Marcelo Traça depõe sobre participação de deputados em esquema

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VOLTA REDONDA/ESTADO

O ex-vice-presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), Marcelo Traça, é agora delator. Ele fez um acordo de delação premiada da Operação Lava Jato e já fez declarações ao Ministério Público Federal (MPF) a respeito dos deputados estaduais licenciados Jorge Picciani, Edson Albertassi e Paulo Melo, todos do MDB, presos desde novembro de 2017 durante Operação Cadeia Velha, um desdobramento da Lava Jato. Sobre Albertassi, Traça fala de pagamentos feitos ao parlamentar licenciado em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), em um estabelecimento comercial perto da assembleia, em sua casa e até mesmo no escritório da Rádio 88, em Volta Redonda.

A respeito da função de Edson Albertassi no esquema, Marcelo Traça falou que ela era bem definida. “A contraprestação do deputado era monitorar esses projetos que entravam dentro da assembleia, que gerariam um ônus e dificuldades para o setor de transporte de passageiros. Então o deputado Albertassi ficava encarregado de monitorar esses projetos, e de alguma forma tentar inviabilizá-los dentro da assembleia”, afirmou Marcelo Traça em depoimento.

Traça foi preso em julho de 2017 e resolveu contar como funcionava o esquema onde donos de empresas de ônibus pagavam propina a políticos para conseguirem favores. A respeito de Jorge Picciani, que foi presidente da Alerj, disse que passou mais de R$ 18 milhões em propina a ele em pouco mais de um ano. Ele contou que a verba era enviada por empresários de ônibus e repassada pelo ex-vice-presidente da Fetranspor, que representa as empresas de ônibus. Sobre a função de Picciani, Traça disse que não tinha uma específica, mas era claramente pela posição que ocupava dentro da estrutura de governo, como presidente da Alerj.

Ao deputado estadual Paulo Melo, Marcelo Traça disse que mesmo sem Paulo Melo não estar mais à frente da Alerj, ele recebia uma “caixinha” por conta de sua influência no Legislativo.

PRESOS

Os três deputados estão presos em Benfica, no Rio de Janeiro, onde também estava o ex-governador Sérgio Cabral, que foi transferido para Curitiba no início deste ano.

A defesa de Edson Albertassi informou que já se passaram mais de 100 dias da prisão e afastamento do deputado das suas funções sem notícias do início de uma ação penal válida. “As acusações contra ele são inverídicas e estão sendo contestadas pela defesa”, diz o advogado. A assessoria de Albertassi completou que Marcelo Traça está fazendo acusações ao parlamentar licenciado sem apresentar provas, “através de uma delação com acusações falsas para se livrar dos vários crimes que cometeu”. Atualmente Traça está solto.

Já a defesa de Jorge Picciani reafirmou o mesmo, que as afirmações são vazias, de quem quer receber benefícios da Justiça. A assessoria de Paulo Melo disse que ele jamais praticou irregularidades.

CADEIA VELHA

A Operação Cadeia Velha foi deflagrada no dia 14 de novembro pela Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF), com o objetivo de apurar a existência de uma organização criminosa que atuava no setor de transportes públicos, com apoio de parlamentares da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Os três parlamentares foram detidos neste dia, mas foram liberados por uma decisão da assembleia. Uma semana depois, foram detidos novamente.

As investigações apuram o uso da presidência e outros postos da Alerj para a prática de corrupção, associação criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Foi levantado que a organização atuava desde os anos de 1990. Os três deputados formam, segundo as investigações, uma organização integrada ainda pelo ex-governador Sérgio Cabral.

 

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