Pesquisa indica o faturamento de empreendedores na pandemia

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RIO DE JANEIRO

O estado do Rio de Janeiro começou a reduzir as restrições de circulação de pessoas e vários municípios já adotaram medidas de flexibilização, seguindo os protocolos de saúde. Desde março, as micro e pequenas empresas estão com dificuldades de manter o seu negócio e no mês de junho a situação não foi diferente. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) realizou nova pesquisa ouvindo 564 empreendedores fluminenses, entre os dias 25 e 30 de junho.

O levantamento constatou que 86% deles tiveram queda no faturamento e apenas 4% tiveram receita superior se comparado ao período antes da crise do Covid-19. Levando em conta a situação, o estudo apontou que o empresariado acredita que a economia vai ser retomada somente em agosto de 2021.

A pesquisa mostra que a busca por crédito tem sido um dos principais obstáculos para os pequenos negócios. No Rio de Janeiro, 68% dos empresários que buscaram crédito tiveram seu pedido recusado, 17% ainda aguardam resposta das instituições financeiras e 15% dos empresários entrevistados conseguiram empréstimo. Desde o início da pandemia, a obtenção de crédito tem sido um dos maiores entraves das micro e pequenas empresas (MPEs).

Em Resende, o empresário Ricardo Lúcio e a esposa Maria Elisandra, sócios em uma empresa de papelaria, buscam incentivos. “Não promovemos demissões, mas tivemos que ajustar os funcionários na medida de redução de jornada e salários. Buscamos créditos para cobrir as perdas desde fevereiro e os valores são altos, difícil com essa pandemia ainda em ascensão formalizar um acordo projetando pagamento em dia no futuro. Mas, essa foi a alternativa e com o crédito obtido pretendo, ao menos, virar o ano com menos prejuízo. A queda no faturamento esta em torno de 30% ao mês”, comenta.

Para a coordenadora de Capitalização e Serviços Financeiros do Sebrae Rio, Taniara Castro, a falta de garantias dos empresários é uma das barreiras que afetam a concessão de crédito. “O sistema financeiro habitual é muito burocrático. O resultado da pesquisa reforça que é o momento de um processo de inclusão financeira para promover o desenvolvimento econômico aliado à justiça social”, reforça a coordenadora.

Para facilitar os processos e reforçar a parceria habitual com pequenos empresários, por meio do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), o Sebrae pode ser avalista complementar de financiamentos para pequenos negócios. O Fampe pode garantir de forma complementar até 80% de um financiamento junto a uma instituição financeira conveniada, dependendo do porte empresarial e da modalidade de financiamento, cujas faixas de garantia (aval) variam de R$10 mil a R$700 mil.

FAMPE

O Fampe foi criado em 1995 para auxílio das micro e pequenas empresas, e ganhou um reforço de R$12 bilhões na disponibilização de crédito para o enfrentamento da crise financeira causada pela pandemia. O Fampe tem como finalidade exclusiva a complementação das garantias exigidas pelas instituições financeiras conveniadas ao Sebrae na liberação de crédito para pequenos negócios. A função do Sebrae é atuar como prestador da garantia ao banco financiador, isto é, funciona como avalista do pequeno negócio na parte do valor da operação de crédito garantida pelo Fampe. As instituições financeiras têm a função de decidir ou não pela aprovação da solicitação de empréstimo ou financiamento, bem como liberar os recursos financeiros para os pequenos negócios, em conformidade com sua política de crédito.

Segundo o Sebrae, atualmente as micro e pequenas empresas contribuem com quase 30% do Produto Interno Bruto, que é soma de todas as riquezas produzidas no país e colaboram na geração de mais de 50% de empregos formais. Somente em 2019, os pequenos negócios criaram 713 mil postos de trabalho com carteira assinada, o que foi fundamental para a retomada da economia.

No estado do Rio de Janeiro foram mais de 503 mil atendimentos em 2019 e no primeiro semestre de 2020 foram ao menos 73% desse total, o equivalente a 370 mil empresas. De acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (2018) e o Portal do Empreendedor (2019), o estado conta com 1.565.596 empresas, sendo 99% delas formadas por MPEs. O pequenos negócios também são responsáveis por 51% dos empregos no estado (total 2.722.961) e 47.619 empregos foram gerados pelas MPEs em 2019, segundo o Caged (2019).

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