Lideranças da região pretendem seguir com discussão sobre concessão da Via Dutra

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BRASÍLIA/SUL FLUMINENSE

Mesmo depois do presidente da República Jair Bolsonaro ter usado suas redes sociais, na noite de terça-feira, 21, descartando a hipótese da instalação do pedágio em Barra Mansa, lideranças políticas da região garantem que pretendem seguir com as mobilizações sobre o assunto. Bolsonaro esclareceu que o modelo apresentado nas audiências públicas da NovaDutra é preliminar e não representa a modelagem definitiva que, diante das contribuições apresentadas, não terá pedágio em Guarulhos e nem em Barra Mansa. Nesta quarta-feira, 22, prefeitos e representantes de entidades diversas estiveram reunidos no Rio com o Secretário Estadual de Transporte, Delmo Pinho.

Na reunião, que já estava marcada antes a declaração do presidente, o deputado Hugo Leal falou sobre as declarações. Citou que na publicação o Bolsonaro garante que não está certo que a Rodovia Rio-Santos integrará a concessão e por ocasião da renovação da concessão da Rodovia, que vence em 2021, o Governo Federal irá propor não só a diminuição do valor do pedágio, bem como não permitirá a construção de novas praças para a sua cobrança.

O objetivo do encontro, mesmo depois das declarações do presidente, foi apresentar argumentos contra a implantação de uma praça de pedágio em Barra Mansa, quando houver a nova concessão da Rodovia Presidente Dutra. Entre outros, participaram do evento o representante do Conselho empresarial infraestrutura Firjan, Mauro Viegas, o presidente da Associação Estadual dos Municípios do Rio de Janeiro (Aemerj) e prefeito de Piraí, Dr. Luiz Antonio (PDT), a Diretora Executiva do Ministério da infraestrutura Natália Marcasa, o representante da EPL Empresa de Planejamento Logístico, Artur Lima, e da Firjan Sul Fluminense, Antonio Vilela. A exemplo da reunião de ontem, outros encontros serão realizados para tratar sobre o assunto. Nesta sexta-feira, as lideranças irão se reunir em Volta Redonda, na sede da Firjan.

TEMA FOI DEBATIDO EM BARRA MANSA COM REPRESENTANTES DE OUTRAS CIDADES

A nova concessão da Via Dutra foi debatida também durante encontro, no início da noite de terça-feira, 21, em Barra Mansa. O prefeito Rodrigo Drable, coordenou o evento no Parque Natural de Saudade onde recebeu representantes de várias cidades da região. A ideia foi discutir e alinhar questões relacionadas à nova concessão da Rodovia Presidente Dutra, que terá o atual contrato encerrado em fevereiro de 2021. No encontro foi definida ainda uma comitiva que participou ontem da reunião no Rio de Janeiro com o secretário Estadual de Transportes, Delmo Pinho.

Durante a reunião, o prefeito de Barra Mansa relembrou que durante a Audiência Pública, na semana passada, representantes dos municípios que participaram do evento tiveram a oportunidade de fazer a defesa de suas áreas de interesse e o secretário de estado faria os conceitos gerais da concessão. Lembrou que, na sua concepção, a audiência beirou o desrespeito, pois as informações foram passadas de forma mais genérica possível. “Foi nos apresentado a publicação dos trechos sem qualquer tipo de projeto ou custo”, informou Drable, ressaltando que, em relação ao Imposto Sobre Serviço (ISS), Barra Mansa recebe em torno de R$ 7 milhões da NovaDutra. “A Rio-Santos não tem a mesma frequência que temos e nós teríamos que dividir com eles. Não faz sentido”, completou o prefeito.

IMPORTANTE IMPACTO DA UNIÃO

Quem também participou da reunião foi o prefeito de Rio Claro, José Osmar. Ele falou sobre o importante impacto da união dos municípios para evitar o pedágio e solicitar reivindicações. Disse que assim como Rodrigo Drable, ele também participou da audiência no Rio de Janeiro. “É extremamente importante que todos os prefeitos da região estejam unidos na luta em favor da região, pois, se nós ficarmos parados, todos sairemos perdendo no futuro. Rio Claro está junto nessa luta, trabalhando nas discussões em benefício de nossa região”, declarou o prefeito.

O ex-deputado estadual e atual secretário de governo da Prefeitura de Volta Redonda, Nelson Gonçalves, foi outro que falou sobre a importância dos debates. Ele fez questão de se manifestar contra a implantação de um pedágio em Barra Mansa, que segundo ele, vai dividir os polos metalmecânico e automotivo, além de dificultar a integração do turismo e educação. “Nossa região é interligada por indústrias, escolas, universidades e empresas, que juntas, garantem o desenvolvimento da nossa economia. Por isso, não podemos permitir um pedágio em Barra Mansa”, lembrou Nelson Gonçalves.

