Conheça histórias de mulheres que superaram preconceito e revolucionaram conceitos

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SUL FLUMINENSE

LARA SALLES

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Ser mulher e poder trabalhar como e onde quiser. Para comemorar o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, o A VOZ DA CIDADE conversou com algumas mulheres do Sul Fluminense que superaram o preconceito e revolucionaram os conceitos impostos pela sociedade. Profissão de homem? Não mais. Pedreira, militar, motorista, gari, porteira, empreendedora, política e diretora de multinacional. Esses são alguns dos cargos ocupados por mulheres que provaram que a profissão não escolhe gênero.

A moradora de Barra Mansa Patrícia Palmeira Nascimento, de 51 anos, é formada em Direito, trabalha no Conselho Tutelar e ainda é pedreira. Ela conta que para viver o sonho de atuar na área do Direito trabalhou como pedreira para conseguir pagar a faculdade. “Eu nasci em uma família humilde e sempre trabalhei muito. Não tive condições de estudar, então fui trabalhar no comércio e fiz um curso de cabeleireira. Trabalhei na função por um tempo e depois comecei a trabalhar com meu esposo na construção civil. Nessa época estávamos iniciando nossa vida juntos, e não sabíamos quase nada de construção, mas como não tínhamos dinheiro para continuar pagando as contas, colocamos a mão na massa literalmente. Amei. Reformamos muitas casas, construímos as nossas, criamos nossos filhos, e através desse trabalho consegui pagar a tão sonhada faculdade de Direito”, contou.

Trabalhar como pedreira ajudou Patrícia a chegar na carreira desejada, porém, ela conta que o preconceito com o trabalho veio por parte de outras mulheres. “As mulheres geralmente olham com desdém, com preconceito, como se não fosse um trabalho digno. Nós mulheres precisamos nos apoiar, sermos amigas, complacentes, camaradas umas com as outras. Não é fácil essa área. É pesado. Trabalho como pedreira porque gosto! Gosto do resultado final e de saber que suei a camisa, mas consegui. A mulher deve atuar onde ela quiser, na profissão que ela quiser. Eu sou prova disso. Fui cabeleireira, sou pedreira, formada em Direito, pós-graduanda, concurseira, bordo, costuro, pinto, sou mãe e avó. Faço o que tenho vontade de fazer e luto todos os dias por mais oportunidades”, afirmou.

Patrícia Palmeira Nascimento – Foto: divulgação

A FORÇA É DELAS

Outra mulher que driblou o preconceito e mostrou que profissão de homem é algo do passado, foi a cadete Jéssica Luize Kerkhoven, do 3º ano do Curso de Intendência da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende. “Sou filha de militar, nascida em Brasília e criada em meio às transferências rotineiras da carreira militar. Estudei em colégio militar e desde pequena estive envolvida com o movimento escoteiro, que em parte se assemelha aos valores e às atividades militares, dentro de suas limitações”, explicou.

Jéssica conta que decidiu que queria entrar para a área militar quando estava no terceiro ano do Ensino Médio, ano em que seria realizada a prova para a primeira turma feminina para Formação de Oficiais da Linha Bélica, em 2018. “O primeiro desafio de exercer essa função acredito que seja impor a mesma autoridade que os homens em um meio majoritariamente masculino e ter que diariamente demonstrar que somos tão capazes quanto eles, visto que ainda é algo novo no Exército. Em segundo lugar, acredito que o desafio físico tem sido constante, tendo em vista que biologicamente o rendimento e o desenvolvimento físico de ambos os sexos são diferentes e ainda estamos nos adaptando a isso”, disse.

Cadete Jéssica Luize Kerkhoven – Foto: divulgação

COMANDANDO SETORES

Nos dias atuais a mulher também está liderando setores de multinacionais. Como é o caso da Cristiane Filgueiras Machareth, executiva de projetos de investimento e manutenção da CSN, responsável por uma equipe de mais de três mil pessoas. “Antes de vir para a Companhia Siderúrgica Nacional, iniciei minha vida profissional na DuPont do Brasil, onde tive o primeiro contato com os processos de gestão de fábrica. Esse universo de gestão de processos despertou meu interesse por esta área, quando decidi aprofundar meus conhecimentos e mudar de empresa. Na CSN, encontrei um mundo ainda mais diversificado e desafiador, tendo contato com rotinas e processos de manutenção e produção. Em 2007, tive a oportunidade de trabalhar com projetos de investimentos, comecei pela área de gestão de planejamento físico e financeiro. Neste momento, tive uma mudança muito importante na minha carreira e passei a ser responsável por pessoas pela primeira vez”, contou.

Cristiane relatou ainda como foi enfrentar os desafios de ser gestora em uma área composta em sua maioria por homens. “Ser gestora numa área majoritariamente composta por engenheiros homens com elevada experiência em projetos, não sendo graduada em Engenharia e sendo uma jovem mulher de 30 anos, mãe de primeira viagem com um bebê de sete meses e com pessoas extremamente qualificadas que traziam uma necessidade ainda maior de mostrar competência diariamente, foi um desafio e tanto”, disse.

Ainda segundo a gestora, o ambiente que antes era predominantemente masculino, agora é composto por ainda mais mulheres. “Todos esses fatores foram combustíveis para que eu seguisse firme, motivada e feliz na busca dos meus objetivos. Hoje tenho muito orgulho em dizer que o time da engenharia é composto por 50% de mulheres que fazem a diferença todos os dias. E na área de manutenção estamos tendo um grande avanço na contratação de mulheres. Cada vez mais acredito que a mulher pode ocupar qualquer posição que desejar e com extrema competência, sabedoria e com um olhar diferente. Na minha visão, a mulher traz equilíbrio para o ambiente de trabalho que fica cada vez mais parecido e aderente ao mundo lá fora”, relatou.

Cristiane Filgueiras Machareth  – Foto: divulgação

MOSTRANDO QUE PODE ESTAR ONDE QUISER

Gleiviane Santos, de 34 anos, é uma das responsáveis pela limpeza urbana de Barra Mansa. Ela conta que entrou na área através de um concurso no intuito de obter uma estabilidade financeira. “Tendo em vista as exigências que o mercado de trabalho cobra, ainda mais sendo mulher, mãe e negra como no meu caso, decidi prestar o concurso público. Assim que fui aprovada começaram as dificuldades, como por exemplo, o trabalho árduo da profissão e a dupla jornada como mãe e trabalhadora”, disse.

Gleiviane conta que durante sua trajetória profissional foi desmotivada e destratada por ser mulher. “Por muitas vezes ouvi: ‘Você não vai conseguir concluir o estágio probatório. Esse trabalho não é pra mulher. Mulher é fraca pra isso. Você está ocupando lugar de um pai de família’ e tantas outras falas preconceituosas. Mas hoje, passados mais de três anos, eu e minhas colegas podemos nos orgulhar e dizer: ‘Nós conseguimos!! A mulher pode ocupar os mais diversos espaços da sociedade”, finalizou.

Gleiviane Santos – Foto: divulgação

PARABÉNS, MULHER!

Piloto de avião, repórter esportivo, eletricista, carpinteiro, mecânica, profissionais de construção civil, engenheiras e profissionais de tecnologia em geral. Nesse Dia Internacional da Mulheres o A VOZ DA CIDADE deseja que você se inspire com essas histórias e continue mostrando a todos que o seu lugar é onde você quiser estar!

 

 

 

 

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