Barra-mansense que mora em Milão fala sobre necessidade de isolamento domiciliar no Brasil

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 MILÃO/BARRA MANSA

Tristeza aliada com a esperança de que tudo passará em breve. É assim o sentimento da barra-mansense Amanda Carvalho Gama, 37 anos, que mora em Milão, na Itália, há dois anos e seis meses, ao falar ao A VOZ DA CIDADE sobre o clima no país. A Itália teve nas últimas horas um grande numero de mortes provocadas pelo Covid-19. Só ontem foram confirmados 349 óbitos, um total de 2.158 mortos. É o segundo país com maior número de casos, atrás apenas da China. No país o contágio não mostra sinais ainda de desaceleração, uma vez que as autoridades de saúde detectaram mais 3,2 mil casos positivos. Por isso, Amanda acredita que as medidas tomadas no Estado do Rio de Janeiro são importantes e essenciais para conter o vírus.

Na Itália, a taxa de letalidade do coronavírus é de 8,78% superior à média global, que é em torno de 3,7%. Isso se justifica pelo grande número de idosos que o país tem. Pessoas acima de 65 anos são as que mais têm complicações decorrentes da covid-19, assim como doentes crônicos e imunossuprimidos. Em todo o mundo (144 países), são 153,5 mil casos de covid-19, sendo 81 mil só na China. As mortes somam, agora, mais de seis mil (um terço na Itália).

Desde domingo retrasado, dia 8, o governo italiano solicitou o isolamento domiciliar, além de duras restrições à movimentação de pessoas em todo o seu território na tentativa de conter o avanço do coronavírus.

QUARENTENA

Amanda é casada e tem um filho de quatro anos. Ela contou que o primeiro caso foi divulgado no dia 21 de fevereiro e no dia 23 já saiu um comunicado que não teriam mais aulas. Algumas empresas também liberaram os funcionários, como foi o caso de seu marido que é irlandês. “Desde então temos evitado sair, somente para comprar comida. Evitamos ir aos fins de semana e horários de picos. A última vez que fui usei aquelas luvas brancas, fiquei muito assustada e triste ao ver todos de luvas e máscaras. As pessoas fazem filas para entrar dando um espaço de um metro de distância, fica um segurança pedindo para esperar, assim evita muitas pessoas dentro do supermercado”, contou.

Segundo Amanda Carvalho Gama, embora o sentimento seja de tristeza, muitos estão fazendo ações para manter a esperança de que a doença seja contida. Já foram canções nas janelas dos apartamentos, velas ou luzes acesas nas varandas. “No grupo da escola do meu filho a professora pediu pra todas as crianças fazerem um arco-íris e colocar que tudo vai ficar bem e depois mandar a foto. A gente que é brasileiro é da nossa cultura abraçar um amigo, cumprimentar alguém com aperto de mão. Temos que ter fé e esperança de que as coisas voltarão ao normal”, disse.

Filho de quatro anos de barra-mansense fez um desenho de arco-íris e logo abaixo a frase que tudo ficará bem, uma das mensagens de esperança propagadas na Itália – Foto: Divulgação

Para ela, a solução de isolamento domiciliar no Estado do Rio de Janeiro, com recesso escolar antecipado, shows cancelados, eventos que gerem grande aglomeração, é importante. Amanda diz que o governo italiano demorou para pedir quarentena, oficialmente aconteceu no domingo retrasado, e o número de contágio cresceu absurdamente.  “A quarentena é péssima pra economia, mas se todos nós fazermos a nossa parte esperamos que a contaminação diminua ou acabe, espero que dia melhores venham. Eu acho que é a única solução pra diminuir o contágio, esperamos que números de pessoas infectadas caia. Porque vi anúncios do governo que precisam de médicos e enfermeiras, hospitais lotados, tendo que escolher quem tem mais chances de melhora. Tudo isso é muito triste”, declarou a barra-mansense, contando que nunca passou por uma situação como essa. “Lembro do H1N1, mas não tive tanto medo. Não sei se é porque hoje temos mais informações ou se é porque moro longe de familiares e tenho filho e tudo está acontecendo muito perto de mim”, completou.

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