A contribuição histórica dos povos indígenas

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Em um momento em que muito se fala sobre a demarcação das terras indígenas e das ações de garimpo ilegal em áreas de conservação, devemos ressaltar a importância de enxergar essas questões por uma ótica de respeito à identidade cultural, ampliando a representatividade desses povos. A postura colonialista precisa dar espaço a uma conduta de reconhecimento e valorização.
Pensando nisso, me recordo do legado de alguns estudiosos do tema. Há décadas antes do agravamento atual que assistimos, muitos pesquisadores se aprofundavam no contexto das comunidades indígenas, trazendo o importante alerta sobre a abordagem superficial com que aprendemos sobre as narrativas da contribuição histórica de povos tradicionais. Devemos temer o  distanciamento da realidade, justificado erroneamente pelo contato fragmentado e distorcido com as nossas raízes e origens.
Para que um país construa a sua identidade, é necessário eliminar qualquer tipo de segregação, fazendo valer a compreensão de que somos parte de um todo, sob uma perspectiva de integração e fortalecimento.
Ainda que demarcados, os territórios indígenas não estão totalmente protegidos e livres de ameaças. No entanto, é notório que a ausência de delimitação deixa esses espaços vulneráveis a invasões. Precisamos repensar as formas de fiscalização para que a integridade dos territórios indígenas seja garantida.
Reconheço a relevância do agronegócio e a sua considerável contribuição como uma das principais forças de sustento econômico, mas também acredito na convivência harmônica e na defesa justa dos interesses.
Um bom exemplo da luta pela manutenção da cultura indígena e da preservação das florestas que subsidiam a sobrevivência desse povo é o Cacique Raoni Metuktire, líder da etnia caiapó. Desde os 15 anos, Raoni começou a instalar o “labret”, conhecido também como “botoque”, uma espécie de adorno de madeira colocado na parte inferior os lábios. Esse acessório caracteriza e identifica os guerreiros, porta-vozes do seu povo, aqueles que falam em defesa da cultura que carregam e compartilham com todos nós.
É esse tipo de luta e inspiração que nos motiva a continuar. Vozes como a do Cacique Raoni não serão apagadas pelo tempo. Contribuições como essa se manterão vivas e presentes. Afinal, para  respeitar, precisamos conhecer. E quando conhecemos e desenvolvemos a visão de pertencimento e união, não fomentamos o preconceito. Só assim será possível ter orgulho real da nossa identidade.

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