PREOCUPAÇÃO

O empresário do ramo de transportes, Vivaldo Moreira, demonstrou sua preocupação com os caminhoneiros. Disse que o que toca a economia do país, principalmente na região, são os caminhoneiros e que o Brasil parou em 2018, pedindo melhores condições de frete da classe. “Hoje o caminhão que sai de Resende e que vem para a CSN carregado não paga pedágio. Quem sai de Barra Mansa carregado e vai para Resende, para a ArcelorMittal, também não paga. Será que essas melhores condições no preço do frete do caminhoneiro serão reduzidas de novo?” Indagou, lembrando que se o movimento acontecer novamente, há a possibilidade de o Brasil parar. “Eu sei o que é o problema de caminhão parado no país e este movimento começou aqui em Barra Mansa, ou seja, não tem como ter um pedágio em Floriano”, completou.

Segundo enfatizou o coordenador do eixo Mobilidade do Grupo Líder, Péricles Aguiar, os maiores investimentos devem vir para a parte da estrada que fica no estado do Rio de Janeiro. “Temos uma equipe de trabalho que está analisando a questão do pedágio. Temos que fazer um trabalho para que o investimento venha para a região e não somente para o estado de São Paulo, que está sendo contemplada com um longo trecho nesta nova proposta apresentada”.

PREFEITOS FALAM SOBRE A NOVA CONCESSÃO DA VIA DUTRA E AS PREOCUPAÇÕES

Prefeitos da região falaram nesta quarta-feira, 22, ao A VOZ DA CIDADE sobre a nova concessão da Via Dutra, suas preocupações e, principalmente como receberam as declarações feitas pelo presidente Bolsonaro sobre o assunto.

O prefeito de Barra Mansa, Rodrigo Drable, relatou que para ser feita de forma correta, a concessão precisa de três importantes elementos. “Uma concessão precisa de três elementos fundamentais para elaborar os valores: a outorga, a tarifa e os investimentos. Quanto maior a outorga, menor o investimento e maior a tarifa. Se eu quero uma tarifa baixa, a outorga deverá ser baixa. Porém o que temos hoje na Dutra é um valor altíssimo”, pontuou.

Drable acrescentou ainda sobre seu discurso durante a audiência no Rio na semana passada. “Quando tive oportunidade de fala, fiz um discurso até um pouco ríspido, pois me senti ofendido. A apresentação da forma que foi feita foi ofensiva. Eles mostraram a coisa pronta, ou seja, a gente paga a conta, não levamos os resultados e o que antes era enganado, agora é escancarado. Decidi ir embora”, completou.

Garantiu que as mobilizações irão prosseguir, já que a licitação terá que ser feita. “Precisamos garantir avanços para a região, que ainda não foram contemplados. Em relação às declarações do presidente nas redes sociais descartando a instalação do pedágio em Barra Mansa, foi um alívio, afinal de contas, um pedágio na região aumentaria o custo variável das empresas, e isso impactaria a produção, o mercado, e o consumidor na ponta”, ressaltou o prefeito.

Disse ainda o prefeito que na reunião de ontem definiu o posicionamento regional. “Estávamos reunidos o Presidente Regional da Firjan, o Presidente do CDL de VR, o presidente do Codec de Barra Mansa, representante da Aciap VR, eu e o deputado Antônio Furtado, além do Secretário de Transportes do Estado. Será marcada nova audiência pública, e dessa vez, será na região. Elaboramos pauta comum a todos os municípios, que será encaminhado pelo secretário de transportes do Estado e pela Firjan Regional, com a assinatura dos prefeitos”, informou.

PORTO REAL

O prefeito de Porto Real, Ailton Marques, lembrou que quando participou da Audiência Pública do Rio de Janeiro, onde o novo projeto de concessão foi apresentado, pensava sobre a criação de um pedágio em Floriano, no Km 284. “Para mim foi até surpresa incluírem na concessão a Rio-Santos, BR-101. Fiquei sabendo lá no dia da audiência. No mesmo dia fiz um vídeo dizendo que eu era contra o modelo de concessão apresentado, pois um pedágio em Floriano vai impactar negativamente o segundo Polo Automotivo do Brasil, que é o Polo de Porto Real e Resende. Acho que outros prefeitos também fizeram o mesmo. E isso acabou chegando até o presidente da República”, declarou.

O Chefe do Executivo destacou ainda que já tem se mobilizado faz um bom tempo com relação às melhorias, independente de pedágio, na Rodovia Presidente Dutra. “Por exemplo, nesse processo de concessão novo não consta uma Faixa adicional entre Resende e Porto Real e um viaduto de acesso ao Porto Real no Km 296, o que nos causou surpresa também”, disse, lembrando que acha importante essa fala do presidente. Se não vai ter pedágio, nos deixa mais tranquilo por conta do momento atual, que a gente vive com a falta de emprego e a produção automotiva já está sacrificada e assim ia ficar mais ainda. Poderia aumentar o desemprego”, concluiu.

