É como se uma história triste, que ninguém deseja recordar, fosse contada novamente. Onze anos após um dos maiores desastres climáticos do país, o cenário de tragédia volta a assolar Petrópolis. Em 2011, as fortes chuvas atingiram além do município, Nova Friburgo e Teresópolis. Cerca de 30 mil famílias ficaram desabrigadas e mais de 900 pessoas morreram. Algumas, inclusive, se encontram desaparecidas até hoje.
Antes disso, em 1988, o município serrano passou por outro desastre natural. 134 pessoas morreram. Na ocasião, também ocorreram deslizamentos e desabamentos. Não foi fácil, mas o povo petropolitano se reergueu. Mostrou a sua força e reconstruiu a sua história.
No entanto, na tarde do último dia 15 de fevereiro, o episódio que a população mais temia voltou a se repetir. Uma chuva atípica transformou Petrópolis em um verdadeiro caos. Sonhos e conquistas de uma vida inteira foram levados junto com a enxurrada. Carros foram arrastados e encostas desceram, carregando casas e soterrando pessoas. Sobreviventes procuravam com as próprias mãos seus familiares, enquanto outros tentavam recuperar um pouco do que sobrou. Um cenário de tristeza, uma catástrofe cujas imagens são de uma angústia abissal, com ônibus e carros sendo engolidos pela tromba d’água e vidas se perdendo na lama.
Considerada como incomum pelos especialistas, a precipitação registrada em apenas quatro horas atingiu a marca de 200 mm, chegando a cerca de 20 mm a cada dez minutos. O retrospecto das médias do mês de fevereiro é de 240 mm. Em poucas horas, choveu o equivalente a quase trinta dias.
O volume de chuva assusta, mas não isenta o poder público de reforçar o planejamento de novas políticas habitacionais, para que as pessoas deixem de construir e morar em áreas de riscos. Paralelo a isso, também é muito importante investir ainda mais em alertas que comuniquem situações de emergência, permitindo que a população tenha tempo suficiente para deixar suas casas.
Com o aquecimento global, a tendência é de que durante os próximos anos, ocorram chuvas ainda mais intensas e concentradas. Mudanças climáticas podem alterar as precipitações, provocando temporais diluvianos em poucas horas.
Diante dos acontecimentos em Petrópolis, algo precisa ser feito. Não é justo que tantas pessoas, de tempos em tempos, tenham suas conquistas completamente destruídas.
Que nos mesmos corações, hoje enlutados, haja esperança para construir um futuro feliz. Precisamos nos unir para ajudar as vítimas e pensar e agir para evitar novas tragédias. Um dos deveres mais sagrados do ser humano é o dever do encorajamento. E assim, concluo esse texto com o desejo de homens e mulheres do Brasil inteiro: força, Petrópolis!