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Como se reconciliar com amigos e família pós-eleições

Por sergiocjr
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BARRA MANSA

Imposição, autoafirmação ou provocação. Muitas vezes, uma discussão sadia pode virar debate verbal violento, e é nessas horas, de cabeça quente, que as amizades são perdidas. Isso foi o que aconteceu muitas vezes durante o período eleitoral. Foram inúmeras brigas nas redes sociais e grupos de WhatsApp entre amigos e familiares. Poucos dias após a eleição do novo presidente Jair Bolsonaro (PSL), como ficaram tais amizades? Será que vale a pena retomar?

Há uma onda de postagens no Facebook de pessoas pesquisando por amigos que são fãs da página do Jair Bolsonaro e desfazendo amizades. Perguntar não ofende, algumas respostas provavelmente sim: será que vale a pena adotar este tipo de atitude em vez de tentar iniciar algum diálogo de esclarecimento?

De acordo com a secretária Ana Paula Souza, a necessidade de impor um determinado ponto de vista, é a mais pura verdade no ser humano. “Ainda há quem não assuma isso, mas as eleições estão aí comprovando essa afirmação. Autoafirmação, provocação ou mesmo uma mera opinião colocada, pode provocar inimizades pela não aceitação da opinião alheia. Eu tenho uma opinião, votei pela mudança, arranjei muita briga sim, mas foi pelo calor do momento. Hoje vejo que são boas pessoas e vou tentar de alguma forma, me desculpar”, destaca.

Já uma leitora que preferiu não se identificar é categórico: Não irá retomar as amizades. “Seu amigo manifesta uma opinião sobre partidos ou políticas públicas na internet e você entra em uma espiral de choque, decepção, repugnância e tristeza por pensar exatamente o oposto do que ele defenda com tanta paixão. Sabe por quê? Você não está sabendo observar e escutar esse amigo. Todos os dias, ele te dá pistas concretas de que ele é tudo isso aí que você leu no Face dele mesmo, então não quero esse tipo de gente perto de mim”, explica.

Ela conta que se afastou de pessoas, saiu de grupos em redes sociais e desfez amizades virtuais. “Fiz das minhas redes sociais uma bolha, um lugar de paz. Mas quando estava no mundo real via que a realidade não é bem assim. Por mais que você argumente, mostre fatos o outro lado não quer ter essa conversa sadia, já em com intolerância e falas cheias de preconceitos. Fiz uma pequena militância nas minhas redes sociais, tentava conversar com educação, mas fui ameaçada, a solução foi bloquear essas pessoas. Não quero de volta”, comenta.

De acordo com ela, o saldo foi negativo. “Foi decepção atrás de decepção. Percebi o quão as pessoas são preconceituosas, classistas, vi inúmeras famílias brigando entre si. Disso tudo, fiz uma reflexão, percebi que devemos ser mais politizados, mais do que nunca, a população precisa ser mais ativa”, destaca.

ATÉ ONDE VALE A PENA?

De acordo com o psicólogo Renan M. Souza, estas eleições foram as mais polarizadas dos últimos tempos e com um grande diferencial de que as ações políticas não ficaram restritas aos cabos eleitorais e aos militantes partidários e por conta das redes sociais muitas pessoas expuseram a opinião sobre diversos temas ligados a disputa eleitoral. “Devemos sempre manter firmes as nossas convicções mais sólidas, baseadas nos valores mais fundamentais que acreditamos, porém não devemos usar a força dessa convicção como desculpa para desrespeitar nossos amigos e familiares”, pondera.


Mas vale a pena refazer amizades perdidas durante as discussões? “Toda boa convivência exige certa ética, algumas regras de respeito mútuo que devem ser respeitadas no caso de discordância política, religiosa ou de outros valores que são considerados fundamentais por pelo menos uma das pessoas. Portanto é preciso entender que há certo limite até onde as discussões podem se estender, e muitas vezes esse limite é bem pequeno”, destaca.

Segundo o psicólogo, é a habilidade de empatia vai ajudar cada um a se colocar de fato no lugar do outro e compreender esses limites. Empatia significa a capacidade de compreender os sentimentos e as emoções de outra pessoa, experimentar o a outra pessoa que sente. “Cada caso é um caso a ser analisado separadamente e tem que ser analisado com muito bom senso. Mas devemos separar por categorias de importância: as pessoas com quem não nos relacionamos de forma alguma; as pessoas com quem acabamos nos encontrando vez ou outra por morar na mesma cidade ou mesmo bairro; as pessoas que convivemos mais ativamente, como colegas de trabalho, por exemplo; as pessoas da família com quem convivemos todos os dias, às vezes até na mesma casa. Quanto maior e mais duradouro é o laço de amizade e convivência, mais atenção e empatia devemos dar”, exemplifica.

Vale refletir também se essa foi uma boa oportunidade de se afastar de pessoas que não acrescentam em nada na nossa vida. Há um antigo ditado em latim sobre amizade que expressa bem isso: idem velle, et idem nolle, “amar as mesmas coisas e rejeitar as mesmas coisas”. Devemos sempre procurar a amizade dos melhores, dos que tem os mesmos valores que os nossos e, sem brigar, evitar os demais. Afinal, as festas de fim de ano estão chegando.

Quer retomar uma amizade? Dicas para reconciliação pós-eleição

– Busque na amizade perdida qual foi laço que os uniu, reflita a respeito;

– Procure a outra parte afetada;

– Fale sobre os pontos de convergência entre vocês e não de divergência;

– Crie um ambiente para discussão aberta caso o outro concorde e de preferência num ambiente bem agradável;

– Trate com humor o que aconteceu durante as eleições e deixe claro que o fator causador da inimizade bem provável nem sabe da existência de vocês.

 

 

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