Salário das mulheres é 20,5% menor que o dos homens, aponta IBGE

0

SUL FLUMINENSE

Mesmo com uma leve queda na desigualdade salarial entre 2012 e 2018, as mulheres ainda ganham, em média, 20,5% menos que os homens no país, de acordo com um estudo especial feito pelo IBGE para o Dia Internacional da Mulher, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua). Os dados, relativos ao quarto trimestre de 2018, consideraram apenas pessoas entre 25 e 49 anos, e mostram que a disparidade entre os rendimentos médios mensais de homens (R$ 2.579) e mulheres (R$ 2.050) ainda é de R$ 529. A menor diferença foi de R$ 471,10 em 2016, quando as mulheres ganhavam 19,2% menos.

Dois outros fatores explicam essa diferença no rendimento médio entre os sexos. As mulheres trabalham menos horas (37h54min) que os homens (42h42min), além de receberem valores menores (R$ 13) que seus pares masculinos (R$ 14,20) por hora trabalhada. “Esse estudo mostra que a jornada média dos homens é cerca de 4h48min mais longa que a exercida pelas mulheres. Verificamos isso todos os anos, essa diferença já foi de seis horas. É uma característica do mercado de trabalho, uma vez que isso indica apenas as horas nesse setor”, explica a analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy. Ela ressalta que essa jornada não reflete o que a mulher trabalha em todo o seu dia. “A menor jornada da mulher no mercado de trabalho está associada às horas dedicadas a outras atividades, como os afazeres domésticos e os cuidados com pessoas”, completa.

Essas questões culturais e estruturais também afetam a participação das mulheres no mercado de trabalho de modo geral. De um total de 93 milhões de ocupados, apenas 43,8% (40,8 milhões) são mulheres, enquanto 56,2% (52,1 milhões) são homens. Na população acima de 14 anos, por exemplo, a proporção é bem diferente: 89,4 milhões (52,4%) são mulheres, enquanto 81,1 milhões (47,6%) são homens. Quando a comparação entre os rendimentos das mulheres e dos homens é feita de acordo com a ocupação, o estudo mostra que a desigualdade é disseminada no mercado de trabalho, embora varie de intensidade. “A mulher acaba tendo participação maior na população desocupada e na população fora da força de trabalho. Temos muitas procurando trabalho ou na inatividade, ou seja, não procuram emprego, por inúmeras questões. O que temos nas ocupações é que de modo geral, na grande maioria, as mulheres ganham menos. As maiores proximidades de rendimento, ainda que não haja igualdade, ocorreram no caso dos professores do ensino fundamental, em que as mulheres recebiam 9,5% menos que os homens”, cita Adriana.

Outros casos de destaque pela menor distância entre os rendimentos são os dos trabalhadores de central de atendimento e dos trabalhadores de limpeza de interiores de edifícios, escritórios e outros estabelecimentos, em que as mulheres recebiam 12,9% e 12,4% menos que os homens, respectivamente. Já entre as ocupações com a maior desigualdade, podem ser destacados os agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e dos gerentes de comércios varejistas e atacadistas, em que mulheres recebem 35,8% e 34% menos que os homens, respectivamente. Profissões tradicionais como médicos especialistas e advogados também sofreram com a desigualdade: elas recebiam 28,2% e 27,4% menos, respectivamente.

DISTORÇÃO ENTRE OCUPAÇÕES

Considerando-se as ocupações selecionadas na pesquisa, a participação das mulheres era maior entre os Trabalhadores dos serviços domésticos em geral (95,0%), Professores do Ensino fundamental (84,0%), Trabalhadores de limpeza de interior de edifícios, escritórios, hotéis e outros estabelecimentos (74,9%) e dos Trabalhadores de centrais de atendimento (72,2%). No grupo de Diretores e gerentes, as mulheres tinham participação de 41,8% e seu rendimento médio (R$ 4.435) correspondia a 71,3% do recebido pelos homens (R$ 6.216). Já entre os Profissionais das ciências e intelectuais, as mulheres tinham participação majoritária (63,0%) mas recebiam 64,8% do rendimento dos homens.

As ocupações com maior nível de instrução também mostram rendimentos desiguais. Entre os Professores do Ensino fundamental, as mulheres recebiam 90,5% do rendimento dos homens. Já entre os Professores de universidades e do ensino superior, cuja participação (49,8%) era próxima a dos homens, o rendimento das mulheres equivalia a 82,6% do recebido pelos homens. Outras ocupações de nível de instrução mais elevado, como Médicos especialistas e Advogados, mostravam participações femininas em torno de 52% e uma diferença maior entre os rendimentos de mulheres e homens, com percentuais de 71,8% e 72,6%, respectivamente.

Nas Forças Armadas o rendimento das mulheres equivale ao dos homens, diz o IBGE – Foto: Idelfonso Pinheiro

O grupamento ocupacional com a menor desigualdade é o dos Membros das forças armadas, policiais, bombeiros e militares, no qual o rendimento das mulheres equivale, em média, a 100,7% do rendimento dos homens.

PROGRAMA WOMAN VALORIZA AS MULHERES

No Sul Fluminense, existe exemplo de incentivo à mulheres no ambiente de trabalho considerado favorável ao sexo masculino. Na montadora Volkswagen Caminhões e Ônibus, em Resende, a gerente-executiva de Qualificação & Desenvolvimento da VWCO, Fernanda Simão, sintetiza a ideia por trás do programa Woman, criado na empresa em 2015. “Nós, da Volkswagen Caminhões e Ônibus, entendemos que, quanto mais diverso o ambiente de trabalho for, mais eficiente e inovador ele se torna”, frisa. Atuando para aumentar a presença feminina na organização, na identificação e no desenvolvimento de mulheres para posições de liderança, a iniciativa já conseguiu dobrar o percentual de mulheres em cargos executivos, além de atingir outras marcas expressivas.

Fernanda Simão comenta a iniciativa da montadora, as mulheres em cargos de liderança – Foto: Divulgação

Segundo Fernanda Simão, a presença feminina está em áreas antes ocupadas apenas pelos homens. “Temos mulheres em cargos de liderança em áreas que, até recentemente, eram consideradas exclusivamente masculinas. Nosso patamar de mulheres em cargos executivos está acima do encontrado na média do setor automotivo, mas, claro, nós queremos ir além”, afirma Fernanda, ressaltando que durante o último ano, o número de mulheres contratadas na Volkswagen Caminhões e Ônibus foi similar ao de homens. Com isso, a presença feminina apresentou aumento em todas as áreas de negócios da empresa.

A montadora conta com a mão de obra feminina em diversos setores do Consórcio Modular – Foto: Divulgação

O programa Woman é liderado por Recursos Humanos e conta com o apoio de muitas colaboradoras, que promovem workshops, palestras e fóruns para troca de experiências. “O Programa Woman tem um propósito abrangente, de valorização da força de trabalho, por meio de programas sob medida e na identificação e desenvolvimento de suas futuras lideranças femininas”, conclui Fernanda.

 

Deixe um Comentário