Ex-diretora administrativa de hospital de Paraíba do Sul acusa provedor de assédio moral

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PARAÍBA DO SUL

Fraude em eleição, assédio moral, demissão por perseguição. Essas são as acusações da ex-diretora administrativa do Hospital Nossa Senhora da Piedade, Jeisan Bernardes, ao provedor Wilson Tadeu Medeiros da Rocha. O hospital é da Irmandade Nossa Senhora da Piedade e tem atualmente uma co-gestão da Prefeitura de Paraíba do Sul. Jeisan foi ouvida pelo A VOZ DA CIDADE após o caso parar na 107ª Delegacia de Polícia no dia 3 de novembro.

Jeisan assumiu a diretoria administrativa do Hospital Nossa Senhora da Piedade no dia 1º de fevereiro deste ano, por indicação da prefeitura. Foi firmado um termo de co-gestão com o hospital no mandato do prefeito Alessandro Cronge Bouzada, em 2018, para que o local pudesse funcionar com repasses de verbas do Poder Público. Por ser uma co-gestão, a prefeitura indicaria uma diretora administrativa e o hospital uma diretoria técnica. Jeisan Bernardes contou que desde que entrou lutou para melhorias no hospital com implantação de gestão nova, captação de verbas estaduais e federais, realização de diversas obras. Citou reformas em salas, no pronto-socorro, a maternidade estava sendo montada. “O atendimento pelo SUS está sendo dado hoje com muita dignidade. Conquistamos diversas melhorias, além das reformas, como cadeiras do papai, bandejas térmicas, muitas outras. Só que todo esse tempo sofri muito com o provedor Wilson Tadeu. Por ser uma entidade filantrópica, ele é eleito pela Mesa Diretora da irmandade. Comecei a ser perseguida. Foram várias as vezes que ele entrava na minha sala sem bater na porta. Quando assumi, ele demonstrou claramente diante de todos os funcionários o descontentamento. Ele não foi gentil e fez questão de deixar claro que as decisões sobre tudo no hospital seriam dele”, enumerou.

Jeisan assumiu o cargo em fevereiro deste ano – Divulgação

Ela citou diversas outras situações em que o provedor agiu de forma autoritária com violência psicológica, humilhando-a e constrangendo-a, comprometendo sua saúde emocional. Jeisan Bernardes disse, inclusive, que tem um laudo que aponta que desenvolveu nesse período Síndrome de Burnout, um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso.

Frisou que apesar do registro policial ter sido feito por ela, com a presença de testemunhas do hospital, outros funcionários sofrem com a mesma situação, mas têm medo de denunciar.

Ela conta que tudo começou com mais intensidade após eleição da Cipa – uma comissão de segurança do trabalho do hospital, onde verificou possíveis fraudes no processo eleitoral, tendo até ingressado com uma ação contrária no Ministério do Trabalho no mês de novembro. “Vi coisas erradas na eleição e liguei para delegacia e pedi que pegassem a urna. Ele pegou novamente e abriu diante de várias pessoas e vimos que tinham mais cédulas do que assinaturas. Ele queimou tudo na sala dele. Eleição foi remarcada para dois dias depois, mas a urna ficou dentro de seu gabinete e as pessoas por medo votaram em quem ele pedia. A eleição está sub júdice e pedimos para anular diante das irregularidades. É a ditadura do medo”, disse Jeisan.

Após essa situação ingressou também com a denúncia de assédio moral na delegacia, onde ele responderá processo. Isso aconteceu no dia 13 de novembro e no dia 29, Jeisan conta que foi demitida por Wilson Tadeu por suposta justa causa, argumentando que ela não obedecia as ordens dele.

DECISÃO PASSA PELA COMISSÃO

Segundo parecer jurídico do procurador Tarcisio Dias Maciel, da Procuradoria Geral da Prefeitura de Paraíba do Sul, tendo em vista processo administrativo aberto por Jeisan Bernardes, toda a situação de demissão da mesma deveria ter sido apreciada pela Comissão Permanente de Acompanhamento de contratos de cogestão 001/2019, da Secretaria Municipal de Saúde e Hospital Nossa Senhora da Piedade e do Conselho Municipal de Saúde. E isso aconteceu na tarde de ontem e a comissão, por unanimidade, foi contra a decisão do provedor Wilson e pela recondução de Jeisan Bernardes ao cargo. O caso será levado nesta quarta-feira para a mesa administrativa da irmandade definir o que será feito.

Fazem parte dessa comissão seis membros da Secretaria de Saúde, seis do Hospital Nossa Senhora da Piedade e dois do Conselho Municipal de Saúde. Compareceram na votação todos os membros, menos uma representante do hospital, que justificou motivo de saúde, e a própria Jeisan Bernardes, que faz parte da comissão pelo hospital e achou melhor não estar presente para interferir na decisão.

CONTAS ABERTAS

Falando agora em nome da população de Paraíba do Sul, Jeisan Bernardes gostaria que as contas da irmandade fossem abertas e esclarecidas. Segundo ela, a prefeitura arca com todo o custo. Nessa gestão cerca de R$ 500 mil são aplicados por mês no hospital. “E nenhum real é revertido pela irmandade. A Condessa do Rio Novo deixou vários imóveis e em vendas ou alugueis um percentual vai para a irmandade. A população precisaria ver um balanço geral do patrimônio”, apontou.

PROCURADO

Procurado pela equipe de reportagem do A VOZ DA CIDADE para falar a respeito das acusações levantadas por Jeisan Bernardes, Wilson Tadeu disse que não poderia se pronunciar, pois o caso estava nas mãos de seus advogados.

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