Lei Maitê Tavares pretende esclarecer sobre a Insuficiência Istmo Cervical

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BARRA MANSA

Maitê Tavares tem cinco anos de idade, completados nesta quinta-feira, e já deu nome a uma lei. Os vereadores de Barra Mansa aprovaram neste dia 15 um projeto de lei que inclui no calendário do município a Lei Maitê Tavares, que cria o Dia Municipal de Conscientização a Insuficiência Istmo Cervical. A doença impossibilita a mãe de chegar ao final da gestação.

Aline Cristina Tavares da Silva Gonçalves foi quem teve a iniciativa da lei. Antes do nascimento de Maitê, teve cinco perdas gestacionais. “Falo que ela é meu arco-íris, veio para alegrar nossa família. Lógico que não esqueço dos meus cinco anjos, que me sustentaram para que nunca desistisse, mas Maitê apagou todas as dores que senti. Falar dela me emociona, significa que tudo que o passei valeu a pena”, disse em entrevista ao A VOZ DA CIDADE.

O objetivo do projeto, que seguirá para análise do prefeito Rodrigo Drable, é promover a divulgação, prevenção, esclarecimento e conscientização sobre a doença, que afeta uma quantidade significativa de gestantes. Na câmara, a autoria foi da vereadora Luciana Alves.

O projeto prevê que em todo o dia 15 de junho sejam realizadas atividades e campanhas com a divulgação de informações sobre a Insuficiência Istmo Cervical (IIC). Esses eventos devem ocorrer nos órgãos da administração pública direta e indireta, nas unidades de saúde públicas e privadas, maternidades e unidades de saúde da mulher de Barra Mansa. “A descoberta prematura da Insuficiência Istmo Cervical é essencial para seu correto tratamento. Muitas mulheres só descobrem a fragilidade uterina após duas ou três perdas gestacionais, como nossa amiga Aline Tavares, que perdeu cinco bebês até ter o devido tratamento e conseguir realizar seu sonho de ser mãe com o nascimento da Maitê, que hoje faz aniversário”, afirmou Luciana.

Foram oito anos de perdas de filhos. Aline disse que nunca pensou em desistir de ser mãe. Ela, que é professora, alertou que a falta de informação até mesmo nos profissionais, faz com que muitas mulheres tenham perdas seguidas que são colocadas como normais. “Na segunda vez que perdi minha criança o médico disse que era normal e eu imaginava que não era e fui procurar saber. Nesse período de tentativas sofri negligência médica, violência obstetrícia, mas tive também muito acolhimento e fui procurar saber mais sobre a doença. Na gravidez da Maitê fiz uma cerclagem definitiva com o Dr. Ricardo Barini, especialista de Campinas. A cirurgia foi pelo SUS, consegui me inscrever no programa. Era uma cirurgia cara e em 2018 ainda pouco falada. Foi graças a isso que consegui ter a Maitê. Na minha gestação tive pré-eclâmpsia, que não teve nada a ver com a IIC. Minha filha nasceu prematura de sete meses e ficou 35 dias na UTI”, lembrou.

Aline disse que quatro dos seus cinco filhos que morreram  foram tão sonhados que tiveram nomes: Cauê, Antony, Isaque e Maria Vitória. A outra perda foi com dez semanas e não foi possível saber o sexo.

TRABALHO DE ALINE

Vendo a falta de informação que girava ao redor do tema, Aline começou a participar de grupos que falavam sobre a doença. Descobriu que 1% da população mundial sofre de IIC. Conheceu uma amiga, Ana, de São Paulo, e elas criaram o Instagram @conscientizacaodaiicoficial. Ambas já tinham lançado livros sobre o assunto. O da Aline se chama Eu venci, sou mãe. Ele foi lançado de maneira digital e ainda será impresso. Ele está em busca de parceiros.

PROJETO NO ESTADO

Além de Maitê Tavares ter uma lei em Barra Mansa ela pode ainda ser nome de uma iniciativa no Estado. Aline Tavares procurou o deputado Danniel Librelon no ano passado e apresentou o projeto que foi abraçado por ele. A iniciativa tramita na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e será, se aprovada, nos mesmos moldes da de Barra Mansa.

“Costumo dizer para as mães que não devem desistir dos sonhos, ter fé em Deus. Além disso, precisamos saber que informações salvam vidas e por isso temos feito esses trabalhos”, finaliza.

A IIC

A Insuficiência Istmo Cervical é uma fragilidade do colo uterino, que impede a sustentação do peso do feto. As mulheres que possuem a insuficiência têm uma dilatação indolor do colo uterino, o que leva a partos prematuros extremos ou abortos tardios. O tratamento para a doença consiste no procedimento de cerclagem do colo uterino. A cirurgia pode ser realizada na fase pré-gestacional ou durante a gravidez, pela via vaginal ou abdominal. Por isso, a importância da conscientização sobre a doença e o diagnóstico prematuro.

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