Fazenda mantém previsão do IPCA em 4,85% e especialista fala sobre assunto

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SUL FLUMINENSE

O Ministério da Fazenda manteve a projeção para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2023 e subiu a expectativa para 2024. De acordo com a nova grade de parâmetros macroeconômicos da Secretaria de Políticas Econômicos (SPE), divulgada nesta semana a estimativa neste ano foi mantida em 4,85%, próxima do teto da meta estipulado para 2023, que é de 4,75%. Para 2024, a projeção de IPCA subiu, indo de 3,30% para 3,40%. O último boletim macrofiscal da SPE havia sido divulgado em julho.

No documento, a SPE argumenta que a manutenção na projeção para a inflação oficial deste ano reflete o reajuste nos preços de combustíveis na refinaria, cujos impactos na inflação são compensados pela evolução benigna dos preços de alimentação no domicílio e de serviços subjacentes.

De acordo com o economista e professor da Estácio, Eduardo Amendola, no dia a dia o brasileiro poderá perceber dois efeitos. “O primeiro é entender como os diretores do Copom e o presidente do Banco Central, Campus Neto, irão interpretar essa inflação mais elevada para 2024. Se eles entenderem que essa inflação tem uma probabilidade alta de romper o teto da meta, eles vão tentar interferir nesse aumento dos preços através da taxa básica de juros (Selic)”, explica.

Ele ainda destaca que a partir da próxima reunião do Copom já pode ser alterada essa trajetória de redução que vem acontecendo na taxa básica de juros. “Então ela pode começar a reduzir a uma taxa menor; ela pode se manter estável ou até mesmo retomar a trajetória de elevação. Essa última opção eu não acredito que é, de fato, uma alternativa. E com isso a gente tem efeitos sobre a população, sobre o brasileiro já nos dias atuais: o crédito passa a ficar mais caro, o financiamento com juros altos; o custo financeiro dos produtos que são parcelados em cartão de crédito também aumenta. Então, a gente, na verdade, tem um impacto negativo sobre a atividade econômica no Brasil”.

O professor explica que o segundo efeito é com relação ao reajuste do salário mínimo. “O atual governo tem uma regra estabelecida para reajustar o salário mínimo e esse reajuste está associado à inflação do ano anterior. Então, com esse reajuste de 3,3 para 3,4, a gente já começa a esperar um salário nominal para 2025 ligeiramente mais elevado. Até o final de 2024 a gente vai mensurar qual vai ser esse IPCA para o cálculo do reajuste de salário em 2025”.

Em geral, o IPCA acaba sendo uma referência de variação de preços que implicitamente os varejistas, os contratos, que não tenham um indexador definido, utilizam para reajustar o preço. Então, quando a gente está falando em uma inflação ligeiramente maior, esse custo pode ser ligeiramente maior, principalmente para o ano de 2024.

INPC

O Ministério da Fazenda também reduziu a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) – utilizado para a correção do salário mínimo. De acordo com a nova grade de parâmetros macroeconômicos da pasta, a estimativa para o indicador neste ano passou de 4,48% para 4,36%. Para 2024, a projeção foi revisada de 3,01% para 3,21%.

IGP-DI

Já a estimativa da Fazenda para a alta do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) em 2023 foi reduzida/ampliada de -2,21% para -3,00%. Para o próximo ano, o patamar passou de 3,63% para 4,00%.

A SPE observou que desde julho, o índice de preços no atacado está surpreendendo para baixo, com o registro de deflações acentuadas no componente de preços agropecuários. Em contrapartida, no caso dos produtos industriais, houve aceleração a partir de agosto, repercutindo o aumento nos preços de derivados do petróleo.

 

 

 

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