Estádio São Januário conta com espaço exclusivo para autistas

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RIO DE JANEIRO

O domingo, dia 14 de abril, na estreia do Vasco da Gama no Campeonato Brasileiro 2024, marcou também a inauguração de um espaço exclusivo no Estádio São Januário para torcedores com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O clube da Colina Histórica é o primeiro time do Rio de Janeiro a disponibilizar uma sala exclusiva para pessoas autistas em seus jogos.

Foto: Autistas da Colina

Em julho do ano passado, foi publicado no Diário Oficial do Rio de Janeiro, uma lei que obriga estádios na cidade a terem espaços reservados para pessoas com TEA.

A idealizadora do movimento Autistas da Colina e do Camarote 01 é Vanessa Miguel Maria, mãe de um jovem de 17 anos e de uma menina de cinco, que são autistas, nível 2 de suporte. Ela disse ao jornal A VOZ DA CIDADE que as vagas para assistir aos jogos limitadas e informadas através do Instagram. “Divulgo um link para um grupo no WhatsApp, exclusivo para o próximo jogo, que está na Bio do perfil (@autistas_da_colina). Os primeiros a entrarem e afirmarem que querem utilizar o camarote, terá que enviar laudo que comprovem o autismo. Preenchendo as 12 vagas (seis autistas com um acompanhante cada), o grupo é fechado. Na sequência envio no privado das pessoas, dois links para a biometria facial. Um para o autista e outro para o seu acompanhante”, disse Vanessa, acrescentando que será feito um rodízio para que mais famílias tenham acesso ao estádio, uma vez que nosso propósito é dar oportunidade para muitas famílias.

Local comporta 12 pessoas; seis autistas e seis acompanhantes – Foto: Autistas da Colina

Quem esteve presente no Camarote 01 foi o juiz de Direito, Ricardo Fulgoni, natural de Volta Redonda, e que atualmente mora em Bela Vista do Paraíso (PR), onde atua na Comarca da cidade e é autista. Ele relatou, em suas redes sociais, que várias crianças, adolescentes e adultos autistas estiveram no espaço e nenhuma crise foi registrada, mesmo com os estímulos, como sons e a presença de muitas pessoas.

Fulgoni ainda conta que, por anos, ficou reticente em ir a São Januário. “Relutei por anos visitar São Januário devido ao ambiente. Medo de ter meu passeio arruinado por conta da minha deficiência. Domingo, dia 14, foi minha primeira vez na Colina Histórica, e para esse momento, ser ainda mais especial, estava acompanhando do meu filho de sete anos, que também é autista”, comentou o torcedor.

Em conversa com o A VOZ DA CIDADE, Ricardo disse que frequenta o Estádio do Londrina também com uma torcida formada por autistas, e que já foi nos estádios Raulino de Oliveira e Maracanã acompanhar os jogos do Voltaço e o Vasco, mas que São Januário, é um local que, para o autista é muito apertado e com muitas peculiaridades, pois emitem estímulos diferentes e podem ser suportados pelos autistas. “Sempre desejei estar em São Januário e, no último fim de semana, estava em Volta Redonda para visitar familiares, decidi que seria a hora e, para minha felicidade, encontrei o Camarote 01, que é simplesmente fantástico”, comentou Fulgoni.

Ele aproveitou a oportunidade para ressaltar e agradecer ao grupo de torcedores Autistas da Colina e ao Vasco da Gama por proporcionar essa experiência única que, mais uma vez, coloca o nome do Vasco na história da inclusão. “Graças à iniciativa do grupo @autistas_da_colina e do @vascodagama” relatou o vascaíno, acrescentando, “com pequenas adaptações podemos estar plenamente em sociedade. Esse mundo é nosso também!”, disse o magistrado vascaíno.

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