CNI: medidas emergenciais são alternativa para a indústria

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SUL FLUMINENSE

Com o cenário dominado por incertezas com a pandemia do coronavírus a indústria enfrenta junto com o governo desafios de proporções inéditas para evitar recessão e retomar o crescimento da economia. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI) será preciso manter ações de apoio ao setor privado junto de reformas estruturais.

Para o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, a retomada da economia após a pandemia da Covid-19 será difícil e depende de iniciativas como acesso ao crédito, renegociação de dívidas, incentivo à inovação e adoção de reformas estruturais. “São muitas as tarefas a serem enfrentadas pelo setor público, pelas empresas e por toda a sociedade, para que seja possível mitigar ou mesmo superar os danos causados pela pandemia da Covid-19”, sinaliza.

A CNI listou no documento Propostas para a retomada do crescimento econômico 19 ações que, se adotadas, farão o setor produtivo voltar a se desenvolver e gerar empregos. “As medidas emergenciais adotadas pelo governo e o Congresso Nacional foram essenciais para a retomada da economia. No entanto, empresas, famílias e governos estão saindo da crise bastante fragilizados, de modo que a transição para o crescimento sustentado se apresenta como mais um desafio. As ações propostas representam uma cartilha de forma estruturada e objetiva para o Brasil acelerar o desenvolvimento econômico e social, gerar emprego e renda”, comentou Robson Andrade.

Dentre as reformas estruturais necessárias para o avanço da economia ele destaca a reforma tributária. Aliada a burocracia excessiva e gargalos de logística, a tributação alta e complexa a que as empresas brasileiras são submetidas coloca o mercado nacional em um jogo de desvantagem na comparação com países desenvolvidos. É o chamado Custo Brasil.

ATRAIR INVESTIDORES

Além de transpor as barreiras tributárias, atrair investimentos é outro desafio que especialistas consideram importante para o crescimento da economia brasileira. A economista Zeina Latif destaca que definir uma agenda de ações e firmar compromisso com o setor fiscal é essencial para reduzir incertezas. “O governo tem que deixar clara a agenda, mostrar que tem capacidade de tocar, mostrar a capacidade de avançar. Isso é pedra fundamental para a gente ter um ambiente macroeconômico mais previsível e que permita investimento, aumento de contratações”, analisa.

E com investidores e o mercado aquecido ocorre a valorização do produto ampliando mercados e a consequente geração de empregos. Regionalmente, segundo a Federação das Industrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mesmo diante da crise o  setor industrial, que contempla a indústria de transformação, extrativa, de construção e os Serviços Industriais de Utilidade Pública, criou, em agosto, 4.487 postos de trabalho no estado do Rio. Considerando também o resultado positivo de julho (1.399), a indústria recuperou 16,5% das vagas perdidas entre março e junho, meses mais afetados pela pandemia do coronavírus e pelas incertezas em relação à economia.

Os dados são indicados pela plataforma Retratos Regionais. Na análise referente ao Sul Fluminense, considerando dados de 17 cidades, o saldo geral de empregos em agosto foi de 141 vagas. No Brasil, em agosto foram geradas 249.388 vagas de emprego com carteira assinada. “Já voltamos os níveis de emprego que tínhamos antes da pandemia. Atribuo isso, por exemplo, àquelas fábricas que tiveram que reduzir turnos de trabalho. Com a reposição dos estoques do varejo, elas estão sendo demandadas e estão repondo trabalhadores”, esclarece o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato.

CONFIANÇA AUMENTA

Levando em consideração que quem trabalha, consome, o empresário brasileiro está otimista. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) passou de 57 pontos em agosto para 61,6 pontos em setembro. “Estamos confiantes. Esse mês de setembro é maior do que foi setembro do ano passado. Esse índice de confiança dessa vez não está baseado na expectativa, porque o índice de confiança é baseado em duas coisas: expectativa e realidade. Neste mês de setembro, observamos que a confiança do empresário aumentou pelo número de encomendas que entrou nas fábricas e não pela expectativa de que as coisas iriam mudar”, analisa o presidente da Abinee.

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