Deputado André Ceciliano visita quatro indústrias da região para conhecer entraves

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Dentre os principais problemas verificados estão a falta de infraestrutura logística e dificuldades de recuperação de créditos do ICMS

AGULHAS NEGRAS

Conhecer de perto os entraves ao desenvolvimento econômico local. Esse foi o objetivo do presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o deputado André Ceciliano (PT) na região das Agulhas Negras nesta terça-feira, 12. Ele visitou indústrias a convite do Cluster Automotivo do Sul Fluminense em Resende (MAN Volkswagen e Nissan), Porto Real (Stellantis) e Itatiaia (Jaguar Land Rover). Dentre os principais problemas verificados estão a falta de infraestrutura logística e dificuldades de recuperação de créditos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

“Há algumas reclamações na questão logística, para desafogar a Via Dutra. Outra reclamação são os créditos do ICMS. Solicitei para eles fazerem um estudo para que possamos nos debruçar na Comissão de Tributação da Alerj. Estamos perdendo empresas que estão voltando para o Japão, por exemplo. Sem essa compensação de ICMS acabamos perdendo competitividade. Podemos fazer da região um grande polo de inovação e tecnologia, inclusive trazendo fábricas para criação de automóveis elétricos na região”, afirmou Ceciliano, que é pré-candidato ao Senado Federal.

Em entrevista ao A VOZ DA CIDADE, André Ceciliano, ressaltou que é mais do que necessário fazer o “lobby do bem”. “A nossa bancada no Congresso Nacional – câmara e Senado – perdeu essa tradição de discutir o Estado do Rio. Atualmente discute-se o Brasil e mundo, mas deixando de lado o Rio. Na pré-campanha já estou falando dos nossos problemas como desemprego, violência, mas falarei muito em saídas. O polo metalomecânico do Sul Fluminense, o complexo de óleo e gás, o complexo industrial na saúde que temos no estado, as universidades federais, institutos, Fiocruz, precisamos discutir essas realidades e debater melhorias. Me proponho a ser um parlamentar que estará muito presente, que conhece todo o estado”, afirmou.

E sobre a região, afirmou que é mais do que necessário falar de futuro, de perspectivas e novas possibilidades. Mesmo que seja necessário pensar em novas vocações para o Sul Fluminense, segundo Ceciliano, é preciso trabalhar para avanços. “Sobre a questão da inovação para mobilidade elétrica, precisamos atrair no Sul Fluminense essa indústria do futuro porque é realidade essa tecnologia no mundo. O Rio não pode ficar para trás e perder mais porque se desindustrializou ao longo desses 30 anos”, lembra.

REIVINDICAÇÕES DAS INDÚSTRIAS

Sobre os problemas apresentados ao presidente da Alerj, André Ceciliano, o presidente do Cluster automotivo do Sul Fluminense, Itamar de Souza, citou que para melhorar a chegada de insumos e o escoamento da produção regional, seria necessário criar um arco viário no Sul Fluminense, fazendo a conexão entres todas as montadoras e fornecedoras, bem como desafogando a Via Dutra, BR-116. “A região carece de obras infraestrutura, principalmente relacionado a questões viárias de condições da pista depois da Rodovia Presidente Dutra. Não só da conexão da Dutra com as empresas, mas principalmente a criação de vias alternativas à Dutra, porque tudo dependendo da Dutra é um risco muito grande. Não só um risco de eventuais acidentes e congestionamentos, mas um risco futuro devido as obras da nova concessão. Se não criarmos rotas alternativas para o fluxo de peças e de pessoas, nós vamos ter muitos problemas”, explicou Itamar de Souza, que também diretor da planta da Stellantis.

Esse projeto, segundo Ceciliano, não seria problema. Afirma que o Estado tem recursos em caixa e pode sim ser feita essa interligação. “É necessário mobilização para acontecer”, completa.

O cluster automotivo reúne 23 empresas, entre montadores e fornecedores – Foto: Divulgação

A respeito da recuperação de créditos de ICMS decorrentes de benefícios fiscais, o Cluster Automotivo estima que tenha ocorrido uma perda de R$ 600 milhões para receber dos últimos cinco anos. Itamar apontou que essa perda cria dificuldades para algumas montadoras do setor entre a balança comercial do que se importa e exporta. Em um momento, segundo ele, os créditos, que atualmente não são monetizáveis, se tornam prejuízo para as empresas.

O cluster automotivo reúne 23 empresas, entre montadores e fornecedores. A região tem o segundo polo automobilístico em número de empresas do país e o sétimo em número de empregos. Atualmente, o setor emprega cerca de 24 mil pessoas, sendo a principal indústria da região. São produzidos em média 250 mil veículos por ano nas fábricas da região de Resende.

A Nissan, por exemplo, já anunciou um investimento de R$ 1,3 bilhão para os próximos três anos. O diretor de assuntos externos, Fernando Florindo, ainda completou falando sobre o retorno de um turno, gerando mais 550 empregos, o que aponta a intenção de crescer na região.

A MAN Volkswagem é a líder do mercado brasileiro de caminhões e vice-líder na produção de ônibus. É a mais antiga fábrica automotiva da região. O diretor de relações institucionais, Marco Saltini destacou que reuniram oito parceiros para a produção de caminhões e ônibus no mercado nacional. Informou que há um desenvolvimento grande para Resende, já que todo o desenvolvimento é feito localmente e a exportação acontece para mais de 30 países.

Investimento em infraestrutura de tecnologia foi ressaltado pelo diretor de operações da Jaguar Land Rover, Oscar Tavares Neto. Segundo ele, o próprio 5G é uma demanda de algo atual e real que fará parte do futuro e isso não será diferente em relação a conectividade de veículos autônomos e elétricos.

O deputado se colocou à disposição, como autor de leis que dão benefícios fiscais, como a voltada para a indústria de transformação plástica, por exemplo, que é um atrativo para trazer novas fábricas para região. “Deixei meu mandato à disposição de empresas que queiram fazer planta aqui para tratamos sobre possibilidades de benefícios. O estado era o segundo na década de 80 na geração de empregos formais para indústria. Agora está na sexta colocação. O Rio perdeu muito nos últimos 30 anos e precisamos buscar atrair esses investimentos, seja com oportunidade de legislação mais moderna ou mesmo através do Fundo Soberano”, aponta.

A expectativa é que no final deste ano o Fundo Soberano tenha R$ 5 bilhões. Está com R$ 2,1 bilhões. Ceciliano é o autor dessa lei que tem a função de induzir a economia, podendo ser usado para Parcerias Público Privadas e também garantindo investimentos.

IMPORTÂNCIA DA REGIÃO

O prefeito de Resende, Diogo Balieiro Diniz, a respeito dessa inovação citada, lembrou que a região Sul Fluminense conta com a Universidade Federal Fluminense (UFF), em Volta Redonda, e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em Resende. E pelo fato das Agulhas Negras ser um importante centro de produção de carros elétricos no Brasil, é preciso realmente pensar nos avanços possíveis. “A região é um dos principais centros brasileiros de eletromobilidade, principalmente pelas fábricas da Nissan e da Volkswagen. A visita da Alerj foi importante para mostrarmos o quanto é preciso avançar em algumas questões legais para que esses veículos elétricos possam ter competitividade cada vez maior”, concluiu.

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