Quatrocentos e nove pessoas foram vítimas de estupro na região Sul Fluminense em 2017

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Amanhã é comemorado o Dia Internacional da Mulher e o A VOZ DA CIDADE apresenta hoje um conteúdo mostrando que apesar de tantas conquistas, ela ainda é vítima de uma sociedade machista, onde uns se aproveitam da fragilidade, por meio da força, em beneficio próprio. Segundo levantamento feito no site do Instituto de Segurança Pública (ISP), da região Sul Fluminense, Volta Redonda foi a cidade que liderou o ranking no número de casos de estupros registrados no ano de 2017. Angra dos Reis e Barra Mansa vem em seguida, com 51 e 49 casos, respectivamente. Em 22 cidades da região pesquisadas, 409 pessoas (mais de 95% mulheres) foram vítimas de violência sexual.

Resende foi a quarta cidade na pesquisa, com 47 casos; Barra do Piraí, com 31; Valença com 27 registros; Miguel Pereira, Paty do Alferes e Levy Gasparian, com 19 casos somando os três municípios; Paraty com 17; Mangaratiba, 16; Itatiaia com 15 registros; Vassouras e Três Rios com 13; Piraí com dez, assim como Paraíba do Sul; nove em Pinheiral; Rio das Flores oito; Porto Real e Quatis seis; e por último, com menos casos, Rio Claro e Engenheiro Paulo de Frontin, cada uma delas com cinco.

O A VOZ DA CIDADE conversou ontem com o delegado adjunto da 93ª Delegacia de Polícia, Marcelo Russo, para saber por que o número no município é tão expressivo. “Acredito que as festas acabam propiciando muito esses casos; muitas vezes pela erotização precoce das crianças”, comentou; acrescentando que as principais vítimas são crianças menores de 14 anos. “Esse número ganha até mesmo das mulheres já com idade acima dos 18 anos”, ressaltou o delegado.

Russo explica que normalmente o estupro de vulnerável acontece muitas vezes com parentes bem próximos, como pai, primo, avó. Ele conta também que nem sempre são mulheres as vítimas. “Em janeiro teve o caso de um menino, menor, que foi vítima da madrasta. São pessoas que têm contato dentro do lar. Esse menino foi violentado em janeiro. Já em fevereiro, tivemos o caso de uma menina que foi abusada pelo avô. São pessoas que convivem normalmente, no mesmo ambiente”, disse Russo.

Questionado sobre os cuidados, ele disse que isso vem de casa e conta o que deve ser evitado. “Não incentivar sentar no colo, não tomar banho e dormir. A família deve tomar muito cuidado nesses momentos que são quando ocorre normalmente o abuso”, explicou Russo, dizendo que nestes casos, assim como nos demais, as pessoas devem procurar a 93ª DP e a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam); ambas no Aterrado.

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Além dos casos de estupros registrados com as mulheres, a violência também é um trauma que pode ser levada por toda a vida, seja ela sexual ou psicológica. Em 2015 e 2016, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação online do Ministério da Saúde (SinanNet) registrou um total de 46.694 casos notificados de violência interpessoal e autoprovocada em todo o Estado do Rio de Janeiro, sendo 31.930 do sexo feminino.

Segundo informações da Prefeitura de Barra Mansa, o município, durante o ano de 2016, registrou 357 atendimentos no sistema. Dados do Dossiê Mulher 2017 apontam que na cidade, mais de 1,3 mil mulheres sofreram algum tipo de violência. Aproximadamente 466 deram queixa sobre lesão corporal dolosa, 492 sofreram ameaças, 285 foram vítimas de violência moral e houve registro de 18 estupros.

Ainda no ano passado, a 90ª DP registrou 480 casos de violência doméstica para 65 atendimentos realizados no Centro de Referência Especializado de Assistência Social. Segundo a psicóloga Cristiane Cunha, no total, o Creas realizou 234 atendimentos, considerando que alguns casos replicam nos diversos tipos de violência (psicológica, verbal, física, sexual, financeira e patrimonial). “A divergência no número de atendimento ocorre porque muitas mulheres fazem o registro na delegacia, no entanto não procuram o órgão especializado para atendimento, acompanhamento e outros encaminhamentos”, explicou.

Ela diz que a vítima chega extremamente fragilizada a delegacia para efetuar a denúncia e, muitas vezes, acredita que a questão se encerra ali, “o que não procede, pois a mulher precisa de atendimento especializado para recompor e retomar a sua vida”.

O Creas funciona de segunda a sexta-feira, de 8 às 17 horas, na Rua Santos Dumont, 126, no Centro; ao lado do Ministério do Trabalho.

Projeto ‘Cavalheiros Pela Paz’

A Prefeitura de Barra Mansa, por meio da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, lança às 19 horas de hoje, o Projeto Cavalheiros pela Paz. O evento será realizado na sede da Ordem dos Advogados do Brasil, situada na Rua Cristóvão Leal, 65, Centro, e integra a programação do Dia Internacional da Mulher. A principal atribuição do programa é atuar com homens multiplicadores de informações e ações de combate à violência contra a mulher.

De acordo com a secretária de Assistência Social e Direitos Humanos, Ruth Coutinho, a Rutinha, o projeto tem como objetivo estimular o debate sobre o papel do homem na prevenção à violência contra a mulher, incentivar a liderança e a participação masculina na discussão do tema e promover debates nos mais diferentes meios de atuação dos Cavalheiros da Paz. “Inicialmente são cerca de 20 homens que estarão difundindo a importância de uma sociedade de paz nos espaços onde desempenham suas atividades, seja profissional, familiar, religiosa, de lazer e entretenimento”, concluiu.

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