Sassaricando – Oscar Nora – 8 de janeiro de 2022

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Foto: Dreamstime.com

Em 2005, o Corinthians venceu o Campeonato Brasileiro; com 22 gols, Romário foi novamente o artilheiro. Naquele ano brilharam quatro estrangeiros: Carlitos Tévez do Corinthians, Petković do Fluminense, Diego Lugano do São Paulo e Gamarra do Palmeiras. No torneio foram revelados grandes jogadores como Fred e Rafael Sóbis.
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Mas tudo isso poderia em boa parte ser diferente, caso o Presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva não tivesse determinado a anulação de 11 jogos do torneio. A caneta de Luiz Zveiter ficou nervosa, quando fortes indícios revelaram que o árbitro Edílson Pereira de Carvalho comandava esquema de manipulação de resultados no Campeonato Brasileiro.
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No GP/Japão/1989, Ayrton Senna e Alain Prost mais uma vez brigavam pelo título. Na última volta do circuito de Suzuki, o brasileiro tentou a ultrapassagem por dentro da chicane e Prost atingiu a lateral do carro de Senna que, ainda assim, continuou a prova. Fiscais ajudaram o francês a movimentar o carro, mas Senna venceu a corrida, porém foi desclassificado por Balestre. Também francês, o diretor da prova confessou, anos depois, que decidiu a favor de Prost para favorecer seu conterrâneo.
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Fred Lorz não mordeu a medalha de ouro da maratona de Saint Louis/1904. Quando ia morder, descobriram que ele vencera a maratona porque disputou a metade da prova no carro do seu empresário. E o Ben Johnson? Lembra? Então, o homem-bala era viciado em doping e perdeu medalha e a reputação. Tem safadeza até de cabeça feita. Em 2000, o time paraolímpico espanhol teve que devolver suas medalhas de ouro, ganhas na modalidade basquete para cadeirantes, que só aceita jogadores com deficiência mental. Entretanto, 10 dos 12 atletas da terra de Cervantes não tinham qualquer deficiência mental.
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A corrupção no esporte é uma realidade e está dividida em corrupção nas competições e corrupção de gestão. No primeiro caso estão incluídos o doping e a manipulação de partidas, ou seja, resultados combinados e corrupção em apostas. No segundo, os rombos nos cofres do clube, a compra e venda de atletas, ordens maldosamente descabidas e por aí adiante.
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Até o educadíssimo Rubens Barrichello, injustamente ironizado como devagar se vai ao longe, já esteve nessa onda como vítima. No Grande Prêmio da Áustria de 2002, após liderar grande parte da prova, Rubens foi obrigado pela equipe Ferrari a ceder o primeiro lugar a seu companheiro de equipe, Michael Schumacher, a poucos metros da linha de chegada.
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Na década de 50 do último século, Central SC e Royal SC, ferrenhos adversários em Barra do Piraí, sempre decidiam o campeonato local no campo de um deles, escolhido por sorteio. Jogar no seu próprio campo era uma vantagem porque tudo terminava em esplêndida pancadaria. Na escolha do campo, duas bolas de bilhar – verde do Royal e vermelha do Central – eram colocadas num pequeno saco e uma delas solenemente retirada pelo presidente da Liga que torcia por um dos clubes. Aliás, o clube que sempre vencia. Sua excelência não tinha dificuldade em tatear a bola do seu clube, antes, com cuidado, e só ela, armazenada no congelador da geladeira.
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Diante do exposto não há o que contestar sobre a opinião das pessoas ouvidas em enquete sobre a corrupção no esporte e sobre quais são as mais frequentes: corrupção financeira (34,6%), assédio sexual (23,7%), manipulação de resultados (19,2%) e endividamento (9,9%). Além disso, 76,8% acreditam que a falta de integridade e boa gestão afetam sua paixão pelo esporte.

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