Inundações e conflitos agravam crise humanitária em Gaza

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NOVA IORQUE/ISRAEL

As persistentes chuvas intensas em Gaza estão agravando ainda mais a já crítica crise humanitária na região, alertam trabalhadores da ONU, enquanto bombardeios de Israel e confrontos com grupos armados palestinos continuam.

O comissário-geral da Agência da ONU para Refugiados Palestinos, Unrwa, Philippe Lazzarini, destacou o desespero visível entre a população de Gaza durante sua terceira visita à região desde 7 de outubro. A dificuldade de acesso à ajuda humanitária levou muitos a recorrerem diretamente aos caminhões que chegam por Rafah em busca de mantimentos.

A situação atingiu um ponto crucial, conforme ressaltado por Lazzarini, que observou a contínua deterioração na região, transformando-a em um local praticamente “inabitável”. Pessoas estão sendo forçadas a viver em áreas cada vez menores e com infraestrutura precária, inclusive ao ar livre, tornando-se mais vulneráveis com a chegada do inverno.

Quase 1,9 milhão de pessoas foram deslocadas pela violência, e mais da metade procurou refúgio na cidade de Rafah, ao sul do enclave. Os abrigos da Unrwa estão sobrecarregados, dezenas de milhares de pessoas vivem ao relento ou em abrigos improvisados, expondo-as ao clima severo.

A falta de saneamento adequado nas instalações agrava os riscos de propagação de doenças. O Escritório dos Assuntos Humanitários da ONU, Ocha, relata que o sistema de esgoto não está sendo devidamente tratado, resultando em inundações, acúmulo de lixo e presença de insetos, mosquitos e ratos.

As autoridades de saúde de Gaza documentaram 360 mil casos de doenças infecciosas nos abrigos, com a preocupação de que os números reais possam ser ainda mais elevados. Parceiros humanitários destacam a urgência de materiais de construção para reparar tubulações de água danificadas.

Além disso, o Hospital Kamal Adwan, em Beit Lahiya, ao norte da Cidade de Gaza, enfrentou invasões de tropas israelenses pelo segundo dia consecutivo. O Ocha relata prisões em massa e maus-tratos, com cerca de 70 profissionais médicos detidos em um local desconhecido fora do hospital. A OMS expressou preocupação com o ataque, pedindo proteção para pacientes e funcionários.

Em nota separada, especialistas independentes da ONU alertaram sobre as “consequências trágicas” do conflito para mulheres e meninas na região, destacando sequestros, violência sexual e o impacto generalizado nas áreas de saúde, educação e subsistência.

A situação em Gaza continua a demandar atenção urgente da comunidade internacional para aliviar o sofrimento da população afetada.

* Luciano R. Pançardes-Editor-chefe

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