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Estado do Rio de Janeiro bate recorde em doação de órgãos

Por Carol Macedo
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ESTADO/BARRA MANSA

Luana Januário ([email protected])

O Programa Estadual de Transplantes (PET), da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES), atingiu ao fim de 2019 o recorde de 304 autorizações para doações de órgãos, o que gerou mais de 800 transplantes de órgãos. O recorde anterior foi registrado em 2015, com 303 doadores, já em 2018 o total foi de 218, o que representa expansão, em 2019, de 16,4%. O coordenador do PET, urologista Gabriel Teixeira, afirmou que até o final de 2020, a meta é alcançar o 4º lugar nacional em termos de doadores.

Para auxiliar no trabalho do Programa Estadual de Transplantes, existe o setor de Organização de Procura de Órgãos (OPO), responsável por realizar buscas ativas nos hospitais, com a finalidade de identificar potenciais doadores de órgãos e tecidos, apoiando todo o processo Doação/Transplante. No estado do Rio de Janeiro existem quatro setores da OPO, sendo cada uma responsável por uma região.

Um desses setores, responsável pelo Médio Paraíba, que cobre 33 cidades, está localizado na Santa Casa de Misericórdia de Barra Mansa. Em 2019, segundo explica a enfermeira coordenadora da OPO-BM, Daniela da Silva, o número de notificações de Morte Encefálica (ME) foi de 110 e apenas 48 foram doadores. Desse total foram captados 30 fígados, 67 rins e 40 córneas, o que soma dez vezes mais que no ano de 2018. “Não conseguimos captar todos os pacientes com ME, isso por negativa da família ou por causa de órgãos que não estão em condições de serem doados”, disse, completando que as doações beneficiaram 137 pessoas.

OPO sediada na Santa Casa de Barra Mansa cobre todos os hospitais da região

A equipe da OPO sediada na Santa Casa de Barra Mansa é composta por um médico coordenador, um enfermeiro coordenador, e quatro enfermeiros plantonistas. A equipe cobre todos os hospitais da região, em busca de possíveis doadores. Segundo Daniela da Silva, a equipe é pequena, mas o trabalho é gigantesco. “Tem situações que temos chamados de ME em municípios distantes e temos que cobrir”, contou.

Daniela ainda explicou como funciona o trabalho da OPO.  “Todos os dias temos enfermeiros de plantão 24 horas. A equipe realiza buscas de possíveis ME e visitam os hospitais”, relatou, contando que os profissionais, para realizar o trabalho, precisam seguir um protocolo que consiste em três etapas.

Sobre o protocolo


A primeira etapa é identificar o paciente com uma possível Morte Encefálica. O segundo passo é a realização de uma série de testes para confirmar a ME. E por último, a equipe da OPO realiza a abordagem familiar. De acordo com a enfermeira coordenadora, o trabalho é uma corrida contra o tempo, pois se demorar muito, os órgãos começam a ser prejudicados. “Quando se tem a notificação da morte cerebral, a gente tenta abrir o protocolo e concluir entre 24 e 48 horas. Quanto antes o protocolo é aberto e fechado, melhor a qualidade dos órgãos”, relatou.

Ainda de acordo com Daniela, todo o trabalho de busca e identificação das 33 cidades, é realizado pela equipe. “As únicas coisas que a gente não faz, são os exames, pois somos enfermeiros”, explicou, acrescentando que para a retirada dos órgãos, uma equipe de cirurgiões é enviada pelo programa estadual e existe uma terceira equipe responsável pelo transplante. “É um trabalho de formiguinha com muitas pessoas envolvidas”, ratificou.

Conscientizando a doação de órgãos

Apenas os familiares podem autorizar as doações de órgãos, e para abordar essas pessoas que acabaram de perder um ente querido, é necessário um treinamento. Apesar do assunto ainda não ser amplamente discutido, o coordenador do Programa Estadual de Transplantes, Gabriel Teixeira, disse que a taxa de autorização no estado girava em torno de 40%, já no final do ano, a taxa média foi da ordem de 75%.

Segundo Teixeira, teve momentos de até 90% de autorização familiar. “Realmente, uma mudança bastante expressiva na nossa sociedade fluminense. Isso se deu a ações de conscientização, mas, principalmente, a melhora nas técnicas de abordagem a famílias que, por vezes, precisam de um profissional bem treinado e capacitado para que elas possam compreender a morte encefálica e tomar a decisão da doação de forma clara e consciente”, explicou.

Segundo Daniela da Silva, a equipe da OPO-BM está constantemente realizando a conscientização da doação de órgãos nos hospitais. “Quando faço a apresentação de conscientização, eu trabalho com duas perguntas. A primeira é: “você doaria seus órgãos”. Se é uma plateia de 70 pessoas, apenas dez levantam a mão. Já a segunda pergunta é: “você aceitaria receber um órgão se estivesse doente? E todos levantam a mão”, disse, afirmando que isso é uma forma de reflexão. “Culturalmente as pessoas acham que só está na fila de transplante quem está doente, mas as pessoas saudáveis podem entrar também por consequências do dia a dia. Então se você aceitaria um transplante, pense em ser um doador, pois o próximo também precisa”, concluiu.

OPO-BM COBRE 33 CIDADES

Volta Redonda, Barra Mansa, Pinheiral, Resende, Quatis, Porto Real, Itatiaia, Angra dos Reis, Paraty, Mangaratiba, Rio Claro, Três Rios, Paraíba do Sul, Areal, Valença, Vassouras, Rio das Flores, Barra do Piraí, Piraí, Itaguaí, Queimados, Nova Iguaçu, Nilópolis, Mesquita, Belford Roxo, Comendador Levy Gasparian, Engenheiro Paulo de Frontin, Japeri, Mendes, Miguel Pereira, Paracambi, Sapucaia e Seropédica.

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