PINHEIRAL

Ednardo Barbosa, prefeito de Pinheiral, foi outro que prometeu continuar  com a mobilização em torno do assunto, principalmente através da Aemerj e dos municípios com seus prefeitos. “Em Pinheiral, apesar de ter uma pequena faixa de quilometragem de Dutra a gente precisa de investimento, principalmente ali no retorno, no início da cidade de Pinheiral, uma passarela, principalmente. Outro problema que assola todos nós é a questão da Serra das Araras, que precisa da duplicação já imediatamente”, lembrou o prefeito, lembrando que uma vez que a concessão antiga durante esse período todo não contemplou isso. “Então a gente não tem como esperar mais de 3 a 6 anos para o início da duplicação. Isso foi uma pauta”, completou.

Ednardo lembrou que todos os municípios foram radicalmente contra o pedágio na região, pois estaria dividindo os municípios e correria o risco de desemprego, aumento do valor do transporte, pessoas que trabalham na região do polo de Itatiaia e Resende sofreriam.  “Vamos continuar nos mobilizando Tem todo um grupo por trás e nos ajudando, como outras entidades, entre elas Aciaps, sindicatos, como o de Transporte. A gente continua mobilizando para que fazer desta renovação da licitação, a melhor possível para a nossa região.

CÂMARA DE VEREADORES DE VOLTA REDONDA

O presidente da Câmara de Vereadores de Volta Redonda, o Neném, também está mobilizando. Ele enviou um ofício para o prefeito de Barra Mansa, apoiando a iniciativa de reunir lideranças regionais contra o pedágio. Conforme o vereador é preciso que o projeto da nova concessão se preocupe em primeiro lugar com as obras que não foram realizadas ao longo dos últimos 20 anos, como a duplicação da Serra das Araras. Diz acreditar que o Legislativo tenha de se manifestar, pois os vereadores representam a população de Volta Redonda, que também seria prejudicada.

 RESENDE

O prefeito Diogo Balierio Diniz (Democratas) comentou na tarde desta quarta-feira, 22, que a possibilidade de criação de duas praças de Pedágio, uma na cidade paulista de Queluz e outra no distrito de Floriano, em Barra Mansa, poderá impactar a economia no município. Vale lembrar que os veículos emplacados no município têm gratuidade na tarifa do Pedágio de Itatiaia, localizada no KM 318. Em 2014, uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a isenção dada em 2007, uma vez que o pedágio está localizado entre o distrito de Engenheiro Passos, que pertence a Resende. Atualmente, de acordo com dados do setor de Estatísticas do Detran/RJ, no município possuo 77.190 veículos. Estes números equivalem a dezembro de 2019.

Segundo Diogo, com a possibilidade de mudança e implantação de novas praças de pedágio haveria um impacto na economia municipal e regional, em todas as esferas. “As pessoas que moram em Barra Mansa e Volta Redonda que têm de chegar nas indústrias localizadas na região das Agulhas Negras, formada pelos municípios de Resende, Itatiaia, Porto Real e Quatis, teriam uma despesa altíssima. Esse custo seria absorvido pelo próprio trabalhador ou pelo empresário e, nos dois casos, isso seria muito ruim para a economia regional. Esse mesmo processo seria verificado entre as pessoas que moram nas Agulhas Negras e precisam ir até Barra Mansa e Volta Redonda para trabalhar. Isso sem falar nos estudantes, nas pessoas que fazem tratamento médico, que procuram lazer, turismo. Tudo isso seria encarecido com esse pedágio”, disse o chefe do Executivo que está se mobilizando com prefeitos da região Sul Fluminense e políticos em Brasília para evitar a implantação destas praças de pedágio.

O prefeito ainda falou do posicionamento do presidente Jair Bolsonaro ao falar nas redes sociais informando que não vai permitir a construção dos pedágios. “Felizmente, o presidente Jair Bolsonaro mostrou muita sensibilidade e sensatez para rever esta questão, que chegou a ser ventilada três vezes pelos técnicos da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) em audiências públicas. O presidente é um assíduo frequentador da região e de Resende especialmente, onde ele inclusive chegou a morar”, disse Diniz, contente com a união da sociedade, políticos e empresários

sobre a questão. “É gratificante ver a sociedade civil, a classe política e os empresários unidos para questionar e argumentar contra essa mudança. Conseguimos dar nossa contribuição, nos manifestando publicamente e mostrando os prejuízos que seriam causados”, concluiu.

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