete aos frascos medicinais renascentistas. “Resgatamos as técnicas artesanais com o vidro reciclado. A embalagem tinha que ser especial, por isso as garrafas são produzidas individualmente e a perfeição delas é medida apenas pelos olhos atentos dos artesãos, trazendo detalhes preciosos”, contou.

Ao todo são produzidas duas mil garrafas de gin por dia, divididas entre a tradicional, Cítrico e Rio Negro. A ideia, segundo Arturo, é ter uma produção 100% sustentável, com ingredientes naturais. “Além disso, reutilizamos todos os resíduos usados na produção, o que seria lixo, nós fazemos valer. Como por exemplo, o etanol dos veículos da fazenda, que são feitos com a sobra da produção”, citou.

A produção acontece em Floriano, na antiga fazenda da Rochina – Foto Fábio Guimas

Onde tudo começou

Vivendo no Brasil, Arturo explica que sentiu falta da cultura do consumo de gin, que não existia no Brasil. “Aqui se consome cachaça, cerveja e vinho. Mas queríamos os nossos drinques, que é algo mais íntimo. Essa falta fez com que eu e meu sócio começássemos a pesquisar sobre isso”, disse, detalhando que, mesmo sem saber muito sobre a produção do destilado, começou a estudar formas de se produzir a bebida.

Após muitas pesquisas, o primeiro alambique foi comprado pela internet. Daí começou a brincadeira, que levou cerca de um ano de aperfeiçoamento, de se produzir a bebida. “O projeto não nasceu para ser um produto de mercado, não tínhamos prazo e nem um objetivo certeiro, além de beber nosso gin. Mas sempre que fazemos algo para nós, o que se busca é a perfeição e foi isso que fizemos”, detalhou Arturo, afirmando que a atenção aos detalhes sempre foi algo persistente. “Depois de encontrarmos esse lugar e nos tornarmos produtores, essa atenção aos detalhes persistiu, porque nós somos nossos clientes, mais chatos e exigentes que se pode ter”, afirmou.

A paixão pelo produto e a atenção aos detalhes pode ser percebida também em um único ingrediente, que não tem gosto e nem cheiro, mas possui originalidade. A semente da vitória-régia – que nasce embaixo da planta e, quando madura, cai no fundo do lago – só é possível encontrar mergulhando. De acordo com Arturo, a intenção é não apenas ter um componente nobre do país, mas também a espiritualidade que isso traz. “Não faz nenhuma diferença no sabor, mas é um fortíssimo componente espiritual do coração da Amazônia. Nós temos uma parceria com uma tribo indígena do Acre que colhe as sementes, seca e manda para gente”, contou, acrescentando que são cinco sementes por cada 600 litros.

A bebida já ganhou prêmio de melhor produtor artesanal do mundo – Foto Fábio Guimas

Sobre a fazenda

Uma antiga fazenda de café do século XVIII, entre rios e palmeiras imperiais, vastas planícies, plantações e áreas lacustres dedicadas a piscicultura. Um autêntico paraíso terrestre, preparada especialmente para produção de gin, tornando-se a primeira destilaria exclusivamente de Gin do Brasil, e a maior de gin artesanal da América Latina. Antigamente, o local era usado para produção de cachaça, a Rochinha.

Participam da produção apenas mulheres – Foto Fábio Guimas

ONDE O AMÁZZONI GIN ESTÁ?

O Amázzoni Gin já está presente em mais de dez países: Estados Unidos, Uruguai, Paraguai, Portugal, Itália, Suíça, Singapura, Alemanha, Austrália, Inglaterra, Dinamarca, Holanda, França e Reino Unido.

No Brasil está presente no Rio de Janeiro, São Paulo, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná, Santa Cataria, Rio Grande do Sul, Porto Aledre, Roraima e Tocantins.

Ao todo são produzidas duas mil garrafas de gin por dia – Fábio Guimas

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