Interdição da RJ-163 em Resende, prejudica turismo de Visconde de Mauá e a produção leiteira

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RESENDE

A secretaria de Desenvolvimento Rural de Resende estima que o município produza  hoje aproximadamente 30 mil litros de leite por dia, dos quais aproximadamente 10 mil litros são tirados na região de Visconde de Mauá, localidade afetada desde o dia 3 com temporais constantes. Segundo dados da Defesa Civil, a região registrou precipitações com até 200 milímetros de índice pluviométrico, sendo que o normal seria em torno de 50 mm. Mais de 50 barreiras caíram ao longo dos 30 quilômetros da estrada que liga a Rodovia Presidente Dutra (Itatiaia) ao distrito de Visconde de Mauá (Resende).

A via foi interditada para o fluxo de veículos na segunda-feira, liberando no fim da tarde do mesmo dia o acesso para veículos de Penedo até a Capelinha, preferencialmente para moradores. A Prefeitura de Resende, em parceria com a Prefeitura de Itatiaia, Exército, Secretaria de Estado de Defesa Civil e Departamento de Estradas de Rodagem (DER) trabalham na desobstrução da estrada que permanece interditada do trecho da Capelinha para Visconde de Mauá. Geólogos e técnicos do DER vistoriaram a estrada na terça-feira. Ontem, o governo municipal confirmou a interdição da RJ-163 por prazo indeterminado. “Baseado no relatório de vistoria do DRM (Departamento de Recursos Minerais do Governo do Estado), elaborado por geólogos deste órgão, a Defesa Civil interditou, por tempo indeterminado, a RJ-163, que liga o distrito de Visconde de Mauá, na região serrana de Resende, a Rodovia Presidente Dutra”. Segundo o governo, o laudo técnico informa que mesmo sem chuva, há riscos de novos deslizamentos de encostas e desabamentos de partes da pista ao longo da via, motivo pelo qual solicita a interdição da rodovia até que sejam executadas obras de recuperação da estrada. A medida, ainda segundo o laudo do DRM, visa eliminar riscos para os motoristas – moradores e turistas -, já que o solo em toda a extensão da RJ está muito instável, passível de novos desabamentos. Para amenizar a situação, as equipes da Prefeitura de Resende desobstruíram na terça-feira a RJ-161 (Serra do Eme), como rota alternativa de acesso à Visconde de Mauá.

1: A RJ-161 foi desobstruída como rota alternativa para Visconde de Mauá – Divulgação

As dificuldades no deslocamento do distrito até o centro comercial de Resende preocupa produtores leiteiros da região de Visconde de Mauá. Eles temem prejuízos. “Como vamos destinar nossa carga de leite para Resende e outras cidades? A RJ-163 é nossa rota oficial e toda essa demora pelas dificuldades provocadas pela força da natureza terá reflexo direto nas nossas vidas”, questinou o produtor José Antônio Silva.

O secretário de Desenvolvimento Rural de Resende, Alberto Figueredo participou do sobrevoo da área atingida com geólogos e engenheiros do Governo do Estado e acredita que com a liberação da RJ-161, os produtores poderão escoar suas mercadorias. “A Prefeitura de Resende está criando uma rota alternativa para o escoamento da produção. Caso isso não ocorresse, os produtores corriam o risco de ter que descartar cerca de 800 litros de leite/dia, por falta de acesso aos locais de entrega do produto”, ponderou Alberto Figueredo. Segundo o Sindicato Rural de Resende, entidade que representa os produtores, a expectativa já era pela interdição da estrada por tempo indeterminado visando à execução de obras de infraestrutura, como a contenção de encostas e a base da pista em alguns locais. O presidente Gilson Mário Siqueira, lamentou que muitos produtores tiveram que descartar sua produção diária por não poder chegar até o destino de entrega, até a desobstrução da RJ-161.

TURISMO AMEAÇADO

Com a interdição da RJ 163 por tempo indeterminada, cresce a preocupação dos empresários do setor turístico da região de Visconde de Mauá. O temor é de que ocorra muitos cancelamentos de reservas de hotéis para os próximos  finais de semana e, principalmente, no feriadão de Semana Santa, no fim do mês.

Os danos na RJ-163 foram significativos e geram risco para o fluxo de veículos – Divulgação

De acordo com a  Associação Turística e Comercial da Região de Visconde de Mauá (Mauatur), a interdição acontece em um momento em que hotéis e restaurantes se preparam para o período de alta temporada que vai até o fim de julho. Neste período, acontece entre o fim de maio e início de junho a tradicional Festa do Pinhão e o Festival Gastronômico de Visconde de Mauá dois eventos com grande apelo turístico. “Esperamos que até lá, a estrada esteja liberada para que o turista possa visitar a nossa região com segurança. A região depende exclusivamente do turista. São empresários do setor que tem como negócio receber o turista que vem a nossa região passar um fim de semana. Sem a estrada realmente a situação fica complicada”, explicou o presidente da Mauatur, Paulo Gomes de Oliveira.

Por semana a região de Mauá em Resende e Maromba e Maringá, em Itatiaia, recebem a visita de cerca de três mil turistas. Durante a alta temporada esse número quase dobra. Para Paulo Gomes, os prejuízos serão enormes. “A redução do movimento de turistas afeta o movimento de restaurantes, hotéis e comércio. É prejuízo  para os  moradores como para as próprias prefeituras que dependem também deste volume de dinheiro que retorna em forma de impostos. É uma situação complexa que devemos reunir forças necessárias para resolver”, concluiu.

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