Infectologista esclarece dúvidas sobre a dengue

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BARRA MANSA

Seis vezes acima do limite máximo esperado para esta época do ano. Este é o balanço sobre o número de casos prováveis de dengue divulgado pelo boletim semanal Panorama da Dengue recentemente pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ). Diante desses dados alarmantes e que também refletem em Barra Mansa, o A VOZ DA CIDADE ouviu o infectologista Gustavo Adolfo Brasileiro Passos, que atua na Santa Casa, tirou algumas dúvidas relacionadas à doença.

No município, de acordo com dados da Secretaria de Saúde, somente de janeiro deste ano até o dia 19 de fevereiro, 712 casos suspeitos haviam sido registrados e 201 confirmados, com 42 internações apenas neste mês, e um óbito em investigação. Durante todo o ano de 2023 foram 192 casos suspeitos e 52 positivos. Questionado sobre o que pode ter colaborado para o aumento dos números da doença, nos últimos meses, o infectologista disse que um dos fatores está associado às mudanças climáticas.

“O aumento da temperatura associado às chuvas contribuiu para o aumento dos casos. A dengue pode aparecer durante o ano todo, porém, é uma doença de caráter sazonal. É no verão quando os mosquitos vetores têm melhores condições para se reproduzir e disseminar a doença”, explicou o médico, ao ressaltar que segundo dados divulgados pela Semana Epidemiológica de 09/02, a faixa etária que mais vem sendo atingida pela dengue é a que está entre 20 e 29 anos. Sendo os idosos acima de 80 anos os casos mais graves.

Sorotipos da dengue

De acordo com o infectologista, hoje existem quatro sorotipos de dengue em circulação no Brasil, no entanto, a mais diagnosticada no estado tem sido o sorotipo 1 e 2. O tempo de duração da doença, entre o início da infecção e cura, está variando de sete a 19 dias em média, conforme informou o médico. A infecção pelo vírus pode ser sintomática ou assintomática. Quando sintomática ela apresenta uma variedade de sintomas. “A primeira manifestação é a febre, que pode durar de dois a sete dias, geralmente de 39-40c. Associada à cefaleia, fraqueza muscular, dores nas articulações e atrás dos olhos. Falta de apetite, vômitos e um quadro de diarreia também podem se manifestar. Metade dos pacientes pode apresentar manchas vermelhas no corpo, com ou sem prurido, que aparecem após o término da febre”, disse o infectologista, ao acrescentar que o maior período de atividade do mosquito do Aedes aegypti é no início da manhã e final da tarde.

Medicações somente com orientação médica

Ainda de acordo com o médico, o primeiro passo que a pessoa com dengue deve tomar é procurar atendimento médico para ser avaliado e não tomar medicações sem orientação médica. Além disso, é importante manter corretamente o repouso e a hidratação e aumentar a ingestão de água, sucos e água de coco. “Quanto às medicações, o paciente deve procurar um profissional de saúde para saber quais ele pode fazer uso. Um alerta é para que não se faça o uso de anti-inflamatórios devido aos riscos de agravamento da doença. Essas medicações podem aumentar as chances de hemorragias”, orientou o médico.

Dengue hemorrágica é uma complicação da dengue clássica

O infectologista ainda explicou sobre a dengue hemorrágica, também chamada de dengue grave e que, segundo ele, é mais comum nas pessoas que contraem a doença pela segunda vez. Os sintomas são os mesmos da dengue clássica, nos três primeiros dias, mas, com a evolução da doença podem apresentar sangramentos da gengiva, nariz, ouvido, intestino, vômitos intensos, dor abdominal, urina com sangue, olhos vermelhos, dificuldade para respirar, confusão mental e queda da pressão arterial.  “As pessoas devem ficar atentas e se preocupar quando esses sinais de alarme forem identificados”, avisou o médico.

Crianças devem ser monitoradas de perto

Assim como o público idoso, Passos alerta que crianças abaixo de dois devem ser monitoradas mais de perto por conta da probabilidade de agravamento da doença. Os pequenos, por exemplo, podem apresentar esses sinais de gravidade já nas primeiras manifestações da doença. “O agravamento na criança pode ser súbito, devido a dificuldade de identificar os sinais de alarme. É importante maior atenção aos menores que podem apresentar choro persistente e irritabilidade, sintomas que podem ser confundidos com outros quadros infecciosos da infância. No caso da dengue, as crianças também podem apresentar infecção assintomática, síndrome febril clássica ou sinais e sintomas inespecíficos como fraqueza muscular, sonolência, recusa alimentar, vômitos, diarreia ou fezes amolecidas”, esclareceu o médico, lembrando que o uso de repelentes é um grande aliado na prevenção às picadas do mosquito.

MOVIMENTO EM HOSPITAIS

Em Barra Mansa, na rede pública, os casos suspeitos de dengue estão sendo encaminhados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e a Santa Casa. Na UPA, desde a manhã desta terça-feira já era grande o número de pacientes aguardando atendimentos. Um deles era o metalúrgico João Lucas Noberto, de 20 anos. “Não consegui ir trabalhar sem antes vir no médico, porque estou com muita dor de cabeça, no corpo, com vômito e diarreia”, disse.

 

 

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