SUL FLUMINENSE
Foi positiva a reunião entre os representantes dos caminhoneiros e o governo federal obtendo a promessa de que o governo vai reforçar a fiscalização do cumprimento da tabela de preços mínimos do frete rodoviário e, ainda, amenizar o impacto da alta do diesel na tabela do frete. Em reunião com caminhoneiros autônomos nesta segunda-feira, dia 22, o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Bento de Freitas, se comprometeu a fazer com que o reajuste do combustível permita reajuste imediato e compatível, na tabela do frete. Em vigor desde 2018, a tabela do frete já assegurava esta iniciativa, porém a partir de percentual de 10% de reajuste do diesel, e o que vai mudar é que a qualquer percentual a tabela também terá alteração protegendo a fonte de captação de renda dos profissionais.
O governo chegou a citar ainda que estuda eliminar multas desnecessárias aos caminhoneiros, porém sem especificar quais e de que forma procederia para isso. O encontro em Brasília selou praticamente as negociações entre o governo federal e os representantes do movimento dos caminhoneiros, que chegaram a ameaçar mobilização nacional para o dia 29. Com o desfecho do encontro com Tarcísio Freitas, os líderes do movimento que já asseguravam ser improvável uma nova greve, agora garantem não ter qualquer sentindo incitar novos atos.
Para a direção do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas do Sul Fluminense (Sinditac), a reunião reforça que a categoria busca apenas melhores condições de trabalho e ter a garantia de que a tabela do frete seja cumprida. “Essa questão da tabela acompanhar a alta do diesel já estava previsto na lei, mas acredito que teremos uma margem menor para que isso aconteça, ou seja, a qualquer reajuste, mesmo inferior a 10%. O valor do óleo diesel será referencial para a tabela do frete mínimo, que também precisa ser respeitado pelas empresas transportadoras. Nossos representantes cobram mais ação da ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres) e da Polícia Rodoviária Federal. As empresas precisam ser submetidas à fiscalização eletrônica no ato da emissão da nota fiscal da carga. isso evita prejuízos aos profissionais. As empresas da região Nordeste é uma das mais problemáticas”, comenta Francisco Wilde, presidente do Sinditac.
MOBILIZAÇÃO DESCARTADA
De acordo com o Sinditac Sul Fluminense, os profissionais da região não projetavam realizar novos atos contra a alta do combustível em virtude das negociações em curso com o governo federal. Após a reunião desta segunda-feira, 22, a ação perdeu ainda mais força. “Não tem movimento de greve algum, nem sabemos de onde esses assuntos surgiram na semana passada, porque os líderes de nosso movimento não pleiteavam essa hipótese. Temos a tabela do frete mínimo vigente e o diesel a cada reajuste sendo acompanhado do valor do frete. A tabela esta sendo cumprida, já não existiria mesmo e agora então, não terá greve, paralisação na região”, afirma Francisco Wilde, que conta com cerca de nove mil associados ao Sinditac, em 17 municípios no Sul Fluminense.
Após o encontro com o ministro de Infraestrutura, os líderes da categoria, representados pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), afirmaram que as bases foram acalmadas e que apesar de não ter ocorrido um acordo, mas um compromisso, a agenda foi positiva e que a tabela de frete será fiscalizada. Segundo Diumar Bueno, presidente da CNTA, o governo desconhecia algumas questões pontuais sofridas pelos caminhoneiros e firmaram o compromisso de que a tabela será fiscalizada. “Esse compromisso deve acalmar as bases e não deve haver paralisação neste momento”, disse.
DIESEL E O FRETE MÍNIMO
A CNTA afirmou que a promessa do governo é de que a tabela do frete mínimo rodoviário será reajustada de acordo com as mudanças do preço do diesel. O primeiro reajuste seria feito até o próximo dia 29, de acordo com as alterações que o valor do combustível sofreu desde o início do ano. Segundo Bueno, o governo ficou de calcular quanto será essa mudança e reiterou que a categoria está confiante nesse governo.
As discussões sobre o valor do frete e do preço do óleo diesel, tendo como fundo possíveis mobilizações, tiveram início no dia 12, quando a Petrobras anunciou o reajuste de 5,7% no preço do óleo diesel, mas desistiu horas depois. A alta no preço do combustível seria a maior desde que o início do governo do presidente Jair Bolsonaro. O presidente chegou a ligar para Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras, questionando a iniciativa da estatal. O episódio provocou queda nas ações da Petrobras, prejuízo de R$ 32 bilhões em valor de mercado. Os caminhoneiros pressionavam o governo com rumores de nova greve.
No dia 16, o governo federal anunciou um pacote de medidas para atender o setor de transporte de cargas. Entre elas, liberou R$ 500 milhões para uma linha de crédito aos caminhoneiros através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Cada profissional poderá pegar empréstimo de até R$ 30 mil para a manutenção de veículos e compra de pneus. Além disso, também foi anunciada uma verba de R$ 2 bilhões para obras em estradas. As novidades, entretanto, não agradaram a toda a classe que reiterou a intenção de nova mobilização nacional nas estradas.
Já no dia 17, a Petrobras anunciou reajuste de 4,8% no valor do óleo diesel, o que equivale ao aumento de R$ 0,10 no preço do litro aos consumidores. A pedido do governo federal, a Petrobras estendeu o prazo de reajuste do diesel com prazo não inferior a 15 dias. Anteriormente, isto ocorria em períodos curtos, como em sete dias. O reajuste voltou a inflamar e dividir os caminhoneiros, e uma ala projetava para o dia 29 uma nova paralisação. Mas, o grupo liderado pela CNTA manteve as negociações com o governo, chegando até a decisão desta segunda-feira, considerada positiva.
GOVERNO ACREDITA NO DIÁLOGO
O porta-voz da Presidência, general Otávio Rego Barros, disse nesta segunda-feira, que o governo não vê motivos para uma nova paralisação de caminhoneiros. Em declaração à imprensa no Palácio do Planalto, Rêgo Barros Barros ressaltou que o governo federal tem mantido um canal de diálogo aberto com representantes da categoria. “O governo tem atuado de forma proativa no gerenciamento dessa negociação com os profissionais do setor de transporte rodoviário, tão importantes na condução, por meio das artérias rodoviárias, da economia do nosso País. A expectativa do governo do presidente Jair Bolsonaro, que mantém, diuturnamente, um canal de ligação aberto com a categoria, é de que não há motivos para essa paralisação”, disse.
O general disse ainda que a categoria deve ser entendida como uma só, sem lideranças paralelas que prejudiquem eventuais acordos, o que segundo ele tem sido compreendido pelos caminhoneiros. “Dizer que A, B ou C é ou não e líder não nos parece importante. O diálogo é maior, é um diálogo de construção, é um diálogo de entendimento onde todos, caminhoneiros, responsáveis pelas empresas de transporte, governo e principalmente a sociedade, entendem a importância de que esse diálogo chegue a bom bordo. Este é o grande esforço que o governo vem realizando e vem entendendo que os caminhoneiros igualmente tem capturado essa percepção”, disse