SUL FLUMINENSE
Cobranças no trabalho, na vida pessoal. Doenças como a ansiedade e a depressão tem sido consideradas o mal do século. Em resposta a isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a síndrome de burnout como enfermidade, o que atesta o distúrbio como caso clínico. Mas o que seria essa síndrome e qual a diferencia entre ela e quadros de estresse e ansiedade?
De acordo com o psicólogo Michael da Silva, todos passamos por situações naturais, que podem ser negativas ou positivas. “Toda vez que percebemos uma situação de perigo ou ameaça, seja real ou imaginária, o organismo se adapta para enfrentá-la. Essa adaptação, chamamos de estresse. Toda vez que percebo um fato que, na interpretação, gere ameaça, o corpo se arma para enfrentar, se defender ou para atacar”, explica Michael.
O problema se torna quando nossa percepção sobre os acontecimentos é modificada. “Quando interpreto que vou enfrentar um ‘leão’ e no momento é uma ‘formiga’, acometo o organismo de uma sobrecarga de energia desnecessária, que chamamos de estresse negativo”, exemplifica, apontando que em ambos os casos os sintomas imediatos são descarga de adrenalina, baixa das taxas de oxigênio, aumento do ritmo cardíaco, sudorese, tensão muscular e pupila dilatada. Já os sintomas para casos crônicos de estresse negativo envolvem ansiedade, insônia, tristeza, cansaço, taquicardia, hipertensão, problemas gastrointestinais, depressão, dor nas costas e cefaleia. Enquanto isso, a ansiedade é basicamente o medo do que é apenas uma hipótese com chances de se cumprir ou não.
Síndrome de burnout
Ligado a estes dois fatores, aparece a síndrome de burnout, reconhecida pela OMS, que aponta que os quadros devem, necessariamente, estar ligados à vida profissional. Ou seja, trata-se do estresse crônico ligado à carreira, com a sensação de um desgaste físico e emocional, gerando a sensação de incapacidade, por uma sobrecarga de tarefas. A combinação entre a ansiedade e o estresse, junto a mais uma série de sintomas, pode enquadrar um caso de burnout.
A síndrome confere um cansaço extremo que vai além do físico. Como parâmetro, pode se dizer que a exaustão física pode ser curada por uma ou mais noites bem dormidas e até períodos de descanso como as férias. Já o emocional é mais insistente, podendo andar junto com a insônia, baixa imunidade, visão pessimista, dificuldade de executar tarefas, baixa produtividade e outros fatores que variam de pessoa para pessoa.
Para prevenir incidentes pequenos ou grandes, as empresas deveriam se posicionar quanto ao assunto. Isso envolve desde respeitar as leis e os horários de trabalho até inclusão de atividades de lazer, incentivo à prática de exercícios e à boa alimentação, além do estímulo de se realizar um check-up médico periódico.
O diagnóstico da Síndrome de Burnout é feita por profissional especialista após análise clínica do paciente. O psiquiatra e o psicólogo são os profissionais de saúde indicados para identificar o problema e orientar a melhor forma do tratamento, conforme cada caso. Muitas pessoas não buscam ajuda médica por não saberem ou não conseguirem identificar todos os sintomas e, por muitas vezes, acabam negligenciando a situação sem saber que algo mais sério pode estar acontecendo.
Amigos próximos e familiares podem ser bons pilares no início, ajudando a pessoa a reconhecer sinais de que precisa de ajuda.
No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) está apta a oferecer, de forma integral e gratuita, todo tratamento, desde o diagnóstico até o tratamento medicamentoso.
Tratamento
tratamento da Síndrome de Burnout é feito basicamente com psicoterapia, mas também pode envolver medicamentos (antidepressivos e/ou ansiolíticos). O tratamento normalmente surte efeito entre um e três meses, mas pode perdurar por mais tempo, conforme cada caso. Mudanças nas condições de trabalho e, principalmente, mudanças nos hábitos e estilos de vida. A atividade física regular e os exercícios de relaxamento devem ser rotineiros, para aliviar o estresse e controlar os sintomas da doença.
Após diagnóstico médico, é fortemente recomendado que a pessoa tire férias e desenvolva atividades de lazer com pessoas próximas – amigos, familiares, cônjuges, entre outros.