Especialista alerta que jovens também podem ter complicações com novo coronavírus

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RIO/BARRA MANSA

Apesar dos idosos e pessoas com doenças crônicas serem os mais vulneráveis ao novo coronavírus, complicações e mortes também podem acontecer entre jovens com ausência de comorbidade. Gilmar Alves Zonzin, membro da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro (Sopterj) e chefe do Serviço de Pneumologia do Hospital Santa Maria, em Barra Mansa, alertou que as pessoas que não estão no grupo de risco que, não devem se sentir isentas do mal da Covid-19 pode causar.

Apesar dos maiores de 60 anos apresentarem os maiores casos de internações e mortes, no estado do Rio de Janeiro, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, a maior parte dos infectados tem entre 30 e 49 anos. Os dados apontam também que dos 159 infectados de 30 a 39 anos, 23 estão internados. De 20 a 29 anos são contabilizados 66 casos, sendo três internados.  De 10 a 19 anos foram 11 casos com duas internações. Já na faixa etária de até dez anos, foram contabilizados quatro casos com uma internação. Em nenhuma das listas é informado se esses pacientes têm alguma comorbidade. A mais jovem morta pela Covid-19 no estado tinha 32 anos, que teve problemas de bronquite quando criança, mas não vinha mais apresentando sintomas da doença.

Já em todo o Brasil, de acordo com boletim de terça-feira, dia 31, do Ministério da Saúde, de 201 mortes causadas pelo vírus, 20 (10%) até agora, não ocorreram em idosos, mas sim em pacientes abaixo de 60 anos. Sete deles (4%) tinham menos de 40 anos de idade. Entre os pacientes chineses, a parcela de óbitos não foi tão grande entre os menores de 60 anos (6%) e de 40 anos (3%).

Gilmar Zonzin explica que é feita uma estatística para analisar em qual grupo a doença ataca mais rigorosamente, mas é apenas uma estatística. “Muita gente está tendo uma ideia equivocada sobre a gravidade da doença. Não é porque você é jovem e tem ausência de comorbidade, que não terá complicações. Você ou alguém da sua família pode vir a ter um quadro grave e o risco de morte é real”, alertou.

A afirmação do Dr. Zonzin já foi posta em pauta pelo diretor executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael J. Ryan, que alertou sobre os cuidados com a ideia de que o vírus só mata pessoas idosas. “É verdade que os jovens são menos propensos a desenvolver uma doença grave, mas também há um número significativo de jovens que morreram”, relatou.

ISOLAMENTO VERTICAL

O pneumologista citou também a ideia do isolamento vertical, que segundo ele, traz a falsa impressão de que pessoas jovens são isentas aos agravamentos dos casos.  “As pessoas levaram isso como uma certeza de exclusividade. Nenhum dado aponta que os jovens não correm risco algum”, afirmou, reforçando que os cuidados com a disseminação da Covid-19 é para todo mundo e não exclui faixa etária. “Realmente existem funções essenciais sem as quais o país não sobrevive e essas devem ser mantidas. Mas o que é possível parar, deve parar. Independente de idade e estado de saúde, as pessoas devem acatar a determinação de se manter isolado para o bem de todos. Ninguém está livre de ter a doença de maior gravidade”, finalizou.

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