Pandemia deixa 3 milhões de pessoas sem trabalho no país

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SUL FLUMINENSE

A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) assola a vida de milhões de famílias que choram a morte de seus entes com total acima de 105 mil óbitos e 3,2 bilhões de infectados, até às 20 horas desta quinta-feira, dia 13. Com as medidas de isolamento como principal ação preventiva, a economia sofre impacto direto com a queda do consumo, gerando reflexos na produção industrial e de serviços. Empresas enfrentam dificuldades para manter o faturamento e mesmo com a oferta de programas de auxílio, a maioria promove a demissão de trabalhadores para equilibrar o orçamento.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na divulgação semanal da pesquisa PNAD COVID19, emitida nesta sexta-feira, dia 14, o Brasil conta com cerca de três milhões de pessoas sem trabalho nos últimos quatro meses de pandemia. A PNAD COVID19 Objetiva estimar o número de pessoas com sintomas referidos associados à síndrome gripal e monitorar os impactos da pandemia da Covid-19 no mercado de trabalho brasileiro.

A taxa de desocupação chegou a 13,7% na quarta semana de julho, atingindo 12,9 milhões de pessoas. Na primeira semana de maio, quando a pesquisa teve início, 9,8 milhões estavam sem trabalho. “Comparando com o início da pesquisa, o saldo da nossa investigação é que a população ocupada está menor, em 2,9 milhões de pessoas. A população desocupada está maior, pouco mais de 3 milhões de pessoas. E a taxa de desocupação também está maior em 3,2 pontos percentuais. Isso num contexto em que a população informal vem caindo também”, explicou a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.

Maria Lúcia observa que todos os indicadores sobre o mercado de trabalho ficaram estatisticamente estáveis na quarta semana de julho, quando comparados à semana anterior. O número de pessoas que estavam temporariamente afastadas do trabalho devido ao distanciamento social somou 5,8 milhões, após cair na semana anterior. No início de maio, por conta do isolamento, 16,6 milhões haviam sido afastados do trabalho que tinham.

O grupo de pessoas que alegam motivo diferente do distanciamento social para estar afastado do trabalho também não mudou, ficando em 3 milhões. Ficou estável, ainda, o contingente que trabalhava de forma remota (8,3 milhões) na quarta semana de julho. No início da pesquisa, 8,6 milhões estavam trabalhando de casa. Já o grupo de pessoas que gostaria de trabalhar, mas não procurou emprego, devido à pandemia ou por falta de trabalho na localidade em que vive, ficou em 18,5 milhões.

No Sul Fluminense cresce o total de pessoas que deixaram o emprego durante a pandemia, contribuindo para os dados da PNAD COVID19. Pedro da Rocha, 56, era funcionário de uma empresa de ônibus na região. Com a redução do volume de passageiros e veículos circulando, ele foi incluído no corte de funcionários em março. “Minha rotina era a limpeza dos coletivos, a lavagem na garagem. Fui comunicado que pela medida de contenção da empresa, estava demitido. São cinco meses em busca de um emprego e a idade, o momento das empresas, nada ajuda. Penso que primeiro a pandemia deve terminar e tudo voltar ao normal, depois, a economia melhorar. Tenho sobrevivido do seguro-desemprego, isso não é digno”, comenta o morador de Porto Real.

Segundo o IBGE, a taxa de informalidade (33,5%) subiu na comparação com a terceira semana de julho (32,5%). Isso representava 27,2 milhões de pessoas na informalidade, cerca de 2,7 milhões a menos do que o contingente do início de maio (29,9 milhões). A gerente administrativa Samanta Faria, 44, também ficou entre os trabalhadores sem emprego na pandemia, por fim optou em adotar uma atividade familiar: manicure. “Já tentei voltar ao mercado na minha função, a maioria, praticamente todas as empresas da região evitam contratar nesse momento. Alegam dificuldades e o jeito foi eu ter colocado em prática o que aprendi com a minha mãe, ainda na adolescência. Estou atendendo como manicure, algo informal e que serve para complementar a renda. Meu marido segue empregado e os filhos, sem atividade na escola, também contribui para amenizar parte das despesas. Minha renda baixou de R$ 5 mil para R$ 800, mensais”, conta a moradora de Resende.

Os dados da PNAD COVID19 revela que entre os informais estão os empregados do setor privado sem carteira; trabalhadores domésticos sem carteira; empregadores que não contribuem para o INSS; trabalhadores por conta própria que não contribuem para o INSS; e trabalhadores não remunerados em ajuda a morador do domicílio ou parente.

 

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